Capítulo 49

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CECÍLIA

São Paulo, 1 de julho de 2023

— João, você 'tá pronto? — perguntei entrando no estúdio que ele tinha em sua casa, do qual ele não saía faziam horas.

Eu carregava comigo uma blusa xadrez vermelha e preta e um par de botas que tinha escolhido para ele usar hoje, porque sabia que ele enrolaria até não poder mais e, no fim, acabaríamos atrasados.

— Oi? — ele falou tirando os olhos do computador e voltando-os para mim — Ai, meu Deus, não. Mas você tá linda com essas trancinhas.

— Sorte sua ter uma namorada dedicada que separou direitinho sua roupa. A Fran não vai ficar muito feliz se chegarmos atrasados depois de ter arrumado aquela chácara inteira para hoje a noite — falei entregando a camisa xadrez a ele

— Obrigado — ele disse ao pegar a camisa — Como foi lá arrumando as coisas do apartamento de manhã?

Ele se referia a organização de minhas coisas para a viagem.

Apesar de o voo estar marcado para o dia 2 de agosto — para que eu pudesse me ajeitar um pouco na Itália, antes de meu trabalho começar, no dia 10 —, eu precisava entregar meu apartamento na metade de julho para o homem que me alugou-o (e aí, eu passaria o resto dos dias no apartamento de João), então estava correndo para deixar tudo certinho.

— Foi bom. Já está quase tudo nas malas. Deixei só o essencial para fora. Aproveitei esse final de semana para adiantar tudo

Enquanto ele tirava a blusa que estava usando e colocava a outra, me aproximei do computador para observar no que ele trabalhava.

— O que é? — perguntei apontando para a tela

São Paulo, 2015 — ele disse enquanto abotoava sua roupa — É uma música nova que eu estou trabalhando... Ao que parece, a gente sentiu muita coisa parecida quando chegou aqui

— Como assim?

— "São Paulo, 2015" é um dos cabeçalhos do seu diário. Está em uma página que você conta como está nessa cidade — ele disse apontando para meu caderno

— Foi minha primeira escrita depois de me mudar — eu falo olhando para o que ele apontou

— Eu sei... Eu li tudo e me identifiquei muito. Espero que você não se importe de eu ter roubado algumas frases.

— Não, imagina! Eu fico feliz em ajudar — sorri

— Acho que tô pronto — ele falou após colocar a bota que eu havia deixado ali perto

— Quase — falei e fui correndo até seu closet

Peguei um chapéu vermelho que eu tinha trazido do arsenal de roupas que eu estava produzindo no escritório.

Voltei para o local em que ele estava e me aproximei para colocar o acessório em sua cabeça.

— Agora, sim — falei repousando minhas mãos sobre seus ombros

Ele colocou suas mãos em minha cintura me puxando para si e selou nossos lábios me dando um beijo calmo.

Nos separamos instantes depois e pegamos as chaves do carro, indo direto para a garagem.

...

O trajeto levou uma hora e meia. Quando chegamos, eu peguei o doce que tinha levado — a pedido do pessoal  — e fui cumprimentar a todos.

— Oi, meus amores! Que bom que vocês vieram — disse Fran — Podem ficar a vontade

— Obrigada por ter organizado a festinha, Fran! — eu abracei-a

Depois eu e João fomos para o lado de Malu e Renan

— Já chegou todo mundo? Alguém aqui — cutuquei meu namorado enquanto falava — atrasou a gente

João riu.

— Pelo que eu sei, tá todo mundo aqui sim, amiga — Malu respondeu sorrindo e, em seguida olhou para seu copo vazio — Gente, vocês querem vinho quente? Eu acho que vou lá pegar mais um pouco para mim

— Aprendi a lição de não aceitar mais bebida sua, Maria Luísa, mas te acompanho — ela riu — Você vem amor?

— Acho que vou só conversar um pouco com o Renan e vou lá pra perto de vocês daqui a pouco

— O.k.! — falei, deixando um beijinho em sua bochecha

Fomos até o balcão onde estavam as comidas e bebidas e Malu foi direto para a bebida que queria.

— E aí, amiga? Ansiosa para a Itália? — ela disse enquanto pegava a garrafa térmica

— Ai Malu, nem me lembra. Eu estou super feliz com o trabalho, porque era meu sonho, mas parece que ele veio bem quando minha vida estava encaixadinha aqui no Brasil — falei — Mas, ainda assim, estou esperando tudo de melhor, sabe? Vai ser a conquista de algo que eu estava buscando há muito tempo.

— Exato, Ci! Pode deixar que eu vou lá te visitar — ela piscou

— Então eu prometo achar algo bem legal pra gente fazer

— Bom mesmo

— E aí você... — parei de falar quando vi a luz de um carro que estacionava perto dos outros — Ué, não tinha chegado todo mundo?

— Na minha cabeça tinha — ela respondeu — A equipe toda está aqui... Quem podia estar faltando?

Fiquei encarando o carro, até que um homem saiu dele. Era moreno, porém ainda estava distante para identificar realmente quem era.

— Ai, meu Deus, Pepê! Você veio mesmo — ouvi Francine gritar antes mesmo que eu visse a face dele

— Ai meu Deus! É o Pedro? Tipo o nosso Pedro? — virei para Malu

— Ao que parece sim — ela disse encarando o homem que já tinha se aproximado o suficiente para o vermos

— Oi gente! Senti saudades — ele disse

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