Capítulo 18

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*Música: Morena Dos Olhos D'água -Gal Costa

(espera eu avisar para dar play)

* * *

(Simone)
    Eu sempre estive querendo lutar pelos direitos que eram de cada pessoa, desde de jovem até hoje. Ao saber enfim que minhas escolhas fizeram mal a minhas preciosidades, senti como se mil facadas entrassem em mim.

Como eu poderia ter demorado tanto tempo para notar como fui ausente na vida delas?

Eduarda está encolhida na cama, como um bebê, suas mãos abaixo de sua cabeça, sua testa franzida enquanto respira lentamente. Meu indicador leva seus fios para trás, deixo um beijo na bochecha antes de sair da cama. Minha caçula acabou caindo no sono, após nossa conversa e nossa janta. Já eu? Não consegui nem fechar os olhos, quando fazia só enxergava Fernanda chorando.

Eu não conseguiria dormir com o peso em meu peito, doía só de pensar em como minha primogênita estaria agora. Pronta para ligar para Maria Fernanda, liguei o celular após algumas horas desligado, chegou muitas notificações, mas o que causou minha palpitações aumentarem, foi ver duas ligações de Soraya e uma mensagem de áudio.

Fui até a sala, tudo aconteceu tão depressa que esqueci da minha mensagem para ela, então ao ouvir sua voz, me senti mais vazia e necessitada. Eu precisava dela, de seu cheiro, de Soraya Thronicke. Meu coração clamava por ela.

"Simone, precisamos conversar."

O jeito que ela disse, seu tom, só me causou medo, Soraya parecia tensa demais. Inconsequentemente dúvidas surgem na minha cabeça, cada uma me deixa mais sem ar com a probabilidade de serem verdades.

Coloco uma jaqueta, pego minhas chaves e deixo um bilhete na bancada da cozinha para Madu, caso ela acorde. Entro em meu carro, partindo com a adrenalina em cada parte minha, a caixa torácica bate fortemente. Minhas mãos suam enquanto apertam o volante, meus olhos vagam as ruas, observo o céu negro ser tomado por nuvens pesadas.

Acelero o carro na rua vazia, por ser um sábado de madrugada até me assusto. No farol, quando paro, vejo um casal de mulheres rindo, suas mãos juntas como se não temessem nada. Um sorriso triste surge em meus lábios, olhei uma última vez as jovens se beijando, e depois segui o caminho com a ansiedade preenchendo o carro.

As portas metálicas do elevador se abrem, ando pelo corredor até ver sua porta, suspiro reunindo coragem para fechar o punho e bater levemente na porta depois de tocar a campainha.

Minhas mãos se apertam, não há uma aliança mais em meu dedo para eu mexer, então aperto o indicador com a outra mão. Ajeito minha jaqueta, alisando-a, coloco meus cabelos para trás e os amarro em um rabo de cavalo, limpo as mãos suadas na calça moletom e só então percebo como vim, sem sequer me arrumar.

Bato mais uma vez na porta de madeira escura, receosa dou um passo para trás, cogitando a hipótese dela não estar aí e só então lembro:
São quase três da manhã. Quem em sã consciência estaria acordado? Bem, os jovens, mas não Soraya.

—Besta, besta, tola. –Resmungo baixo. Minha respiração é segurada quando ouço o trinco e a porta ser aberta.

—Quem é que…?  –Soraya com os olhos inchados (e um possível sono) e os cabelos em um coque quase desmanchando, aparece na porta com uma camisola azul claro, deixando suas pernas bronzeadas à mostra
—Simone?

Os olhos castanhos e surpresos me encaravam, sorri ao vê-la tão confusa, é fato que ela é linda de todas as formas, sem maquiagem fica uma deusa. Já começo a esquentar, sentindo seu olhar marcante em mim, atrás dela só há escuridão, uma brisa passa por nós, vejo seus pelos arrepiarem.

Destino: Simone & SorayaWhere stories live. Discover now