Rádio | JÃO

Capítulo 8

JÃO

Hoje eu e Cecí sairíamos para almoçar.
Fazia uns 10 dias que eu tinha escrito Clarão e eu queria muito mostrar a música para ela, apesar de ainda estar meio inseguro sobre isso.

Assim que cheguei no escritório cumprimentei todo mundo e até comentaram sobre eu estar de bom humor.

Pouco antes da uma da tarde eu fui chama-la para ir comer e a encontrei desenhando em alguma cartolina.

— Tá fazendo o quê? — perguntei me aproximando

Ela sorriu quando me viu

— Tentando criar mais coisas pro seu álbum... Eu gosto da ideia de criar coisas relacionadas à praias

— Tô animado pra ver todos esses desenhos prontos — falei alegre — Enfim, tá pronta pro nosso almoço?

— Ah, é hoje? Tá, deixa só eu dar uma organizada nessas coisas — ela falou começando a recolher os papéis

— Ok, eu vou chamando o elevador e tal

CECÍLIA

Eu realmente não sei se sair com o João é a melhor ideia. Eu devia manter as coisas mais profissionais. Tinha medo de para onde aquilo podia caminhar por causa de nosso passado.
Mas eu já era uma adulta, né?
Não dá pra simplesmente ficar fugindo do meu chefe só porque eu tive um namorinho com ele.
Fora que ele sempre foi um ótimo amigo, um ótimo ouvinte, uma ótima pessoa.
Me fez falta por vários anos ter alguém como ele. Não existe outro João Vitor Romania.
Não custava nada tentar refazer o contato com alguém tão legal quanto ele.

Decidida em voltar a essa amizade — e nada além disso — eu peguei minha bolsa e fui me encontrar com ele na porta do elevador.

— Pra onde a gente vai?

— Pensei em te levar em um restaurante que eu gosto.

— Ok! — falei animada

Quando chegamos na garagem ele passou na minha frente e deu uma corridinha para abrir a porta do carro para mim

— Obrigada, senhorito — eu disse enquanto me curvava em agradecimento ao ato

— Por nada, madame

Nós dois rimos dessa besteira até ele dar partida no carro.
Rodamos por alguns quarteirões até chegar em um restaurante que parecia bem simples, mas muito organizado. Tinham até raminhos de flores em cada mesa.

— É de comida italiana. Espero que você não tenha cansado no tempo que ficou lá.

— Tem como cansar? Macarrão sempre vai ser a melhor comida — eu disse e ele sorriu

Sentamos em uma mesa e ele começou a parecer meio inquieto

— Então... — comecei tentando puxar algum assunto para acalma-lo — Como tá o álbum? Muitas músicas novas?

— Sim! Claro... — ele parou e pareceu pensar por mais um tempo — Tem até uma que eu queria te mostrar — fiquei surpresa — pra te ajudar nas suas criações e tal

— Nossa, Vitor! Que honra! Ficaria muito feliz em ver

— Que bom! — ele tirou um papel do bolso e me entregou — se chama Clarão

Eu desdobrei o papel e vi varias coisas escritas com sua própria caligrafia. Não era tão difícil de entender

— Seus desenhos me ajudaram a criar, então achei justo te mostrar para ver se te ajudava a criar as suas coisas — ele disse antes que eu começasse a ler

Fiquei uns 5 minutos apenas lendo a letra e mais uns 10 em choque. Era linda. Eu queria TANTO vê-la prontinha sendo lançada com o resto do álbum.

— Tá incrível. Eu tô sem palavras.

— Que bom que você gostou. De verdade, significa muito — ele sorriu — Queria que você fosse a primeira a ler essa letra, porque tudo o que você fez nesses dias me deu muita inspiração. Foi a base para o conceito final do álbum, se bobear. Quem diria né? Era para você se basear no meu conceito e no final invertemos esse papel.

Eu não sabia como responder. Não tinha como responder. Eu só sabia sorrir.
Era tão incrível ouvir algo como o que ele disse sobre meu trabalho. Saber que eu tinha ajudado ele a criar o conceito do álbum.

— E você vai falar sobre isso só em uma reunião? Ou eu vou receber algum spoiler por ser a funcionária do mês? — eu falei fazendo piada, imaginando que tudo só iria ser divulgado quando estivéssemos em alguma sala de conferência no escritório com o resto da equipe, mas ele respondeu no mesmo instante

— É como a gente já disse: é um oceano pra quem precisa fugir e uma âncora pra quem precisa se encontrar. Vai se chamar Pirata.