Aurora e a Garrafa Mágica

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Aurora era uma fadinha loira de olhos azuis, que parecia uma menina de sete anos em miniatura. Ela tinha asas transparentes que brilhavam ao sol. Ela se preocupa muito com a sua beleza e não tolera nada que a estrague. Ela passa horas se embelezando e se maquiando no jardim das flores. Ela odeia que algo suje o seu rosto perfeito ou rasgue as suas asas delicadas. Ela costuma chamar as pessoas de favelado, por zombaria, provocação ou brincadeira.

Um dia, ela estava voando pelo jardim, quando viu algo brilhante no meio das plantas. Ela se aproximou e viu que era uma garrafa de vidro com um líquido amarelo dentro. Ela leu o rótulo e viu que era cachaça 51, uma bebida alcoólica muito forte e popular no Brasil. Ela ficou curiosa e pegou a garrafa na mão. Ela achou que era um perfume ou um elixir de beleza, e resolveu experimentar.

Ela abriu a tampa e sentiu um cheiro forte e ruim. Ela fez uma careta e pensou que era um produto vencido ou estragado. Ela decidiu jogar fora, mas antes resolveu esfregar a garrafa para limpar a poeira que tinha nela.

Para sua surpresa, assim que ela esfregou a garrafa, uma fumaça azul saiu dela e se transformou em um macaquinho marrom com um colete azul. Era Zahir, um jiin, um ser mágico da cultura árabe e pré-islâmica. Ele podia mudar de forma e realizar os desejos dos humanos, mas ele tinha um senso de humor muito estranho e sem lógica. Ele se divertia dizendo ou fazendo coisas que não tinham nada a ver com a situação, mas que ele achava que eram engraçadas ou normais. Ele ficava irritado quando os humanos pediam desejos bobos e fáceis, e às vezes os atendia de maneira literal ou exagerada, criando confusão e problemas para quem os fez.

Zahir olhou para Aurora com um sorriso malicioso e disse:

- Salam aleikum, favelada! Eu sou Zahir, o jiin da garrafa! Você me libertou do meu cativeiro e agora eu vou te conceder três desejos! Mas cuidado com o que você pede, porque eu posso te surpreender!

Aurora ficou assustada e confusa com a aparição do macaquinho falante. Ela não entendeu nada do que ele disse, mas percebeu que ele era um ser mágico como ela. Ela pensou que ele era um amigo ou um parente distante dela.

Ela sorriu e disse:

- Oi, Zahir! Você é muito fofo! Você é uma fada também? Você tem asas? Você sabe voar? Você sabe fazer mágica? Você quer brincar comigo?

Zahir ficou irritado com as perguntas infantis de Aurora. Ele achou que ela estava zombando dele ou o subestimando.

Ele respondeu:

- Não, sua burra! Eu não sou uma fada! Eu sou um jiin! Eu não tenho asas! Eu sei voar porque eu posso mudar de forma! Eu sei fazer mágica porque eu posso realizar os desejos dos humanos! E eu não quero brincar com você! Eu quero que você me peça os seus três desejos logo, para eu poder voltar para a minha garrafa e dormir em paz!

Aurora ficou ofendida com as palavras de Zahir. Ela achou que ele era um mal educado e um grosso.

Ela disse:

- Nossa, que chato! Você não é nada simpático! Você não sabe falar direito! Você não tem modos! Você não tem graça! Você não tem amigos!

Zahir ficou ainda mais irritado com os insultos de Aurora. Ele achou que ela era uma metida e uma mimada.

Ele disse:

- E você, sua chata! Você não é nada inteligente! Você não sabe ouvir direito! Você não tem respeito! Você não tem noção! Você não tem limites!

Os dois começaram a discutir e a trocar ofensas. Eles se xingaram de tudo quanto é nome e se provocaram de todas as formas. Eles se esqueceram da garrafa, dos desejos e da mágica. Eles só queriam se irritar um ao outro.

A discussão durou horas, até que eles ficaram cansados e sem assunto. Eles se calaram e se olharam com raiva. Eles perceberam que eles eram muito diferentes e que eles não se davam bem.

Aurora pensou:

- Que macaquinho mais chato! Ele é tão feio, tão bobo, tão sem graça! Ele não sabe nada de beleza, de harmonia, de criatividade! Ele só sabe fazer mágica ruim, que causa confusão e problema! Ele não serve para nada!

Zahir pensou:

- Que fadinha mais chata! Ela é tão loira, tão boba, tão vaidosa! Ela não sabe nada de humor, de ironia, de surpresa! Ela só sabe fazer mágica boa, que cria encanto e ilusão! Ela não serve para nada!

Os dois se odiaram e se desprezaram. Eles se arrependeram de terem se encontrado. Eles quiseram se livrar um do outro.

Aurora disse:

- Sabe de uma coisa? Eu não quero mais os seus desejos! Eu não quero mais você por perto! Eu quero que você suma daqui!

Zahir disse:

- Sabe de outra coisa? Eu também não quero mais os seus desejos! Eu também não quero mais você por perto! Eu quero que você suma daqui!

Os dois disseram ao mesmo tempo:

- Eu desejo que você desapareça!

E assim foi feito.

Zahir voltou para a sua garrafa e Aurora voltou para o seu jardim. Eles nunca mais se viram nem se falaram. Eles nunca mais se lembraram um do outro. Eles nunca mais se importaram um com o outro.

Eles perderam a chance de se conhecerem melhor, de se entenderem melhor, de se respeitarem melhor. Eles perderam a chance de aprenderem algo novo, de experimentarem algo diferente, de descobrirem algo surpreendente. Eles perderam a chance de crescerem como seres mágicos, como seres humanos, como seres vivos.

Eles perderam a chance de serem felizes.

"Não julgue um livro pela capa, nem uma garrafa pelo rótulo".

"Não julgue um livro pela capa, nem uma garrafa pelo rótulo"

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Fim

Quiméricos Astrais- Desventuras Mágicas(vol.I)Where stories live. Discover now