𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭

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Cairo fechou a porta com um baque suave, e as duas esperaram até estarem a pelo menos vinte passos da casa antes de Pippa comentar:

  ──── Bom, isso foi divertido. Obrigada por me acompanhar na minha primeira chantagem.

  ──── Sempre que quiser, sargento - Respondeu Cairo com um suspiro pesado. ──── Foi a minha primeira também… Mas parece que funcionou, não é? Descobrimos que Andie tinha um segundo celular, que Howie sentia coisas estranhas por ela, e que Max Hastings gosta de Flunitrazepam.

Pippa pegou o celular e abriu o aplicativo de fotos.

  ──── Vou salvar as fotos, caso precisemos chantagear o Howie de novo.

  ──── Ótimo - Singh murmurou, a voz mais distante, quase sem vida. ──── Mal posso esperar. Quem sabe posso adicionar chantagem ao meu currículo…

Amobi a olhou de canto de olho, sentindo a mudança de humor da garota. Era como se a vitalidade escapasse de seus olhos, deixando um vazio inquietante. Mas mesmo assim, havia algo nela que fazia o coração de Pippa bater mais forte, uma atração inexplicável. Ela sabia que não devia se aproximar tanto, mas não conseguia evitar.

  ──── Você já percebeu que usa o sarcasmo como escudo quando está mal?

Ela deu de ombros, tentando esconder o peso que carregava naquele momento, mas uma sombra de dor passou por seu olhar.

  ──── E você fica mandona e acha que sabe tudo - Retrucou Cairo, com um sorriso cansado.

Elas se olharam por um instante, e a dos olhos claros foi a primeira a desviar o olhar. Um silêncio pairou entre as duas, carregado de sentimentos não ditos, de uma atração que nenhuma das duas sabia se era recíproca. Então, de repente, o peso do momento virou leveza. As duas começaram a rir, como se toda a tensão se dissipasse naquele instante.

Pippa se apoiou no ombro damais nova, limpando as lágrimas que escorriam de tanto rir, e Cairo, mesmo em sua fase mais baixa, riu tanto que teve que se curvar, agarrando a barriga.

Riram até suas bochechas doerem, até os corpos implorarem por fôlego. Mas cada suspiro só fazia as duas voltarem a rir mais ainda, como se por alguns minutos, todos os pesos do mundo fossem irrelevantes.

As risadas finalmente diminuíram, deixando no ar apenas o som das respirações descompassadas. Pippa se endireitou, ajeitando o cabelo bagunçado e limpando o rosto das últimas lágrimas de tanto rir. Ela olhou ao redor e percebeu que as duas estavam a meio caminho entre a casa que haviam acabado de deixar e o destino final de Pippa.

  ──── Estamos quase na metade - Disse Pippa, suspirando. ──── Ainda preciso buscar meu carro na estação de trem.

  ──── A minha casa é mais perto... - Cairo murmurou, olhando para o caminho que levaria direto para o seu refúgio, onde ela poderia se esconder sob as cobertas e se desconectar do mundo. ──── Você quer que eu vá com você até a estação?

Pip hesitou, notando o cansaço em sua parceira. Mesmo sem saber por que, Amobi sentia que se aproximar de Singh, estar com ela, era onde ela deveria estar. Mas não queria pedir isso.

  ──── Acho que você deveria ir para casa descansar, Singh. Eu vou ficar bem sozinha, a estação não está tão longe assim - Disse Pippa, tentando soar convincente, embora o friozinho na barriga sugerisse o contrário.

A morena franziu o cenho, uma preocupação inesperada refletida em seus olhos. O pensamento de deixar Pip sozinha lhe causava uma inquietação que não podia ignorar.

  ──── Não quero te deixar sozinha - Cairo disse, surpreendendo até a si mesma com a sinceridade das palavras.

Por um momento, elas ficaram em silêncio, o som do vento entre as árvores enchendo o vazio entre elas. Elas se entendiam de maneiras que nenhuma das duas conseguia explicar, e talvez não precisassem.

  ──── Eu vou ficar bem, prometo — Insistiu, colocando uma mão suave no braço da garota. ──── Você precisa de um tempo pra você, e sua casa está logo ali. Eu só tenho que pegar o carro e volto para casa.

Singh respirou fundo, como se acumulasse forças para concordar.

  ──── Tudo bem, sargento. Mas me avisa assim que chegar, ok?

  ──── Claro, eu aviso.

Houve uma pausa estranha, como se o momento exigisse mais do que palavras. As duas se encararam por um instante e, antes que pudessem hesitar, Cairo abriu os braços, meio sem jeito, e Pippa se aproximou para um abraço.

O toque foi hesitante no início, como se ambas estivessem testando os limites do que aquilo significava. Mas, quando os braços de Singh envolveram Amobi com mais firmeza, ambas sentiram algo mudar. A mais nova deixou sua cabeça descansar no ombro de Pippa por alguns segundos, nem se invomodava de estar na ponta dos pés.

Era um abraço mais significativo do que o esperado, algo que dizia mais do que qualquer uma delas tinha coragem de admitir.

Quando finalmente se afastaram, os olhares de ambas estavam cheios de coisas não ditas, mas nenhuma delas ousou quebrar o silêncio.

  ──── Até mais - Murmurou Cairo, com um sorriso suave, mas ainda cansado, enquanto se virava para ir embora.

  ──── Até - Respondeu Pip, observando a morena se afastar pela rua até desaparecer na esquina.

Assim que ela sumiu de vista, Pippa suspirou, ainda processando o que aquele abraço tinha despertado nela. Estava prestes a seguir seu caminho até a estação de trem, mas uma vibração em seu bolso a impediu. Ela tirou o celular de lá, algo dentro dela estava esperando por uma mensagem da garota qu acabou de ir embora, mas não era ela.

A mensagem era curta, direta e fez o sangue gelar em suas veias:

“Sua vadia estúpida. Deixe isso para lá enquanto ainda pode.”

De um número desconhecido.

⟡    ֺ   𓂂  notes  !  ˚

OO1 :  Até eu tô agoniada com esse beijo que não sai, viu, mas prometo que daqui a pouco chega. O que vocês acharam?

OO2 :  Votem e comentem para me ajudar, vejo vocês no próximo capítulo.