͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝖾𝗂𝗀𝗁𝗍𝖾𝖾𝗇

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Antes que ela pudesse responder, alguém na roda soltou uma risada.

  ──── Não tem como ela matar o que já está morto, né? - Comentou um dos garotos, tirando risadas dos colegas ao redor.

Seu peito queimou, ela apertava tão forte as unhas em sua palma da mão que já podia sentir a pele rasgar.

  ──── E ela vai beijar quem? Cairo Singh? A esquisita? Ou melhor, a irmã do assassino? Ela com certeza é sapatão!

Mais e mais risadas. Foi a gota d'água.

O comentário foi como um soco no estômago, e Pip sentiu um nó se formar em sua garganta. Sem pensar, as palavras saíram como uma explosão.

  ──── Vocês não têm vergonha?! Ficam falando dos Singh como se eles fossem algum tipo de piada! Vocês sabem o que ela passou? Sabem o que a família dela enfrentou por causa de mentiras como essas? - Ela olhou ao redor, seus olhos faiscando de raiva. ──── A Cairo é muito mais do que ‘a irmã do assassino’. E vocês nem sabem do que estão falando!

A roda inteira ficou em silêncio. Alguns rostos estavam confusos, outros com vergonha, mas nenhum deles ousava encará-la de frente. A garota sentia o coração martelando, sua respiração rápida. Parte de sua raiva vinha da humilhação de terem exposto seus sentimentos ali, de forma tão cruel e pública, mas outra parte vinha do fato de que Cairo não estava ali para se defender. Ela nunca estava.

Ela virou-se e saiu da roda sem olhar para trás, ignorando os sussurros que começaram assim que ela deixou a sala. Assim que viu a oportunidade, Pip escapou até a pia da cozinha. Com um olhar furtivo ao redor, despejou o conteúdo do copo e o encheu de água, soltando um suspiro de alívio.

Sua cabeça latejava enquanto ela virava o copo de água em um gole só, sentindo o líquido esfriar sua garganta. Precisou se apoiar na pia, apertando o mármore também frio. Queria socar algo, socar aquele idiota.

Já havia até esquecido porque estava ali, queria realmente sair correndo e deixar a investigação para depois, mas só teria uma oportunidade. Ela se virou de costas para a pia, voltando a olhar aquele mar de gente na sala de estar.

Observou os dançarinos e os beijoqueiros entusiasmados, procurando por sinais de trocas de mãos sutis, pílulas ou mandíbulas mordiscando. Pupilas dilatadas demais. Qualquer coisa que pudesse lhe dar uma pista do traficante de Andie.

Dez minutos se passaram desde o fim do jogo da garrafa, e ela não havia notado nada de muito suspeito, além de um garoto chamado Stephen quebrando o controle remoto da TV e escondendo a prova em um vaso de flores. Seus olhos seguiram-no enquanto ele vagava pela casa, até chegar à área de serviço e depois à porta dos fundos, de onde puxou um maço de cigarros do bolso.

Claro, como não pensou nisso antes? Devia ter sido o primeiro lugar a procurar.

Com os cotovelos protegendo seu espaço, Pip abriu caminho pela casa cheia de adolescentes cambaleantes. Lá fora, o jardim estava mais vazio. Algumas sombras se mexiam na cama elástica, e uma Stella Chapman soluçava alto perto das latas de lixo. Dois adolescentes se balançavam em um balanço infantil, envolvidos numa conversa sussurrada e séria.

Stephen estava sentado em um muro baixo, com um cigarro na boca e vasculhando os bolsos. Amobi se aproximou com confiança, o coração acelerado pela tensão da missão.

  ──── Oi! - Disse ela, sentando-se ao lado dele no muro.

O garoto ergueu uma sobrancelha, surpreso, mas tirou o cigarro da boca.

  ──── E aí, Pippa? Tá perdida?

  ──── Na verdade, vim procurar... Mary Jane!

  ──── Mary Jane? Quem é essa?

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now