͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗇𝗂𝗇𝖾𝗍𝖾𝖾𝗇

Começar do início
                                        

Estavam no carro, parada nos fundos do estacionamento da estação de trem, ouvindo os guinchos e grunhidos dos trens com destino a Londres ou Aylesbury a cada meia hora.

Pip contou tudo sobre a festa para Cairo, desde a invasão no quarto de Hastings até como ela descobriu sobre Howie, exceto pelo detalhe que mais a perturbava: o jogo da garrafa e a maldita pergunta que recebera. Sempre que Cairo tocava no assunto da festa, Pip desviava, nervosa, tentando não deixar transparecer a tensão.

Podia sentir que Singh já sabia de seu segredinho, mas continuava a esconder. Aquela pergunta continuou assombrando a garota mesmo depois de quase 24 horas. “O que ela faria? Beijar ou casar? Matar sequer era uma opção? Jamais mataria alguém, que jogo doente!”

Agora, no carro, a mais nova permanecia ao lado de Amobi enquanto observavam Howie à distância, mas seu cansaço era visível. Mesmo ali, cercada por adrenalina, a tristeza de Cairo era palpável, e Pippa lutava para focar na investigação sem deixar os pensamentos sobre a festa dominarem sua mente.

Os postes haviam acendido cerca de uma hora antes, quando o sol baixara, pintando Little Kilton de um azul cada vez mais escuro. As luzes eram de um tom amarelo vibrante e iluminavam a área com um brilho industrial perturbador.

  ──── Está vendo também? - Perguntou Pip em um sussurro, desligando a lanterna de seu celular enquanto semicerrava os olhos. ──── Acho que pode ser ele…

  ──── Bom… Ele parece um traficante, se serve de consolo - Cairo sussurrou de volta, se inclinando para frente no banco do passageiro, quase se escondendo.

Amobi repetiu o mesmo movimento, se escondendo atrás do volante enquanto apoiava suas costas na porta, não deixando nada bloquear sua visão.

O homem foi até o limite do estacionamento e se encostou na cerca, em um espaço escuro entre dois círculos de luz laranja. Elas o observaram, prendendo a respiração como se ele pudesse escutá-las.

Com a cabeça baixa, o homem sacou um celular do bolso. Quando o desbloqueou e a tela se iluminou, elas puderam ver seu rosto pela primeira vez: era ossudo e cheio de traços e ângulos retos, com uma barba escura, curta e bem cuidada.

Pip não era muito boa em adivinhar idades, mas o homem parecia ter uns vinte e tantos ou trinta e poucos anos.

Mas não era a primeira vez naquela noite que as garotas pensam ter encontrado Howie Bowers. Dois outros homens a fizeram se abaixar e se esconder para observar. O primeiro tinha entrado direto em um carro velho e ido embora. O segundo parara para fumar por tempo suficiente para o coração de Pip acelerar, mas depois tinha apagado o cigarro, entrado em um carro e ido embora.

  ──── Eu realmente espero que não seja só outro empresário feio, sargento - Singh se virou para Amobi, olhando seus movimentos.

  ──── Não tem como ele ser, os outros dois estavam de terno, já esse aí…

Cairo mordeu o lábio, voltando a encarar o homem do lado de fora.

Seus polegares trabalhavam sem parar na tela do telefone. Talvez avisando um cliente que estava esperando. Podem só estar tirando conclusões precipitadas, nada havia confirmado com certeza de que aquele era o Howie de verdade.

Pip pegou o celular, tentando esconder a luz com a tela voltada para a coxa. Rolou a barra de contatos até chegar em Howie Bowers e fez a chamada.

  ──── O que tá fazendo? - A morena ao seu lado perguntou, sua voz ainda mais baixa.

Com os olhos na janela e o polegar pairando sobre o botão vermelho de desligar, esperou. Seu nervosismo disparava a cada segundo.

  ──── Confirmando nossa vítima.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Onde histórias criam vida. Descubra agora