37. A vez em que um jovem órfão encontrou um segredo escondido na parede

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Se alguém tivesse me perguntado como eu imaginava que o meu dia terminaria, eu definitivamente não teria respondido "preso em um castelo isolado, cercado por lobos raivosos". Infelizmente, era exatamente daquela forma que eu e meu grupo de amigos estávamos, e eu não fazia a mínima ideia de como faríamos para sair ilesos de tal situação.

Todos os presentes na sala do trono continuavam encarando Babylon, alarmados, esperando que o Vampiro Rei tirasse alguma outra carta da manga e salvasse a todos nós; afinal, alguém que era capaz de fazer um castelo enorme sair de dentro da terra certamente saberia como agir numa emboscada preparada por um inimigo, certo? (Pelo menos, era com aquilo que eu estava contando).

— Vamos manter nossos planos — ele finalmente disse, após refletir em silêncio por alguns instantes. — Falta pouco tempo para o sol se pôr. Só precisamos resistir até lá, então eu trago meus soldados e nós enfrentamos esses vira-latas de igual para igual.

— E o que faremos com todos os nossos... convidados...? — Alphaeos perguntou, após não encontrar nenhuma palavra mais apropriada para se referir a mim e ao meu grupo. — Tenho certeza de que nós, vampiros, somos capazes de nos defendermos muito bem do ataque de um lobo sarnento, mas não sei se o mesmo se aplica a eles, majestade... — completou o conselheiro, deixando escapar um certo desdém.

— A gente precisa tirar todos os não-morcegos daqui imediatamente — Leo opinou, decidido. — Eles são muito importantes para nosso sucesso nessa guerra, e eu não vou conseguir me concentrar numa eventual batalha sabendo que nossos aliados estão correndo perigo.

Tão logo Leo disse aquilo, um dos soldados da guarda real invadiu a sala do trono, afobado.

— Senhor Alphaeos, os lobos conseguiram derrubar uma das muralhas e já começaram a invadir o interior do castelo — ele relatou. — Os soldados querem saber como proceder...

— Precisamos que vocês ganhem mais um pouco de tempo — Leo respondeu no lugar de Alphaeos, finalmente parecendo mais disposto a assumir a responsabilidade do seu cargo como líder do exército dos vampiros. — Usem todos os recursos que tiverem para atrasar esses lobos. Não deixem que eles cheguem até aqui de forma alguma.

— Entendido, majestade — respondeu o morcego servo, se curvando e desaparecendo pelos corredores do castelo logo em seguida.

— Pai, abra um portal e leve eles daqui até a pousada enquanto isso, por favor — Leo pediu a Babylon, ansioso.

— De jeito nenhum — o Vampiro Rei retrucou, ríspido, sem nem pensar duas vezes. — Você tem ideia da quantidade de energia mágica necessária para fazer uma coisa dessas?? Se eu me desgastar transportando nossos convidados, não vou ter forças para trazer nosso exército mais tarde. Isso está fora de cogitação. Eles terão que arranjar outro jeito de fugir.

— Eleonora, aquela vez, na fazenda, você e o Davi fizeram um feitiço pra tirar todo mundo do alcance do Navalha — Maia lembrou. — Não dá pra fazer de novo, agora?

— Eu posso tentar, mas, com essa quantidade tão grande de pessoas, não vou conseguir transportar a gente pra muito longe... — a irmã de Poliana respondeu, pensativa. — E o Naturalis Onerariis não é tão exato quanto um portal mágico, não dá para prever onde ele vai nos levar com tanta precisão. Corremos o risco de acabar aparecendo bem no meio dos lobos...

— Então esqueçam essa ideia — Leo rapidamente interferiu. — Teremos que pensar em outra coisa. Algo que seja mais seguro.

— Podemos nos dividir em grupos menores e tentar sair pelos fundos do castelo — Tatianna opinou. — Se conseguirmos não chamar muita atenção, podemos tirar todos daqui sem que os lobos percebam. Provavelmente, o foco dos nossos inimigos é chegar no rei e no príncipe. Se ambos se mantiverem à vista, eles vão direcionar o ataque aos dois e devem prestar menos atenção nos demais.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Where stories live. Discover now