51. A vez em que um jovem órfão descobriu duras verdades

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Minha cabeça parecia que ia explodir de tanta dor e meu corpo estava completamente exausto. Após ser aprisionado pela magia de sangue de Babylon, eu fiz o possível para me libertar, mas todos os meus esforços foram em vão. Os fios de energia que me amarravam reagiam aos meus movimentos e, quanto mais força eu fazia, mais e mais eles me apertavam. Logo entendi que não seria na base da violência que eu me livraria daquele novo problema e procurei me acalmar e pensar em outra saída.

Eu não tinha noção de por que o Vampiro Rei estava tão fixado naquela ideia de me fazer cumprir o contrato que assinamos. De fato, minha única obrigação no acordo era fornecer meu sangue para a recuperação de Leocaster e, até então, eu nunca tinha me recusado a fazer aquilo. Porém, considerando a insanidade que meu inimigo demonstrara minutos atrás e tendo consciência de que ele tinha sido mesmo o responsável pela morte dos meus pais, eu sabia que havia outros interesses envolvidos e, muito provavelmente, eles não deviam ser nada positivos para mim.

Assim que Tatianna e Eugene fizeram aquela entrada digna de um filme de ação, eu cheguei a pensar que Babylon iria ordenar que seus soldados fossem atrás deles. Mas, de maneira surpreendente, ele nem se deu ao trabalho. Assim que percebeu que os invasores já tinham alcançado uma boa dianteira em sua fuga, o rei simplesmente deu de ombros e voltou a se dirigir ao seu conselheiro, como se nada tivesse acontecido.

— Vamos seguir com as próximas etapas, Daren — informou o pai de Leo. — Não podemos nos atrasar.

Logo deixamos a câmara secreta onde as múmias tinham sido incendiadas e nos dirigimos para uma ala privativa do castelo, que deduzi ser o espaço que o rei vinha ocupando desde que se estabelecera em Esmeraldina. Eu fui carregado flutuando pelo ar até uma sala que parecia uma masmorra medieval, com correntes e algemas nas paredes. Daren me prendeu ali e saiu, sem me dizer mais nenhuma palavra. Estava tão preocupado com o que fariam comigo em seguida que nem cheguei a perceber que já havia um outro prisioneiro naquela cela.

— Davi? — ele me chamou, aflito. — Você tá machucado? O que fizeram com você?

Era Leocaster que ali estava e sua situação não era lá das melhores, já que ele também tinha sido acorrentado às paredes.

— Tô vivo, e feliz que você também esteja — eu disse, com sinceridade. Obviamente eu preferiria ter encontrado Leo solto e pronto para me tirar daquele apuro, mas o fato dele também ser mantido como prisioneiro mostrava que, ao menos, o príncipe não estava do mesmo lado que o pai dele. Ele ainda era um aliado, e aquilo era motivo de alívio.

— O que tá acontecendo no castelo? — Leo me perguntou, confuso. — Eu lembro de você me alimentar, depois eu peguei no sono e, quando acordei, já estava aqui. E ninguém me explica nada! — completou, impaciente.

— Eles estavam te mantendo dopado, pra você não atrapalhar os planos deles — fiz questão de revelar enquanto ainda podia. — E acho que foi por esse mesmo motivo que te prenderam aqui...

— Eles... ? Quem? — o vampiro indagou, completamente perdido.

— Seu pai e os outros dois, Daren e Buwan — expliquei, sem rodeios. — Você não consegue se soltar dessa parede? — eu quis saber, esperançoso. — A gente precisa dar o fora daqui o quanto antes...

— Não consigo, já tentei... — ele admitiu, frustrado. — São algemas mágicas, feitas especialmente pra conter criaturas poderosas, como você e eu...

— A gente vai ter que encontrar alguma maneira de escapar — informei. — E eu sinceramente espero poder contar com a sua ajuda.

— Mas é claro que eu vou te ajudar! — ele rebateu, um pouco ofendido. — Eu já disse várias vezes que sou leal a você, Davi, mas, se ainda há dúvidas, volto a repetir. Eu te devo a minha vida e você pode sempre contar comigo, não importa o que aconteça!

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Where stories live. Discover now