͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝖿𝗂𝗏𝖾

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No fundo, Singh também queria trabalhar naquilo, provar para a pequena cidade ou até mesmo para o mundo que seu irmão era inocente. Podia não trazê-lo de volta, mas talvez afastasse seus demônios.

Bem no fim do corredor, o único armário aberto enquanto todos estavam no refeitório, a morena mexia de forma apressada à procura de algo.

  ──── Por que não está no refeitório? - Perguntou Amobi, aproximando-se.

Em um baque, Cairo fechou o armário e olhou para a dos olhos verdes, usando os outros armários de apoio.

  ──── Minha entrada é quase proibida lá - Sussurrou dando de ombro.  ──── Achei que já soubesse disso, Pippa Fitz-Amobi.

  ──── Por que sempre diz meu nome inteiro?

  ──── Acho seu sobrenome legal.

Impressionantemente, Pip sentiu as bochechas corarem com aquele simples e bobo elogio, queria enfiar a cabeça em um buraco. Se Cairo havia percebido, não demonstrou, apenas esperou por uma resposta.

  ──── Podemos conversar lá fora?

  ──── É tão sério assim? Não vai me matar não, né? Senhor Ward acabou de nos ver na mesma sala, se meu corpo aparecer, Pippa Fitz-Amobi, vão saber que foi a assassina - Singh disse extremamente séria, mesmo não sendo séria em momento algum.

Falava bobagens como se fossem verdade, no fim só se achava muito idiota.

  ──── Não vou te matar agora, Cairo Singh, vão ser cinco minutos.

  ──── Tudo bem! Não é como se eu precisasse fazer algo depois, quanto mais tempo levar melhor. Vamos nessa, sargento!

Dito isso, começaram a andar pelos corredores até o lado de fora, mais especificamente para o jardim na frente da escola. Definitivamente estava mais vazio que o refeitório, mas ainda haviam alguns alunos ali, sentados na grama ou nos bancos perto da rua.

Como forma de segurança, ocuparam os degraus logo na frente da entrada, sem chamar atenção.

Amobi começou a brincar com os dedos, repassando o monólogo em sua cabeça. Então limpou a garganta e começou.

  ──── Eu sinto muito se a pergunta que eu fiz a deixou magoada, não devia ter perguntado tantas coisas assim de uma vez só. Sei que é um assunto sensível para vocês, mas realmente acho que seu irmão seria incapaz de matar alguém.

Desviando os olhos para baixo, Singh assentiu devagar, molhando os lábios antes de falar.

  ──── Tá… Tá tudo bem, Pip. Também sinto muito por como reagi, os últimos anos estão sendo malucos.

  ──── Eu mal posso imaginar, sinto muito que ainda precise estudar nesse inferno.

Aquele era um bom motivo para sentir muito. Pippa já presenciou todos os tipos de bullying possível com Cairo, os quais só pioravam à medida que ela ia crescendo. No começo pichavam seu armário ou derrubavam sua bandeja no refeitório, tudo isso no ano em que Sal e Andie morreram.

Talvez a garota tivesse esperança que aquilo acabasse, eram crianças bolinando uma criança, iam parar em algum momento. Mas não pararam, e só parece piorar.

A última vista por Amobi é inesquecível. Quatro garotos mais velhos seguraram Singh contra o antigo armário de seu irmão apenas para jogarem tinta vermelha sobre sua cabeça, dizendo que aquele seria o sangue de Andie, o qual estaria manchando os Singh para sempre. A sala de artes passou a estar sempre trancada.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now