32. Big In Japan.

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Big In Japan – Alphaville

"Eu não tinha ilusões
De que um dia encontraria um olhar de relance
De ondas quentes de verão em seus olhos"

*

Pov Dahyun


[...]




— Você costumava vir aqui quando criança? – Apontei para uma biblioteca em nossa frente.

— Sim! – Respondeu empolgada e sorridente. – Nossa, era mágico aí dentro... – Pareceu nostálgica. – Acho que é porque eu era criança e tudo era gigante, novo e muito incrível aos meus olhos, sabe?

— Não quer entrar e ver como está hoje?

— Você não acha chato um rolê numa biblioteca...? – Perguntou receosa. – 'Tô ligada que você não é a maior fã de livros...

— Só não sou uma nerd que nem você, Sana. – Impliquei. – Não vou achar chato, vamos logo. – Segurei sua mão, olhei para os dois lados da rua e ao constatar que era seguro cruzar, o fiz. – Mas você desenrola para gente aí, ok? – Empurrei-a de leve para frente.

— Tem medo de falar japonês, loirinha? – Implicou de volta.

— Não. Eu só simplesmente não sei falar japonês. – Fingi irritação, arrancando uma risada da maior.

Sana cumprimentou a bibliotecária, assinou um caderno grande que tinha no balcão e virou-se para mim, entregando-me a caneta para que eu fizesse o mesmo. Segurei o objeto, cumprimentei a senhora com um sorriso simples apenas e anotei meu nome ali.

Depois disso, Sana guiou-me pelos corredores imensos com prateleira altas cheias de livros e parou na sessão infantil. Parecia reconhecer o ambiente e ao mesmo tempo não. Fiquei em silêncio, observando o lugar e observando a menina em minha frente se reencontrar consigo mesma, mas em idades diferentes.

— Não estou achando... – Ela resmungou baixinho, olhando-me de relance. – Quero comprar um livro.

— Qual?

— Um não, dois. – Corrigiu e continuou a busca, ignorando minha pergunta. Ela estava muito focada nessa missão.

— Quais? – Repeti.

— Quero comprar "O Pequeno Príncipe", ele geralmente fica na sessão infantil...

— E o outro livro?

— Esse outro não fica nessa sessão, é um clássico famoso, deve ficar mais para lá. – Apontou.

— Você por acaso já tem os dois, né? – Perguntei mesmo já sabendo a resposta.

— Sim, mas eles não são para mim.

— Para quem são?

— Você. – Tirava alguns livros da frente, mais focada que nunca.

— Eu?! – Falei surpresa e ela apenas balançou a cabeça positivamente.

— Achei! – Pegou o livro francês e sorriu largamente, virando-se para mim. – Agora vamos pegar o outro, que vai ser muito rapidinho de achar.

Segui a menina, nada disse. Fiquei observando seu jeito empolgado com o coração quentinho. Era fofo. Apaixonante. O sorriso não sumia nunca, a empolgação era contagiante e sua nostalgia era sentida facilmente. Ela estava feliz, eu estava feliz por vê-la assim. Era tão honesto...

— Aqui. – Achou assim que colocou os pés na sessão, segurou o livro grande de capa dura e virou-se para mim em seguida, deixando-me ler o título. – Vamos, vou pagar.

Tying Cherry Knots | SaiDaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora