32- Puxe o gatilho

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⚠️*ALERTA DE GATILHO* ⚠️

Esse capítulo tem cenas que podem desencadear sentimentos negativos. Se você possui questões sensíveis, peço que pule a parte marcada com # ou pule o capítulo por inteiro. Colocarei um pequeno resumo no fim do capítulo para que aqueles que desejam pular possam saber o que aconteceu.

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            Eu sempre odiei histórias de terror, apesar de haver um certo charme nas vozes roucas que as contavam. Os mistérios que perambulavam pela meia noite, como fantasmas em um cemitério, o frio na espinha, o estômago revirado e a leve sensação de estar sendo observado eram coisas que de certa forma me faziam não conseguir dormir a noite. Sentia que mesmo que fossem só histórias, o medo me fazia lembrar que era só um covarde inútil.

Os olhos de Hoseok a minha frente me fizeram arrepiar como nenhuma outra história de terror. As orbes pretas, selvagens e esmaecidas. Senti que toda minha alma fora devorada por ele naquele mesmo segundo. O temor que senti paralisou cada uma de minhas células, cada músculo e cada movimento.

O mundo pareceu se mover em câmera lenta, e quase como se aquele segundo demorasse uma eternidade, observei estática, Hoseok correr em minha direção.

Mate ela. Disse Hyunjin com um meio sorriso.

Foi o que bastou para Hoseok me perseguir.

Naquela fração de segundo, procurei por meu amigo debaixo da máscara que o forçaram a colocar.

Eu me lembrei do que Michael havia me contado. Whisky cereja mexe com seu sistema nervoso inteiro, o incentivando atrás de uma sugestão e sabe se lá qual fora implementada no cérebro do loiro. E era tarde, disse David.

Hoseok já havia partido.

Mas mesmo sabendo de tudo aquilo, não consegui deixar de pensar que Hoseok não me machucaria.

E não poderia estar mais enganada.

O garoto pulou em minha direção como um tigre e talvez, ali tivesse sido meu fim se Jungkook não tivesse o chutado para o lado quando passou à sua frente.

Corra, Jieun. Corra.

Ouvi alguém dizer, mas tudo era tão lento e rápido ao mesmo tempo. Tudo era tão quieto e barulhento que os sons misturados me deixavam incapaz de decifrá-los.

Jieun...Jieun. Continuavam chamando, mas quem?

E antes que conseguisse decifrar, meu corpo foi jogado novamente ao chão. Senti que pequenas agulhas feriam meu braço enquanto minhas pernas e quadril latejavam.

– Corra, Jieun – finalmente havia entendido.

A mensagem vinha de Jungkook que gritava ensurdecedoramente, tentando se desvencilhar das correntes que prendiam seu corpo. Junto dele, a voz de Jin e Yoongi se sobressaiam com gritos e chacoalhadas na grade.

Tudo ficou mais rápido e intenso, as dores não pareciam existir mais e meu coração acelerado batia até mesmo em minhas orelhas.

Tum-tum tum-tum

Era o sussurro de meu coração querendo sair de meu peito à medida em que Hoseok avançava novamente para cima de mim. Mas dessa vez meu corpo juntou forças para correr para o lado contrário ao dele.

O garoto estava ofegante, suando, e suas mãos tremiam tanto que não sabia como conseguia movê-las.

Ele corria na minha direção e eu fugia para o outro lado. A gritaria se instalou, de um lado Hyunjin gargalhava, do outro Jin implorava para que parassem com tudo aquilo.

Whisky CerejaWhere stories live. Discover now