28- Esconde-esconde

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   Os quadros no corredor pareciam ainda assustadores na iluminação amarelada e baixa que o percorria. O tapete marrom pouco combinava com as paredes no mesmo tom, o deixando com um aspecto ainda mais escuro. Se aquela decoração havia sido feita por um design de interiores, ele com certeza se perdeu no conceito.

Hoseok e eu andávamos lado a lado, nossos braços grudados um no outro indicavam que assim como eu, o loiro também estava receoso de caminhar por ali. E não precisei nem mesmo perguntar para ter certeza.

A cada passo que avançava junto a Hoseok naquele apertado lugar, sentia que a qualquer momento um homem com uma máscara de hockey apareceria com uma motosserra para matar nós dois. O que seria péssimo visto que sobraria para Yoongi e Jungkook arrastarem nossos corpos mutilados e sem vida para fora da casa.

– Sinto que vou desmaiar a qualquer momento – sussurrou Hoseok me fazendo encará-lo com pavor.

–Se controle – revidei me aproximando ainda mais dele. – Você é o cara com a faca, lembra?

Hoseok parou no mesmo segundo, mirando meu rosto com os olhos no dobro do tamanho. Suas mechas rosas caindo sobre suas pálpebras não parecia incomodá-lo.

– A faca ficou com Jin – respondeu ele fazendo meu coração disparar instintivamente.

–Devemos voltar? –questionei o fitando no fundo dos olhos.

Sabia que se voltássemos nossos companheiros provavelmente nos achariam covardes. Imaginei que mesmo com medo Hoseok jamais voltaria, visto que como líder de sua própria gangue, sua honra estaria em jogo e não poderia deixar sua reputação manchada.

Eu por outro lado, não sofreria dano algum, talvez um leve abalo devido ao acúmulo de mais uma humilhação. Entretanto, não achava certo abandonar Hoseok em meio ao desconhecido e fugir para um lugar seguro. Se é que poderia chamar assim.

Havíamos passado por três portas, entretanto a porta entreaberta no final do corredor parecia o destino que meu parceiro estava disposto a desbravar. Não sabia ao certo o motivo de ter chamado atenção de Hoseok, mas algo me dizia ser o pequeno enfeite de madeira com um caminhão desenhado.

Ao meu ver, tratava-se de um quarto de criança.

Me aproximei mais dele, respirando silenciosamente como se até isso fosse ruído suficiente para chamar atenção.

Antes que pudéssemos chegar até ela, a mesma abriu lentamente. Como um convite terrivelmente medonho.

O loiro e eu paralisamos. Senti minhas pernas congelarem e minha espinha arrepiar. O suor frio em minhas mãos estava congelante e fazia meus dedos doerem.

– Ok, isso foi estranho – Hoseok disse, ainda sem desviar os olhos da porta aberta.

–Você também acha que o garotinho está morto e é um fantasma vindo nos assombrar? – perguntei, da mesma forma que meu amigo. Com os olhos vidrados na mesma direção.

–Sim – afirmou. – Ainda bem que não sou só eu.

Ficamos parados na mesma posição, grudados um no outro, sem coragem alguma para nos mover.

Já havia visto filmes de terror o suficiente para saber que tudo ia por água abaixo depois que os personagens entravam em um lugar que não deviam. Alguém provavelmente desapareceria misteriosamente deixando o parceiro à mercê do perigo.

Mas sabia também que ninguém descobriria nada ficando parado à espera da morte. As informações não caiam do céu e se a porta ridiculamente assustadora nos chamava, era para onde deveríamos ir.

–Va-vamos até lá –respondi apertando com força o celular que carregava em minha mão.

–'Tá maluca? – sussurrou Hoseok. – Acabamos de concordar que é um fantasma.

Whisky CerejaOn viuen les histories. Descobreix ara