33. A vez em que um jovem lobo regressou ao seu país

516 108 147
                                    


***

Puerto Natales,

algumas semanas depois,

momento presente. 

***


— Dá pra repetir o que você acabou de dizer, por favor? — eu pedi, atordoado. — Me desculpa, mas eu ainda tô meio confuso com toda essa situação...

— Bom, nós não temos todo tempo do mundo, sabe? — ele mencionou, naquele mesmo tom seríssimo que utilizara para se apresentar, momentos antes. — Mas vamos focar no que vocês precisam saber. Vocês dois conhecem o príncipe Leocaster e a Tatianna, correto?

— Sim, conhecemos — confirmei, encarando Benjamin, já em sua forma humana, de canto de olho.

— Muito bem. Eu também sou um vampiro, como vocês já devem ter percebido, e sou subordinado direto dos dois. A Tatianna é a minha criadora. Então, se ela se tornou uma aliada de vocês em Esmeraldina, eu também acabei me tornando um aliado por tabela, simples assim. Nós estamos no mesmo time, é isso que estou tentando dizer, então vocês não precisam ter medo de mim.

— Ok, essa parte nós entendemos na hora que você matou aquelas lobas sem pensar duas vezes, mas não encostou um dedo na gente — Ben mencionou, com cuidado. — Mas como é que você nos encontrou aqui, nesse fim de mundo? Pensei que a gente não tinha deixado rastros!

— O jipe do Davi, que vocês estavam usando durante a viagem, tem um rastreador instalado — o tal vampiro Eugene explicou. — Consegui rastrear o veículo até Buenos Aires. Depois de lá é que as coisas ficaram um pouco mais complicadas. Precisei seguir as pistas do piloto que vocês arranjaram, mas, por sorte, tenho bastante experiência nesse tipo de missão — revelou ele, como se aquilo fosse algo trivial. — Fui perguntando nos lugares em que o Javier parou o avião para abastecer, até que achei a casa da mãe desse pobre coitado...

— Ei, eu ainda estou aqui!!! — Javier protestou, ofendido. — Mas, aproveitando a deixa, minha mamacita estava bem? Aquelas lobas terríveis não deixaram capangas vigiando ela, deixaram?

— Não encontrei nada de anormal nos arredores, fique tranquilo, sua mãe estava em segurança — o morcego assegurou. — Mas foi graças a ela que descobri para onde você tinha trazido esses dois, já que você não poupou detalhes ao contar para aquela senhora que transportou "dois lobos mágicos" em sua "gaivota", de Buenos Aires até Puerto Natales...

— Javier, por que você foi falar essas coisas pra sua mãe?? — perguntei, abismado com tamanha imprudência. — Ela poderia se meter em encrenca com a Caçada Voraz caso essa informação vazasse... Poderiam ir até ela procurando por mim e pelo Benjamin, você não pensou nisso?

— A boca de minha mamacita é um túmulo! Um túmulo! — o piloto frisou, sem dar o braço a torcer. — Vocês deveriam me agradecer, isso sim, porque se eu não tivesse contado pra ela, esse amigo de vocês nunca teria achado a gente!

— Que seja... — Ben interrompeu o argentino, impaciente, levando as mãos ao rosto e soltando um suspiro. — Já entendemos como você nos achou, mas o que você veio fazer aqui, exatamente? — ele perguntou ao vampiro.

— Já disse, meu mestre Leocaster ordenou que eu localizasse vocês dois e os levasse de volta para o Brasil com urgência — Eugene repetiu, sem fazer rodeios. — É o que eu ainda estou tentando fazer, aliás — ele completou, impaciente.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Where stories live. Discover now