Whisky Cereja

23 - Um amigo em meio ao caos

   Jungkook acelerou a moto pelas ruas de Los Angeles, ruas aquelas que já havia passado diversas vezes. Suas mãos seguravam firmemente a direção da moto, enquanto olhava o gps em minhas mãos, o garoto rumava até nosso destino.

O estacionamento era grande, entretanto não havia muitos veículos parados. Estava vazio e silencioso.

Jungkook estacionou a moto e ficou alguns minutos olhando a placa no topo do prédio quadrado de cor amarelada. Não era muito atrativo ou animado do lado de fora, e sendo otimista, lembrava um pouco um prédio executivo. As janelas eram grandes e escuras, impossibilitando quem estivesse de fora, enxergar seu interior.

Os olhos escuros de Jungkook encaravam o nome Sky Zone: Parque de trampolins coberto com desgosto.

–Algum problema?- perguntei ao parar ao lado dele sentindo seu cheiro característico de algodão e sândalo.

– Eu sou um adulto, Jieun.- sua voz saiu áspera ao ditar cada palavra.

Me voltei para ele, segurando o meu capacete vermelho no cotovelo.

– Adultos também vêm aqui.- afirmei animada.

Jungkook cerrou o cenho e me olhou como se eu fosse alguém que precisasse ser internada.

Seus cabelos balançaram com o vento, levando suas mechas mais finas a dançarem por sua pele. O garoto passou a língua pelo interior da bochecha, cerrando as sobrancelhas.

Jungkook me encarava com tamanho desgosto que senti que o estava ofendendo apenas por cogitar levá-lo lá.

– Eu sou líder de uma gangue.

Eu sorri em resposta. Jungkook poderia amedrontar metade da cidade apenas com um unir de sobrancelhas e uma voz grossa. Mas parado à minha frente, com as covinhas aparentes e olhos brilhantes, não conseguia deixar de pensar que ele ficava adorável.

Um gatinho ao invés de um lince.

– Não se preocupe. – afirmei pegando a barra de sua camiseta e o puxando em direção a porta. – Não vou contar a ninguém.

(...)

Já havia estado naquele local apenas uma vez, quando ainda era pequena o bastante para usar bicicleta com rodinhas auxiliares. Me senti minúscula na época e mesmo depois de crescida, a sensação era a mesma.

Os trampolins eram na cor azul e laranja, em alguns deles havia piscinas com espumas, cordas e plataformas para os que adoram se arriscar. Localizado a esquerda havia uma parede de escalar, alguns rappels e tirolesas que obviamente não iria ir devido a altura gigantesca.

À esquerda o espaço vazio era composto por algumas cadeiras e mesas, com atendentes uniformizados levando uma pizza quadrada de queijo e pepperoni. Parecia deliciosa.

Não demorou muito para o Jungkook abaixar-se à frente de um dos trampolins e tirar os coturnos, exibindo sua meia com listras verdes e amarelas.

Aquilo me fez rir e imediatamente seus olhos de obsidiana se voltaram para mim.

– Qual seu problema?- ele resmungou adentrando o brinquedo, um tanto desequilibrado. – Vem logo.

Eu o segui segundos depois, logo adentrando o brinquedo e começando a pular ao seu lado.

Abaixo de meus pés a malha elástica movimentava-se conforme pulava sobre ela. Por vezes pulei alto demais trazendo de volta a sensação de frio no estômago, mas era tão divertido que logo esquecia que havia aparecido.

Os cabelos de Jungkook balançavam para cima e para baixo, dançando conforme o garoto pulava na cama elástica.

– Olha.- disse ele logo pulando alto e dando uma cambalhota no ar.