Capítulo 6

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*Sem Revisão

Desculpa pelo sumiço. Boa leitura!

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(Soraya)
Fazia sete dias, quatro hora, cinquenta e quatro minutos que eu não falava com Simone ou com Carlos César, apenas falava com Mafê.

Simone e Lula foram para o segundo e último turno, tenho que escolher alguém para enviar o apoio. Em condições normais, óbvio que seria Tebet, porém...Houve tanta coisa entre nós que não posso intervir meu pessoal com meu profissional, não é? Consequentemente, Simone está nos dois lados de minha vida. As causas que Simone defende são parecidas com as minhas, talvez eu fique neutra como Jair e o padre de festa junina.

- Mademoiselle, posso ajudar? - O mesmo homem de bigode e sotaque falso francês, com seu típico uniforme manchado, pergunta a mesma coisa sempre que chego aqui.

- Ora, isso é um restaurante, não? - Abaixo o óculos escuros até a ponta do nariz, o francezinho do Paraguai me olha com deboche e um sorriso cínico. - Reserva para uma da tarde.

Seus olhos descem para o tablet em sua mão, bufo com impaciência. O garçom se volta para mim, agora sorrindo com raiva.

- Ah, Madamoiselle Soraya! Me perdoe pela demora ao reconhecer - Ele estende a mão para eu acompanha-lo, claro que ele me conhece, almoço aqui sempre -ou quase sempre- aos sábados. - Me acompanhe, por gentileza.

o bigodudo me leva a uma mesa conhecida, afastada das outras, perto do bar. Sento-me na cadeira, pegando o cardápio sob o olhar curioso e impaciente do francezinho.

- Obrigada...Benucho? -Expresso um rosto de pensativa, o vejo se morder por dentro, ele odeia que erre seu nome.

- Benichi - Corrige irritado. Ele entende a deixa e se vai.

Meus olhos vagam do papel a minha frente para as mesas, não há muitas pessoas, apenas um casal de idosos; dois homens engravatados; e uma morena rindo junto a uma loira. Eu conheço a risada discreta e contagiante, volto o olhar para elas, sinto meu coração apertar. A encaro perplexa, sem medo algum, odeio o domínio dela sob mim.

A morena vira o rosto, antes que possa me olhar com os olhos escuros, pego o cardápio tampando meu rosto corado. Um garçom se aproxima, mostro apenas meus olhos.

- Madame, como está seu apetite hoje? - Pronuncia as palavras em um tom cortês e amigável, Bruno.

- Bruno, preciso que não saia da minha frente - Sussurro, levando o cardápio ao lado esquerdo do rosto, seus olhos me reconhecem e ele sorri.

- Pois não, posso perguntar o por quê, madame Soraya? - Sussurra tão baixo quanto eu.

- Tem uma pessoa aqui, que não pode me ver.

- Perdoe-me madame, mas é um ex? - Cobre sua boca de lado e pronuncia tão lentamente que quase me perco, arregalo os olhos ao fim da pergunta.

- Não, não, claro que...-Nego com a cabeça repetidas vezes - É só que...esquece, vou embora.

Levanto-me, faço o possível para que ela não me veja, andando rápido sem levantar suspeitas.

- Madame. - Ouço a voz e os passos de Bruno, rezo mentalmente para que seja com outra mulher. - Madame Soraya - Cutuca meu braço, estou estática, suas orbes negras me encaram com surpresa e um ar de...diversão? - Seu celular. - Sussurra, mesmo já tendo arruinado meu disfarce.

- Obrigada - Tudo que pronuncio enquanto me entrega o aparelho, ele se vai enquanto fecho os olhos e respiro fundo, faço a melhor cara de felicidade e surpresa, enquanto caminho até sua mesa. Observo seus olhos me comerem e sua acompanhante rir de algo que ela diz, eu conheço a outra.

Destino: Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora