21. Faça meu coração palpitar

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     Eu não havia sonhado noite passada. Na verdade, faziam algumas longas semanas que não sabia o que era dormir bem, quem dirá sonhar.

Mas noite passada eu descansei. Ou meu corpo apenas apagou devido à alta sobrecarga de trabalho.

Iu dormiu junto a mim, enrolada em meus braços como uma criança pequena. Seu sono era tranquilo, calmo, como se ao invés de mim estivesse deitada sobre nuvens fofas. Conseguia sentir as batidas de seu coração sobre meu peito, sua respiração sobre a minha e o cheiro doce de seus cabelos castanhos.

Me fez sentir que o furacão que nos perseguiu durantes dias não poderia me alcançar dentro daquele quarto.

Não vi o momento em que Iu moveu-se para longe de mim, mas quando acordei ela estava rente a parede, enrolada no cobertor. Seus cabelos se esparramavam sobre o travesseiro na mais completa paz.

Sabia que não dormiria mais e decidi levantar.

Fui ao banheiro, me lavei, coloquei uma camiseta limpa e antes que conseguisse voltar para o quarto a porta da frente bateu.

Engoli em seco.

Rapidamente fui de encontro à minha bolsa. Olhei dentro pegando um tecido grosso em tons de azul.

Enrolados nele havia um canivete, uma faca e meu conjunto de lâminas negras.

Peguei uma delas, sentindo seu peso típico, sua textura fina e afiada. Faziam alguns anos desde que as usei pela última vez. As havia trocado por uma Magnum, mais pesada, mais forte, mais barulhenta.

No Brooklin as lâminas eram quase inúteis.

Desci as escadas da casa, segurando a lâmina na mão, com cuidado para não ser visto.

Quando percebi que o barulho fora feito por Mina, guardei a lâmina em meu bolso.

-Quem é?- perguntou ela quando uma das tábuas da escada rangeu, em minha tentativa de retornar ao quarto.

Suspirei e voltei a descer, aparecendo na cozinha onde a mulher se encontrava.

Mina ainda vestia seu uniforme de trabalho, parecia um pouco cansada. Entretanto seus cabelos seguiam alinhados e seu sorriso ainda iluminava seu rosto. Ela estava sentada na mesa, com uma xícara de café nas mãos.

-É o Jungkook. – respondi ganhando um sorriso largo da mulher.- Bom dia.

-Bom dia. – respondeu ela. - Acordou bem cedo hoje. Já vão sair?

Olhei o relógio na parede da cozinha. Marcava 7:48 da manhã.

-Mais tarde. - respondi parando atrás de uma cadeira e a segurando casualmente. -Eles ainda não acordaram.

A mulher assentiu, levantando-se e pegando uma xícara no armário.

-Nesse caso, tome café comigo. – disse ela colocando a xícara sobre a mesa e indicando que eu sentasse na cadeira que segurava.

Levei alguns segundos até sentar, me acomodar e pegar a xícara. Não estava acostumado a tanta delicadeza. Ou convites para um café.

-Você quer café com leite?- ela disse me entregando a jarra com o líquido escuro e uma caixa de leite.

-Só café está bom.- respondi pegando a primeira.

Café com leite era um atentado à humanidade. Ou você tomava apenas café ou apenas leite. Ambos juntos não deveria existir.

A frente da mulher havia alguns pedaços de bolo em um pote, pão caseiro, geleias e manteiga. O cheiro de café inundava a cozinha por inteiro, dando a ela uma sensação aconchegante, lembrando a casa da avó de Yoongi.

Whisky CerejaWhere stories live. Discover now