𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭

͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒-𝗍𝗁𝗋𝖾𝖾

Ao som da mastigação de seu irmão, ela caminhou até a despensa e pegou o pão de forma, colocando-o na torradeira com um gesto rápido. Em seguida, reuniu na bancada os ingredientes mais improváveis da geladeira, meticulosamente organizados. Exatamente como Sal fazia. E então, quando a torrada saltou da torradeira, foi como se tivesse sido transportada para seis anos atrás.

Com o pão no prato desenhado com girassois, o mesmo de seis anos atrás, Cairo pegou sua torrada e a cortou em quatro pedaços. Espalhou marmelada em um quarto, geleia em outro, manteiga no terceiro e coalhada de limão no último. Satisfeita, pegou um suco de maçã de caixinha e foi fazer companhia para seu irmão mais velho na mesa.

──── Achei que não comesse mais torrada assim - Ravi comentou, já na metade de seu sanduíche.

──── É... eu também não.

A cada mordida sentia algo diferente, como se cada pedaço da torrada pudesse, de algum modo, devolver um pedaço do passado. Ela sorria para Ravi, mas o toque suave dos lábios de Pippa parecia ainda pairar no ar, trazendo uma onda de calor inesperada.

Ao mesmo tempo, Pip abria a porta de casa. O som ecoava no silêncio familiar do hall de entrada, e ela parou por um momento, os dedos ainda tocando a maçaneta. O lugar parecia idêntico ao que ela deixou naquela manhã, mas algo dentro dela havia mudado.

Um sorriso involuntário brincava em seus lábios, enquanto o coração acelerava com as lembranças daquele beijo. Ela pendurou o casaco no gancho, ainda em um transe suave. As conversas do dia e as rotinas de sempre pareciam distantes; tudo o que realmente permanecia era a lembrança da conexão inesperada com Singh.

O silêncio ao redor dizia tudo: estava sozinha em casa, o que também significava que deveria estar na escola. O peito ainda apertado, mesmo que o sorriso de Cairo flutuasse em sua mente, tentando apaziguar seus pensamentos inquietos. Mas as ameaças continuavam a martelar em sua cabeça, mais altas do que nunca.

Esconder a mensagem daquele número desconhecido de sua parceira parecia apenas tornar as coisas piores, como se a qualquer momento pudesse explodir.

Sentiu a ponta do livro de registros pressionar sua costela. Ainda estava ali, encaixado sob seu braço. Como pôde esquecer? Se não fosse por ele, talvez nem tivesse ficado presa naquele quarto com Singh... e depois, no banheiro... Um calor subiu em seu rosto, mas Pippa balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos e recuperar o foco.

Precisa ver o que tem lá dentro.

Subiu as escadas logo depois de deixar os all stars no sapateiro, pulando os degraus de dois em dois apenas ouvindo o ranger da madeira. A adrenalina misturava-se à excitação que ainda sentia desde o beijo, mas agora a curiosidade tomava a dianteira, guiando-a diretamente para o quarto.

Assim que entrou, fechou a porta com cuidado, como se temesse que qualquer barulho pudesse revelar seu segredo.

Colocou o livro sobre a escrivaninha, sentando-se na cadeira logo em frente. O quarto estava silencioso, mas, de algum jeito, ela quase podia sentir a presença de Andie Bell ao seu lado, como no banheiro do hotel. A ideia de que aqueles registros poderiam estar preenchidos pela própria caligrafia de Andie, com a tinta de sua caneta, enviava um arrepio pela espinha de Amobi.

Estava a poucos passos de desvendar o mistério do Cara Mais Velho Secreto.

Passava as páginas com atenção, os olhos varrendo cada linha em busca de algo que chamasse sua atenção, talvez o nome de Andie ou o de Max. A essa altura, já estava quase certa de que Max Hastings tinha alguma ligação com tudo aquilo. Ele precisava ter. Mas, no final, não havia sinal da garota, nem vestígios do misterioso homem.