Capítulo 9

298 44 15
                                    

*Revisado

(Narradora)

     A porta branca se manteve fechada para todos de fora, a morena encarou seu reflexo confuso, temendo ver. Não eram lágrimas que a espanta e sim linhas indicando o tempo, ela se sente perdida no espaço, no tempo.

- Simone, carinho...Vai ter outras vitórias, não fique assim - As palavras não a confortavam. O pior era que Eduardo achava que ela estava mal pelo resultado, sendo que na verdade era uma crise existencial que estava tendo, e ele não ajudava.

- Abre a porta, mama. - Suas mãos doem enquanto apertam as bordas da pia, seus olhos lacrimejam diante a angústia da filha, como ama Fernanda.

- Minha filha...- Ela pigarreia, e respira fundo. - Eu estou bem, só preciso de um tempo, tá bem?

- Tá bem, qualquer coisa, tô lá embaixo. Te amo, mama, e mesmo que não tenha ganhado, sei que é incrível mesmo assim. - Ouve a voz carinhosa da filha, sentindo o coração mais quente. Logo ouve os passos se afastarem, e sente o calor sumir.

Alguns minutos depois, a porta é destrancada, Simone não se assusta ao ver o marido a encarando, sentado na poltrona ao lado do closet. Ela caminha até a cama onde olha para a janela da parede, a luz da lua ilumina parte de seu rosto, seus olhos brilham de encontro a luz.

- Você só ficou assim depois daquela ligação - Um pouco mais sério, Eduardo a encara, sua voz não causa efeito nela. - Está me traindo? Se está, fale logo. - Ele se levanta impaciente.

- Tudo que eu disser, você vai acreditar? - Tebet diz calma, depois negou com a cabeça à própria pergunta. - Não, não irá.

- Mas, eu quero que tente! Tente fazer com que "nós" - Aponte de si para ela - Não seja perda de tempo.

- Tem um amante, sim?! Acha que eu não vejo o estado que está desde o começo dessa eleição? Desinteressada, calada ou mal-humorada, impaciente. Faz tempos que não transamos ou que você demonstra qualquer tipo de amor ou carinho. E só receber essa ligação que mudou, então confesse! - Eduardo se aproxima de Simone, a olhando a cada palavra dita - Confessa que enquanto eu luto para te fazer bem, você fica com outro e me chifra, como uma vadi-

Eduardo sente o rosto arder antes que termine sua frase desrespeitosa, Simone não sente a dor da primeira vez que alguém que deveria respeitá-la a ofende, porém ainda fica decepcionada.

- Quero divórcio. - A morena o encara, Eduardo está espantado, com a marca da mão em seu rosto. Aquelas simples palavras exigiram coragem que ela nem sabia ter de fato.

Seu casamento de anos, destruído por ambas as partes, definiu o fim por duas palavras, mas acabou a tanto tempo.

* * *


(Soraya)
    Talvez ligar para ela tenha sido um erro? Sim, mas achei que ela devia estar desolada. Sei como para ela significa evoluir tanto na vida pessoal quanto na profissional, sei que tenho medo de parar de tentar ser melhor.

Sua voz no celular estava um pouco estranha. Algo aconteceu? Bom, ela perdeu a eleição, mas não sei como isso a deixou. Preciso parar de pensar nela, qualquer coisa que envolva-a. Por exemplo: enquanto transo com meu marido, durante esses dois dias de retaliação, vejo ela nele. Essas alucinações vão me matar.
Eu e César transamos umas quatro vezes, eu só gozei uma vez e meia, quando estava prestes a chegar no fim ele ficou mole. Então decidi eu mesma satisfazer minhas necessidades. Tinha esquecido que homem é difícil no sexo para agradar uma mulher, já nós mulheres conseguimos entender melhor o desejo de outra.

Ouço seus gemidos e então volto à realidade. Seguro firme seu peitoral peludo, ele pede por mais velocidade. Essa posição (de novo) está me dando cãibras. Ora, eu tenho quarenta e nove anos, não vinte!

Destino: Simone & SorayaWhere stories live. Discover now