08 - Adrenalina

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     Era um pouco antes do pôr do sol quando chegamos ao Brooklin, sentia que meus pés cairiam a qualquer momento de tanto que caminhamos naquela tarde. Porém não sabia dizer se latejavam mais que meu coração e orgulho, agora, partidos.

Jungkook e eu não trocamos mais palavras desde o píer, caminhando a uma distância notável um do outro. Vez ou outra o percebia olhar para trás para se certificar que eu continuava o segundo. Hoseok por vezes perguntou se estava cansada e se queria parar para comer alguma coisa. Não estava com fome e paramos apenas uma vez para comprar uma garrafa d'água e um chiclete de melancia para Hoseok.

Quando enfim chegamos ao apartamento de Jungkook, me senti aliviada por finalmente poder sentar. Sentia todo meu corpo pedir socorro e minha garganta arranhar de tanta sede.

Assim que Jungkook abriu a porta de seu apartamento, Bam correu ao seu encontro enquanto eu corri rumo ao sofá. Pulando em seu dono, proferindo latidos altos e alegres. Era de fato um bebê.

-Bam. – disse Jungkook, agora, parecendo perder toda sua postura de assassino sangue frio e dando espaço para o Jungkook babão. - Senti sua falta, garoto.

O moreno abaixou-se acariciando e abraçando Bam, o sorriso largo assemelhava-se ao mesmo do que abriu no carro. Com covinhas e olhinhos enrugados, mas ainda diferente demais. Percebi que ele jamais havia sorrido de tal forma até aquele momento.

A festa de Bam me fez sorrir e lembrar de Nezuko. De como ela adorava ficar brincando em seu cercado.

-Ele sentiu sua falta. - A voz de Taehyung saiu da cozinha.

O garoto também estava com um sorriso, que logo sumiu ao nos ver ensanguentados e sujos. Os cabelos do garoto estavam amarrados em uma meia cola, com várias mechas caindo na lateral de sua testa. Vestia um macacão jeans e uma camiseta amarela. Os olhos castanhos emoldurados por sobrancelhas cerradas e semblante preocupado.

-O que aconteceu? - exclamou Taehyung indo abraçar Hoseok que praticamente jogou-se exausto em seus braços.

Naquele momento Bam correu até mim, me abaixei para acariciá-lo sentindo sua respiração pesada e quente em minha pele. Seu olhar era caloroso ao me receber.

-Oi garoto. - disse quando Bam jogou a cabeça em minhas pernas atrás de mais afago. - Sentiu saudade? Nos vemos a pouco.

Bam latiu em resposta, o que fez Jungkook sorrir em minha direção. Não o retribuí.

-Ele gosta de você. – Jungkook abaixou-se até o animal, acariciando sua barriga junto a mim. -Isso geralmente não acontece.

Taehyung disse a mesma coisa. Não se sinta especial, Jeon Jungkook.

-Talvez ele saiba que ela é seu anjo da guarda. - Taehyung respondeu com um sorriso ladino.

Senti os olhos de Jungkook pousarem em mim. Por mais que fosse tentador, o ignorei. Evitei mirar seu rosto pois sabia que lembraria de suas palavras cruéis.

Na mesma hora Hoseok entregou uma garrafa de água a nós dois, o olhei tão agradecida que poderia beijá-lo. Abri a garrafa e dei longos goles no líquido gélido. Senti a água descendo em meu esôfago e diminuir a queimação de meu estômago.

-Eu vou ligar pro Jimin. – disse Taehyung animado. – Melhor limparem os ferimentos e irem tomar banho. Comprei hambúrguer pro jantar.

Eu assenti. Um banho era tudo o que precisava naquele momento. Deixar que meu corpo relaxasse na água morna e refrescasse minha pele suada. Ainda que eu soubesse que provavelmente choraria.

Agora que estava sendo perseguida, provavelmente Jin estaria em perigo também. Durante grande parte do caminho havia pensado no que fazer, não queria mais estar perto de Jungkook. Não depois daquilo. Decidi que arranjaria um bom motivo para tirar Jin da cidade. Talvez dizer a ele que teríamos férias em Tóquio. Mas isso envolveria pedir dinheiro ao meu pai, e por mais que odiasse a ideia, era necessário. A segurança de Jin era minha prioridade no momento.

Whisky CerejaWhere stories live. Discover now