Capítulo 8

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*Revisado

* * *

(Narradora)
    – Soraya e você? Isso sim é uma novidade, porque nunca me disse nada? – Janja muda o humor a cada frase, suas mãos mantém Tebet debaixo da água fria, a mesma que nem sabe como ainda não levou um soco na cara da loira.

– Eu não contei nada, a ninguém, pois nem eu mesma entendia nossa relação, até mesmo depois de terminarmos. – Os lábios já sem cor respondiam trêmulos, Janja notou e decidiu encerrar o banho, mas não a conversa.

– Por quê terminaram? – Janja se virou de costas, dando privacidade a morena, e ignorando a resposta dada por ela.

– Terminamos duas vezes assumidamente entre nós, e uma vez que apenas nos afastamos depois de uma briga. – Após se vestir com um moletom cinza e uma calça larga, ela permitiu  Janja se virar, A loira arregalou os olhos, em seus lábios um sorriso largo e convencido surgiu.

– Você é mesmo lésbica. – A loira reprimiu um riso ao ver as bochechas coradas da amiga.

– Cala a boca! – Usou uma expressão fechada, mas não o suficiente para Janja levar a sério, então ambas riram em uníssono.

– Si, conte tudo. Você precisa desabafar, contar a alguém. – Janja se sentou no sofá, chamando a morena junto a si.

– Mesmo se esse alguém for você? – Simone se sentou confortavelmente ao lado da loira, ela sorriu fraco, enquanto suas mãos alisavam suas coxas.

– Sim, mesmo se esse alguém for eu. - A mulher observou os gestos da outra e notou sua ansiedade, Janja segurou as mãos da morena e as acariciou, forçando os olhos negros encararem os seus em cumplicidade. – Mas, se não quiser...Ainda estarei aqui para te confortar.

Simone deitou sua cabeça nas coxas da loira, a mesma fazia cafuné em seus fios escuros. Reunindo forças para dizer tudo sem doer seu coração.

– A primeira vez que nos separamos não foi um término oficial, estávamos no começo daquilo tudo. Juntas a dois meses, fomos a um bar, Edu estava lá enchendo a cara.  Soraya se sentiu culpada, pois ele me culpou por estar à beira de um coma alcoólatra. – Seus olhos se fecharam lembrando, inevitavelmente, tudo naquela noite.

– Enfim discutimos por isso, nós duas estávamos alteradas e falamos/fizemos coisas da qual...eu me arrependo. Fomos infantis. – Janja sentiu seu peito apertar ao ver uma lágrima escorrendo pela bochecha de Simone.

– Ela me xingou de puta frígida a expressão em seu rosto nunca saiu da memória, eu suportei todas as agressões verbais. Mas, quando falou dele, do meu pai… – As íris se abriram encarando o olhar sério da amiga. A voz falhou, sentiu um nó na garganta, ao lembrar daquele momento.

– Eu bati nela, na sua cara. – A morena pigarreia, encarando seriamente um ponto vago que não seja a expressão chocada da amiga.

Janja não evitou de demonstrar suas emoções, jamais vira Simone matar um mosquito, imagine bater na "namorada". Nem sabia que Tebet bebia álcool, sempre preferiu um belo e velho chá, então Simone já esperava as reações, porém ver o choque a levava para aquele momento horrível.

– Eu sei, jamais devia ter feito aquilo, não há desculpas. Bom, naquele tempo minha relação com meu pai estava ruim, pois ele não aprovava que sua filha ainda não estivesse casada, então...Foi o estopim para ela falar dele, enquanto sabia que eu me sentia mal por ser orgulhosa e não ir visitá-lo. – Simone se sentou no sofá, e finalmente encarou Janja que ao contrário do que imaginava, não a olhava com desprezo e sim acolhimento.

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