͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝖾𝗂𝗀𝗁𝗍𝖾𝖾𝗇

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Naquela tarde, a garota havia passado uma hora pesquisando gírias para maconha na internet. Tentou outra vez, baixando a voz para um sussurro.

  ──── Não uma pessoa. - Pip inclinou a cabeça, desviando o olhar para pensar melhor em suas palavras. ──── Queria fumar uma... brenfa?

  ──── Oi?

  ──── Tipo… Uma erva, um baseado, um dedo de gorila, um boldo, uma perninha de grilo, um beque. Você sabe do que estou falando. Ganja.

Ele caiu na gargalhada.

  ──── Ai, meu Deus! Você está muito bêbada!

  ──── Aham - Pip tentou imitar uma risadinha bêbada, mas soou meio vilanesca. ──── E aí? Você tem? Um cigarrinho do capeta?

Quando ele conseguiu parar de rir, analisou a garota de cima a baixo. Seu olhar demorou sobre os seios e as pernas pálidas da garota, que se contorceu por dentro; um ciclone pegajoso de nojo e constrangimento.

Ela deu um fora mental em Stephen, mas sua boca teve que permanecer calada. Estava infiltrada.

  ──── Tenho - Respondeu depois de um tempo, mordendo o lábio. ──── Posso enrolar um baseado para a gente.

Ele vasculhou os bolsos outra vez e tirou um saquinho de maconha e um pacote de seda.

  ──── Sim, por favor - Ela concordou, brincando com as mãos atrás do corpo. ──── Pode enrolar. Enrole como… hum, uma linha de pesca num molinete.

Stephen riu outra vez e lambeu uma ponta do papel, tentando manter contato visual enquanto sua língua rosada e curta estava para fora. Pippa desviou o olhar. Chegou a considerar que talvez tivesse ido longe demais por um projeto escolar. Mas não era só pelo projeto.

Era por Sal, por Ravi. Por Cairo. Pela verdade. Pip faria aquilo por eles. Por ela.

O garoto acendeu o baseado e deu duas longas tragadas antes de passá-lo para Amobi. Ela o segurou de forma desajeitada, entre os dedos do meio e o indicador, e o levou aos lábios. Virou a cabeça bruscamente para que o cabelo caísse sobre o rosto e fingiu dar algumas tragadas.

  ──── Muito bom - Comentou, devolvendo o baseado.

  ──── Você está bonita hoje - Ele elogiou, dando uma tragada e oferecendo o baseado outra vez.

Pip tentou pegá-lo sem que seus dedos tocassem nos dele. Deu outra tragada falsa, mas o cheiro era enjoativo, e ela tossiu ao fazer a pergunta seguinte.

  ──── Então… - Começou, devolvendo o baseado. ──── Onde posso comprar um pouco disso para mim?

  ──── Posso dividir com você.

  ──── Não, quer dizer, de quem você compra? Sabe… para eu poder entrar nessa também.

Ele deu de ombros, se aproximando mais da garota.

  ──── Com um cara da cidade chamado Howie.

  ──── E onde esse Howie mora? - perguntou, ajeitando sua roupa e usando o movimento como uma desculpa para se afastar.

  ──── Não sei. Ele não vende em casa. Eu o encontro no estacionamento da estação de trem, nos fundos, onde não tem câmeras.

  ──── À noite?

  ──── Normalmente, sim. Na hora que ele me manda mensagem.

  ──── Você tem o número dele? - Pip abriu a bolsa para pegar o celular. Ainda sem resposta de Cairo. ──── Pode… Me passar?

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now