Capítulo 5

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Algo se infiltrou no sono profundo de Kalel e a trouxe à consciência. O som assaltou seus ouvidos novamente e ela voou para fora da cama, esquecendo-se da grande contusão que agora era seu corpo. Ela se arrependeu de suas ações no minuto em que seus pés tocaram o chão. O barulho penetrante e estridente ecoou novamente e, em seu estado confuso, a levou a pensar que alguém estava sendo assassinado. Ou pior. Ela dançou pela sala desconhecida em busca de sua Sig Sauer, confusa por não conseguir encontrá-la, até que a compreensão a atingiu e a memória dos acontecimentos do dia anterior irrompeu em sua mente. Recuperando-se rapidamente, seu primeiro pensamento foi em Lena, que ela precisava de ajuda.

Correndo para fora do celeiro em direção à casa, ela quase bateu no objeto de sua preocupação.

Uma expressão divertida cruzou o rosto de Lena enquanto Kalel a firmava. "Bom dia," ela disse calmamente.

"Você está bem?" Kalel segurou Lena com o braço estendido para uma inspeção preocupada.

"Estou bem." Ela examinou Kalel. "Você está bem?"

"O que?" Kalel deixou cair os braços ao lado do corpo e olhou ao redor, confusa, então percebeu que Lena devia estar se referindo à sua aparência. "Estou bem. Que diabos de barulho é esse?"

Lena se afastou de Kalel como se estivesse confusa. "Que barulho?"

Como se fosse uma deixa, o som horrendo cortou o ar novamente, penetrou nos tímpanos de Kalel e deixou seus dentes no limite, fazendo-a estremecer. " Aquele barulho! Que diabo é isso?!"

Lena reprimiu uma risada limpando a garganta. " Isso é um galo."

"O que diabos há de errado com isso?" A respiração de Kalel desacelerou.

"Nada. Os galos sempre cantam ao amanhecer."

"Por que?"

Lena inclinou a cabeça e olhou para Kalel sem acreditar. "Por vir de uma cidade que deveria estar à frente do tempo, você com certeza está reagindo de forma estranha." Lena acrescentou apressadamente: "Mas talvez você não tenha galos lá".

Kalel cruzou os braços. "Isso vai acontecer todas as manhãs?"

"Claro, bobo. É isso que os galos fazem."

Sua expressão não mudou. "Por que?"

Lena mexeu nervosamente nos ovos frescos em sua cesta e se concentrou em verificar se havia rachaduras em cada casca. "A Bíblia diz que o galo cantando ao amanhecer é um símbolo da vitória diária da Luz sobre as Trevas, do Bem sobre o Mal." Ela olhou para Kalel, que estava revirando os olhos. "Porque você fez isso?"

"A Bíblia. Uh-huh." Ela fechou os olhos com força enquanto o galo cantava novamente. "O que você acha de frango no jantar?"

* * *

Tudo bem, então ela não deveria ter feito o comentário sobre matar o galo, não que ela teria assassinado a ave se tivesse oportunidade. Mas levantar todas as manhãs antes mesmo do sol nascer seria um inferno. Seu relógio biológico era muito mais regulado para um horário de turnos alternados.

E que temperamento a senhorita Lena tinha. Kalel vestiu sua camisa jeans recém-lavada e abotoou. Era só uma pergunta. Kalel estava acostumada a trabalhar ainda no escuro, mas teria preferido começar suas 'tarefas' à tarde e trabalhar até tarde da noite.

Droga, esse envoltório doía. Ela esticou os músculos doloridos o máximo que pôde, com certeza de que a dor era dos ferimentos que seu corpo sofreu ao cair no chão e não da amarração em si. Ela esperava fervorosamente que não, sabendo que teria que conviver com o fato de ser embrulhada todos os dias, independentemente do desconforto. Ela também precisava de um banho completo. Com o pano e a tigela de água que Lena colocou em seu quarto algum tempo antes de acordar, Kalel limpou o mel que havia espalhado por todo seu peito durante uma noite de movimentos obviamente inquietos. Mas ela ainda se sentia pegajosa. E simplesmente nojenta em geral.

KARLENA - Candy Couldn't Be So SweetOnde as histórias ganham vida. Descobre agora