Capítulo 11

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*Revisado

(Simone)

   Assim que abro a porta de casa sinto o cheiro familiar invadir minhas narinas, a mão de Soraya em meu ombro esquerdo parece tremer, viro meu rosto a vendo desconfortável.

- Está tudo bem, entre. - Pego a mão, antes em meu ombro, e a entrelaço com a minha, caminhamos casa a dentro juntas.

Soraya parece menos tensa e mais super protetora. Me conduz até o andar de cima, segurando-me como se a qualquer momento eu fosse cair como sal -até que não é tão ruim, já que ela me leva para perto de si.

- Quer ir tomar banho enquanto faço algo para comermos? - A loira pergunta enquanto me ''ajuda'' a entrar no banheiro. Paro de andar e a encaro surpresa. - Que foi? Tá sentindo alguma coisa? - Agora suas mãos seguraram meus ombros, examinando meu rosto.

- Tô sim, tô sentindo que o mundo vai acabar -Seguro a risada, quando a vejo toda confusa. - Já que você não sabia nem fazer um ovo, sério nem um ovo...- Gargalho enquanto me apoio em seu corpo, sinto um tapa no ombro, a olho reprimindo outra risada. Ela está me encarando séria e impaciente, pronta para me bater de novo.

- ''Não sabia'', agora eu sei. - Diz em um tom convencido, seu corpo se afasta do meu, a sigo até o banheiro.

Ela me conduz a parede, suas mãos em meu pescoço, sinto as costas tocar a parede, seus lábios passeiam da orelha ao lábios, ela os roça nos meus ameaçando beijar, quando inclino a cabeça para frente ela se afasta. Abro os olhos a olhando sair do banheiro, rindo toda satisfeita.

- Soraya! - A grito mesmo sabendo que ela não voltará.

- Talvez eu não cozinhe tão bem...Mas, provocar, ah eu sei. - Sua voz já longe me alcança, enquanto fico emburrada por sua atitude.

- Sabe mesmo. - Resmungo, já me despindo.

***

Entre meus dedos, fios loiros são desembaraçados por eles. Soraya deitada em meu peito, que sobe e desce, traz uma calma junto a chuva lá fora, está tudo tão bem. As trovoadas nem me assustam como de costume.

- O que significa ''Babá gago dari''? - Pergunto ao sentir seus dedos passarem por minha tattoo, que está descoberta pois estou só de regata e calcinha. - Parece totalmente inventado.

- É por que, é inventado, eu inventei. - Ela levanta o rosto, sorrindo com a língua entre os dentes, ela apoia o queixo em meu peito enquanto me encara tranquila. -Quando minha avó veio a falecer, ela me deixou uma carta. Nessa carta, estava escrito que toda pessoa apaixonada cria uma forma ou um gesto de amor único, ao conhecer o amor da sua vida. Ela criou a dela, e pediu para que eu não hesitasse fazer o mesmo ao...enfim, conhecer o amor da minha vida. - Soraya ajeita sua posição, deitando a cabeça no travesseiro, encarando o teto. Ouço sua voz falhar. - Então, quando eu te beijei, eu soube...Eu achava que sabia. Eu não consegui descrever algo firme em relação aquele beijo, vieram em minha mente só palavras: Babá gago dari.

- Quando me disse que me amava, eu te disse, da minha maneira, a imensidão do meu amor. A minha forma de amor único, palavras. - Seu rosto se vira para o meu todo rosado, ela sorri e seus olhos estão com uma felicidade que não vejo há tempos. - É bobo, eu sei. Mas, foi a maneira de me expressar diante daquele sentimento novo. Ainda não posso te contar o real significado de cada palavra, mas já deu pra entender um pouco?

- Sim, e é tão...- Passo meus dedos por seu rosto, desço a mão para sua cintura e a puxo para mim, nossos narizes se tocando, nossas respirações lentas se misturando. - Você, é tão você.

Quase dizendo o que não posso dizer, a puxo e assim aprofundo meus lábios nos seus, temendo demonstrar tudo que sinto naquele beijo, tenho que guardar uma parte só para mim. O beijo é doce e lento, nosso afeto se misturando nas línguas e nos suspiros em meio aos lábios.  Meu coração acelera desesperado, minhas mãos descem para suas coxas, levantando o blusão que usa, Soraya se afasta, segurando minhas mãos e respirando ofegante.

Destino: Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora