Enquanto esperava, a dos olhos claros analisou ao redor, tentando encontrar algum sinal que a ajudasse a entender o que a morena estava passando. Foi então que ela notou algo na mesa de cabeceira, algo que não havia visto antes.
Três pequenos frascos de remédios estavam alinhados ali, parcialmente escondidos atrás dos livros. Pippa franziu o cenho, desviando o olhar de Cairo por um momento, seus olhos fixos nos frascos. Os rótulos eram difíceis de ler na penumbra, mas o suficiente estava visível para que ela percebesse que não eram medicamentos comuns. Sua curiosidade falou mais rápido, e logo estava agindo sem pensar. Quando viu, tinha os três frascos na mão tentando ler o que diziam na etiqueta.
──── É transtorno bipolar - A voz da mais nova ecoou logo atrás dela, fazendo Pip pular de susto e mal entender suas palavras. ──── É só transtorno bipolar…
Ela piscou, tentando processar o que Singh havia acabado de dizer. Como não percebeu antes? A empolgação, como estava sempre interrompendo ou como se irritava rapidamente.
A menor deu de ombros ao receber a atenção da garota, a tristeza evidente em sua expressão. Ela segurava uma toalha em mãos, secando os fios ainda úmidos e já com outra roupa - bermuda, moletom sem capuz e meias brancas.
──── Eu sei que Ravi te contou que não tenho tomado os remédios, mas não é verdade… Tá, talvez seja. Olha, Sal não ligava para isso e gostava de mim do jeitinho que eu sou, sem ou com essa coisa aí. Ele gostava de mim de verdade, e eu não quero me esconder com remédios… Eu... não queria que as pessoas soubessem, porque eu sempre tenho medo de como vão reagir. Já acham que eu sou maluca, Pip…
Amobi sentiu uma onda de emoção tomar conta dela, mas permaneceu calma. Ela não sabia o que dizer imediatamente, mas sabia o que sentia: a revelação da morena não mudava nada sobre como enxerga a mesma. Se essa é a parte “feia” de Cairo, ela teria que se esforçar mais para assustar Pippa. A beleza dela jamais a assustaria.
Ela deixou os frascos laranja de lado e deu passos até a mais baixa, vendo como seus olhos brilhavam quando estavam cheios de lágrimas.
──── Eu nunca faria isso, Cairo. Eu não vou a lugar nenhum.
Singh olhou para ela, seus olhos ainda carregados de dúvida, mas com uma centelha de alívio começando a brilhar.
──── Não consigo controlar isso… Talvez seja melhor eu desistir e deixar isso nas suas mãos. A instabilidade não é um ponto positivo.
Queria abraçar ela e nunca mais soltar, guardá-la em um potinho de vidro e levar para casa. Ao em vez disso, apenas levou uma de suas mãos até o braço da garota coberto pelo moletom, apertando levemente.
──── Se me deixar sozinha, vou te assombrar todas as noites. Eu vejo você, Watson. Esse transtorno não vai apagar tudo o que eu vejo em você.
Cairo soltou um suspiro trêmulo, como se o peso de semanas estivesse finalmente começando a diminuir, mesmo que só um pouco.
──── Agora calce os sapatos, mesmo que isso demore muito - Pippa finalmente se sentiu segura para tirar a garota dali, a voz baixa e cuidadosa, sem querer pressionar.
Em poucos minutos já estava com os vans no pé, esticando a mão para receber ajuda de Pip para levantar. Aquele pequeno toque já disse mais que todas as palavras jogadas no ar. As duas trocaram um olhar que parecia carregar muito mais do que palavras poderiam expressar.
As duas sabiam que aquela paixão era mútua, mas era assustador demais apenas confessar tudo. Seria mais fácil negar até ser impossível. Pelo menos ainda tinham uma investigação para concluir.
──── Espera… - Cairo começou depois de pegar sua mochila no canto do quarto. ──── Disse que ela foi presa?
──── Aham.
──── Depois de uma briga?
──── É…
──── O que caralhos eu vou fazer lá?
──── Você sabe. Alguém para me acudir caso eu peça socorro.
──── Pippa, eu tenho um metro e meio, eu jamais conseguiria te ajudar. E não quero que você faça coisas realmente perigosas. Sal também não ia querer…
──── Vai dar tudo certo, Singh. Confia em mim! - Respondeu o mais suavemente possível.
Ela não disse mais nada e apenas confiou na garota.
Desceram as escadas devagar, cada degrau era um arrependimento diferente. Devia ter ficado na cama, já estava casada de novo e precisava dormir mais. Até mesmo chorar. Não seria uma boa ideia sair de casa.
Queria correr de volta para o quarto, o plano estava pronto em sua cabeça, mas então Pip olhou para ela com aquelas bolas de gude brilhante que havia em seus olhos. Também carregava um sorriso fraco nos lábios. O mundo ao seu redor sumiu e, de repente, tudo valia a pena.
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⟡ ֺ 𓂂 notes ! ˚
OO1 : Rapaz... Nem sei o que dizer... O que acharam??
OO2 : Votem e comentem para me ajudar, vejo vocês no próximo capítulo.