͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗋𝖾𝖾

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Mais uma vez, tudo ficou quieto. Cairo podia sentir o choro vindo como um tsunami, precisava fechar os portões para não derrubar nenhuma lágrima. Traduzindo, precisava fechar a caixinha das memórias.

Tentando voltar ao clima anterior, Pippa limpou a garganta, mordendo o lábio antes de voltar para as perguntas.

  ──── Bom… precisamos de informações mais específicas, consegue lembrar quando a polícia entrou em contato com Sal?

  ──── Sábado à tarde - O mais velho tomou o controle das respostas mais uma vez.  ──── A polícia ligou para ele e perguntou se podiam vir até aqui para conversar. Chegaram por volta das três ou quatro da tarde. Eu e meus pais fomos para a cozinha para dar um pouco de espaço, Cairo estava no quarto, então não ouvimos quase nada.

  ──── Sal contou para vocês o que haviam perguntado?

  ──── Só um pouco, ele estava assustado com o fato de terem gravado o depoimento…

  ──── Gravaram o depoimento? Isso é normal?

  ──── Você é a detetive aqui, eu realmente não sei, mas disseram que é rotina. Perguntaram onde e com quem ele estava e como era o relacionamento com Andie.

  ──── E como era o relacionamento deles?

  ──── Sou só irmão dele, não via muita coisa. Mas, bem, Sal gostava muito dela, pelo menos era o que parecia, estava animado por estar com a garota mais bonita e popular da sala dele. Mas Andie estava sempre envolvida com dramas.

  ──── Que tipo de drama?

  ──── Não sei, só acho que ela era do tipo de pessoa que gosta de drama.

  ──── E seus pais gostavam dela?

  ──── Acho que sim, achavam ela legal e diziam que ela fazia bem para Sal e para Cairo, ela também nunca deu motivo para não gostarem dela.

  ──── E depois?

  ──── Os amigos de Sal vieram aqui depois do depoimento para a polícia, só para ver se ele estava bem.

  ──── Foi aí que ele pediu para eles mentirem para a polícia?

  ──── Acho que sim.

  ──── Bom, agora a gente entra em um tópico difícil e se vocês não quiserem falar sobre isso…

  ──── Só pergunta, Amobi, tá tudo bem - Cairo interveio, parecendo mais séria.

  ──── Certo… O que aconteceu no domingo?

Antes de continuar, Ravi limpou a garganta, dando um longo gole em seu chá super doce. Os olhos escuros caíram sobre a mesa, evitando qualquer contato visual.

  ──── Sal e os amigos se ofereceram para ajudar a pendurar cartazes e distribuí-los pela cidade, acho que foi só isso. Na segunda… Não o vi muito na escola, vi os policiais mexendo no armário de Andie e imaginei que ele estava tendo um dia ruim, obviamente. A namorada dele tinha sumido. Estava quieto, preocupado. Já no dia seguinte…

  ──── Podemos parar aqui - Sussurrou Pippa.

  ──── Não precisa, posso contar. Nós três saímos de casa cedo como sempre, fomos para a escola, Cairo sempre na frente e nós dois atrás. Lembro dela ter entrado primeiro, como de costume, depois eu entrei e deixei Sal no estacionamento. Foi a última vez que vi ele e tudo o que eu disse foi “até mais”.

Ele continuou depois de suspirar pesadamente:

  ──── Tinham policiais para todos os lados, achei que ele só queria tomar um pouco de ar e logo ia entrar. Lá pelas duas da tarde, Cairo estava saindo da escola e eu deveria levar ela para casa, foi quando minha mãe me ligou e disse que a polícia precisava muito falar com Sal. Acho que a polícia revistou o quarto dele. Eu levei Cairo para casa e também tentei ligar para Sal, mas tocava e ele não atendia. Meu pai recebeu a mensagem e Cairo encontrou ele na floresta atrás da casa quando foi brincar.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now