26- A sua despedida

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   As ondas batiam na areia da praia de Santa Mônica, o som típico do mar se unia ao burburinho das vozes que conversavam sobre diversos assuntos que estava pouco me importando para prestar atenção. O vento era gélido o bastante para fazer meu corpo todo arrepiar e olhando de canto a garota ao meu lado, poderia afirmar que estava da mesma forma.

Me aproximei um pouco mais de Jieun, fazendo com que nossos ombros se encostassem e deixando que o pouco calor de meu corpo a aquecesse. Ela se encolheu quando mais uma rajada de vento trouxe gotículas do mar sobre nós.

Jieun estava sentada ao meu lado, agarrada às próprias pernas tentando aquecer-se, seus cabelos dançavam com o vento e vez ou outra evitava olhar demais a grande parte de sua coxa exposta na fenda do vestido. Ou do contrário, ficaria evidente que gostei mais do que deveria.

Me aproximei da garota, passando o braço a sua volta a trazendo para meu peito, seus braços estavam gelados e ela abriu um pequeno sorriso ao entrar meu abraço.

Por um longo tempo ficamos assim. A lua, as estrelas e ela.

Iu contou sobre as vezes em que sua mãe a levou em um planetário e assistiram a vídeos de estrelas e planetas. Contou sobre a vez em que seu avô a levou para pescar e quantas vezes leu seu livro favorito.

Lhe contei sobre minha mãe, sobre como gostava de música e a falta que sentia de poder fazê-la. Seus olhos dobraram de tamanho quando disse que compus algumas e logo depois insistiu como uma criança para que lhe mostrasse algum dia.

Algum dia...

Quando?

Aquela pergunta faz com que todas as preocupações voltassem como um tsunami.

Iu havia decidido ficar enquanto eu partiria assim que descobrisse algo de útil. Algum dia poderia nunca chegar.

Mas por aquele momento, decidi que aproveitaria os minutos que me foram dados de tranquilidade.

– Você descobriu algo na conversa com o pai da Danielle? – Iu perguntou movimentando-se em meus braços para que pudesse me encarar.

–Sim – assenti – Os caminhões eram dele. E no meio da conversa, disse algo sobre ter oferecido muito dinheiro a causa e quer retorno. Ouviu também que um protótipo foi perdido.

A garota uniu as sobrancelhas na mesma hora. Evidentemente confusa e preocupada. Sabia que depois daquela expressão algumas perguntas viriam, e temi que ela perguntasse algo que não pudesse responder com sinceridade.

–Um protótipo? – repetiu ela. –Tipo um eletrônico?

–Eu não tenho certeza, mas algo me diz que pode ser aquele pó.

– Entendi. O pó é um protótipo... – ponderou ela, afastando-se um tanto de meu abraço para se ajeitar sobre a areia gélida abaixo de nós. – Se estivermos indo pelo caminho certo, esse protótipo é um medicamento. Já que todos os envolvidos trabalham naquela empresa farmacêutica. Qual era o nome dela mesmo?

–Lothos. – respondi sentindo o gosto amargo preencher minha boca.

Engoli em seco me forçando a esquecer toda e qualquer lembrança que tinha em minha mente relacionada a esse nome. Principalmente, seu dono.

– Gong Yoo tem uma empresa muito grande, pode ser qualquer coisa – afirmou Jieun. – Yoongi disse que o pó tinha efeitos perigosos, será que é um medicamento novo que estão tentando esconder?

–Eu não sei dizer. Mas possivelmente sim – ditei. – Sinto que temos algumas respostas, mas não sabemos as perguntas que devemos fazer.

Iu sorriu levemente e deslizou sua mão ao encontro da minha, suavemente a pousando sobre minha pele e com seu polegar iniciando um afago sutil. Seu toque era gélido sobre mim, mas ainda assim parecia eletrizar cada uma de minhas células.

Whisky CerejaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora