𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭

͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒-𝗍𝗁𝗋𝖾𝖾

Pip sentiu os dedos de Singh no seu pescoço, acariciando sua pele, enquanto ela continuava a segurar a gola da camisa da morena. Quando se separaram por um instante, respirando pesadamente, aqueles sorrisos bobos do dia anterior estavam presentes novamente.

──── Eu... - Pip sussurrou, sem saber o que mais dizer.

──── Cale a boca, Pippa Fitz-Amobi - Cairo respondeu, os olhos suavizando, enquanto ela se inclinava novamente.

Seus lábios voltaram a ser colados com mais choques e fogos de artifício a cada contato delas.

Aos poucos Amobi deitava na cama enquanto Singh só podia acompanhar. Seus joelhos pressionavam o colchão macio, se encaixando ao redor da cintura da mais velha, como se o mundo ao redor desaparecesse e nenhum dos e-mails ou mensagens pareciam importante. Do que estavam falando mesmo?

A conexão entre as duas estava se transformando em algo mais profundo, algo que, apesar da tensão e do medo de ambos os lados, parecia impossível de ignorar. E, naquele beijo, Pippa sentiu que havia mais do que ela pensava. Muito mais.

Estavam de volta ao quarto bagunçado de Pip quando o ar foi embora de seus pulmões sem aviso prévio. As duas voltaram a se sentar enquanto aquele silêncio ensurdecedor preenchia o ambiente.

──── Será que tenho permissão para falar agora? - Perguntou Pippa, arrumando seus fios castanhos.

As bochechas de Singh queimaram enquanto ela assentiu, mordendo os lábios e voltando a se deitar de bruços bem em frente ao notebook.

──── Use bem suas palavras, sargento.

──── Essa foi a melhor pausa que já fiz desde o começo da investigação - Falou, mais suave do que queria, mas com a sinceridade que sempre buscava.

Escondendo aquele sorrisinho torto, Cairo abaixou a cabeça e voltou a brincar com os dedos.

──── E quem é a responsável por isso?

Amobi fingiu pensar, mesmo que a mais nova não pudesse vê-la. Logo se deitou ao lado dela, encarando o teto.

──── Uma tal de Cairo Singh, conhece? Uma que usa sarcasmo para tudo, tem olhos bonitinhos, joga futebol, é um completo pé no saco...

──── Ei! Você é um pé no saco e está roubando minha personalidade! Como faço para ter a antiga Pippa Fitz-Amobi de volta?

O olhar das duas se encontraram, iluminados pela tela do computador.

──── Simples, vai ter que me beijar mais.

E assim ela fez.

Já havia passado de seu horário para dormir quando Cairo foi embora da casa de sua parceira, deixando o quarto com um vazio gigante. Pip ficou ali por um tempo, o silêncio da casa ao redor dela se tornando uma presença imensa, como uma parede invisível.

Logo depois de Singh, sua cabeça era preenchida por tudo que Max Hastings deve ter feito nas festas do apocalipse. Já era seguro afirmar que alguém estava batizando as bebidas. Também já se pode ter certeza de que Max Hastings comprava Boa-noite, Cinderela de Andie exatamente nas festas onde a bebida era batizada. Coincidência demais, não é?

A manhã chegou mais cedo do que ela queria, o som do despertador cortando a quietude de seus pensamentos. Pip se arrumou rapidamente, os olhos ainda um pouco cansados, mas sem tempo para considerar os porquês de estar tão atordoada. Algo dentro dela não parecia certo.

Seguia o caminho de sempre, atravessando o centro para chegar até a escola. Sua mochila pesava em seus ombros mas nem parecia sentir, ficaram tensos depois de ver o carro da polícia. Daniel da Silva estava logo ao lado.