27. Body Electric².

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Body Electric² – Lana Del Rey

"Não precisamos de ninguém
Porque nós temos uns aos outros
Ou pelo menos eu finjo"

*

Pov Dahyun





Contei até dez mentalmente algumas vezes para tentar manter a calma. Eu sabia que o que eu estava prestes a fazer não era necessário de fato, mas não iria voltar atrás também. Não pensei muito sobre, talvez se o tivesse feito, se tivesse divido com alguém, minha atitude final seria outra, mas isso não aconteceu.

Eu agi como sempre ajo em momentos assim, momentos de tensão, de crise, momentos em que não me conheço direito e a única coisa que sinto vontade de fazer é me isolar, maltratar a mim mesma como se eu merecesse tudo de ruim que me acontece. Assim o fiz, assim sigo.

— Kim Dahyun! – Ouço uma voz estridente, aguda e irritada. Reconheço, contudo, o timbre pertencer a alguém quisto não só por mim, mas por toda escola. Viro-me e quando encontro a dona, encaro-a. Era Tiffany. Ela tinha um semblante bravo, decepcionado e rígido. – O que você fez?! – Perguntou ainda de forma alta e grosseira quando se aproximou de mim e da danação da vez.

— Gostou? – Perguntei adotando um personagem descontraído, o que costumo usar em ocasiões do tipo. – Fiz quase sozinha! – Afirmei sorridente e orgulhosa, mesmo que por dentro eu estivesse com muito medo.

O som da festa cessou, os olhares queimavam sobre mim e a professora de inglês estava confusa, mexia-se sem rumo, sem ideia do que fazer diante de toda essa bagunça. Os planos mudaram um pouco, mas nem tanto. A festa ainda iria ser destruída e era exatamente isso que estava acontecendo agora.

— Por que você fez isso? – Young perguntou aflita, agoniada e confusa. Ela não conseguia entender nada daquilo e todos estavam como ela. – Responde, Dahyun.

— Porque ela é uma selvagem! – Yuna respondeu após limpar o rosto que antes estava completamente sujo de tinta. – Quis acabar com a festa e comigo! Olha, professora! Veja como estou, minha situação... – Fez drama, mas era cabível, afinal eu tinha acabado de puxar uma cordinha que derramava tinta em mim e na Shin.

— Yuna, não comece! – A Young repreendeu irritada, deixando a garota confusa e me fazendo rir um pouco do sucesso já garantido do plano. – Não pense que vai me fazer de idiota ou me enganar como faz com muitos, inclusive o coitadinho do seu tio Wang.

— Como é? – Ela perguntou confusa, com o cenho franzido e os olhos arregalados. – Eu não fiz nada! Eu juro!

— Garota, eu sei que fez. – Rebateu segura e ainda muito irritada. Olhou-me de cima a baixo, analisou toda a bagunça no salão e suspirou fundo até continuar. – Saiam daqui, vão se limpar e depois disso quero as duas na sala do diretor! – Berrou e nós assentimos assustadas. – A música pode retornar. Continuem dançando, a festa não acabou. Vou pedir para limparem isso tudo... – Saiu de perto cuidando para não sujar ainda mais os sapatos e imediatamente à sua fala, as ordens que deu foram acatadas.

Segui caminhando ao lado de Yuna até o banheiro mais próximo. Nós não dizíamos uma palavra, não fazíamos som algum. O silêncio entre mim e ela era ensurdecedor, até assustador, afinal é como dizem: antes da tempestade, vem a calmaria. Eu sabia que a Shin não iria engolir isso quieta, nem muito menos sem tentar uma vingança, então me preparei psicologicamente desde já.

— O que porra foi aquela, Kim? – Soltou finalmente enquanto nós duas terminávamos de secar os rostos recém lavados. – Eu não entendi porra nenhuma.

— Melhor assim. – Dei de ombros.

— Não vai me explicar? – Encarou meu rosto com certa raiva e eu tive de acatar por receio.

Tying Cherry Knots | SaiDaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora