•Aurora e o Funeral•

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Aurora estava entediada. Ela não tinha nada para fazer naquele dia. Ela já tinha se arrumado, se maquiado, se perfumado e se enfeitado. Ela já tinha brincado, cantado, dançado, desenhado. Ela já tinha voado pelo mundo, visto coisas bonitas, conhecido pessoas interessantes. Ela já tinha feito tudo o que podia para se divertir. Mas nada a satisfazia. Ela queria algo novo, algo diferente, algo surpreendente.

Ela decidiu sair de casa e voar pelo mundo, em busca de alguma aventura. Ela voou alto e rápido, sem rumo nem destino. Ela só queria encontrar algo que chamasse a sua atenção.

Ela viu muitas coisas interessantes pelo caminho: flores, animais, paisagens, pessoas, etc. Mas nada a impressionava. Ela já tinha visto tudo aquilo antes. Ela queria algo que a surpreendesse.

Ela voou por horas e horas, até que chegou a uma vila humana. Ela sentiu um cheiro estranho no ar. Era um cheiro de tristeza, de dor, de morte. Ela ficou curiosa. Ela queria saber o que estava acontecendo naquela vila.

Ela usou um feitiço para se disfarçar de humana, para não chamar a atenção. Ela se fez parecer com uma menina de sete anos, que era o seu tamanho real. Ela tinha cabelos loiros, olhos azuis e roupas simples. Ela estava bonita, fofa, inocente.

Ela entrou na vila e viu que havia um funeral acontecendo. Havia um caixão aberto no meio da praça, rodeado de pessoas chorando. Havia um homem morto dentro do caixão, com o rosto pálido e os olhos fechados. Ele era o prefeito da vila, que tinha morrido de uma doença misteriosa.

Ela ficou intrigada. Ela nunca tinha visto um funeral antes. Ela não entendia por que as pessoas estavam tristes por causa da morte de alguém. Ela não se importava com a morte de ninguém.

Ela se aproximou do caixão e olhou para o homem morto. Ela achou ele feio, velho e sem graça. Ela não viu nada de especial nele.

- Que homem é esse? - ela perguntou, em voz alta. - Ele é o mais feio que eu já vi!

As pessoas que estavam perto do caixão ouviram o que ela disse e ficaram chocadas. Elas acharam que ela era uma menina mal-educada e sem coração.

- Como você pode dizer isso? - uma mulher disse, indignada. - Ele era o nosso prefeito! Ele era um homem bom e justo!

- Bom e justo? - Aurora perguntou, sarcástica. - Então por que ele morreu?

- Ele morreu de uma doença misteriosa! - um homem disse, revoltado. - Ele foi vítima de uma maldição!

- Maldição? - Aurora perguntou, divertida. - Quem lançou a maldição nele?

- Nós não sabemos! - uma criança disse, assustada. - Mas dizem que foi uma bruxa!

- Uma bruxa? - Aurora perguntou, curiosa. - E como ela era?

- Ela era velha e feia! - outra criança disse, tremendo. - Ela tinha cabelos brancos, olhos negros e dentes podres!

- Velha e feia? - Aurora perguntou, irônica. - Então ela era parente dele?

As pessoas ficaram furiosas com a piada da Aurora. Elas acharam que ela era uma menina cruel e sem noção.

- Como você pode dizer isso? - uma velha disse, ofendida. - Ele era o nosso parente! Ele era um homem amado e respeitado!

- Amado e respeitado? - Aurora perguntou, cínica. - Então por que ele está morto?

- Ele está morto porque Deus quis assim! - um padre disse, severo. - Ele foi chamado para o céu!

- Céu? - Aurora perguntou, confusa. - E o que é o céu?

- O céu é o lugar onde as pessoas boas vão depois da morte! - o padre disse, paciente. - É um lugar lindo, cheio de paz e alegria!

- Lindo, cheio de paz e alegria? - Aurora perguntou, duvidosa. - Então ele não vai se sentir em casa lá?

As pessoas ficaram indignadas com a piada da Aurora. Elas acharam que ela era uma menina blasfema e sem alma.

- Como você pode dizer isso? - o padre disse, irritado. - Ele era o nosso amigo! Ele era um homem santo e virtuoso!

- Santo e virtuoso? - Aurora perguntou, debochada. - Então por que ele está fedendo?

As pessoas ficaram enojadas com a piada da Aurora. Elas acharam que ela era uma menina nojenta e sem vergonha.

- Como você pode dizer isso? - um médico disse, envergonhado. - Ele era o nosso paciente! Ele era um homem saudável e forte!

- Saudável e forte? - Aurora perguntou, zombeteira. - Então por que ele está morto?

As pessoas ficaram sem paciência com a piada da Aurora. Elas acharam que ela era uma menina chata e sem graça.

- Chega! - um policial disse, autoritário. - Você não tem respeito por ninguém! Você não tem educação, nem coração, nem alma!

- Educação, coração, alma? - Aurora perguntou, inocente. - E o que são essas coisas?

As pessoas ficaram sem resposta para a pergunta da Aurora. Elas não sabiam como explicar para ela o que eram essas coisas.

Elas perceberam que ela era uma menina diferente de todas as outras. Ela não era humana. Ela era uma fada.

Elas ficaram com medo dela. Elas pensaram que ela era a bruxa que tinha matado o prefeito. Elas queriam se livrar dela.

Elas pegaram pedras, paus, facas e fogo, e atacaram a Aurora. Elas queriam matá-la.

Aurora ficou assustada com a reação das pessoas. Ela não esperava por aquilo. Ela não entendia por que elas estavam tão bravas com ela.

Ela usou um feitiço para se livrar do disfarce de humana, e voltar à sua forma de fada. Ela mostrou a todos a sua verdadeira aparência. Ela tinha cabelos loiros, olhos azuis e asas transparentes. Ela estava linda, maravilhosa, perfeita.

Ela usou outro feitiço para se proteger das pedras, dos paus, das facas e do fogo. Ela criou uma barreira mágica em volta de si mesma, que refletia os ataques das pessoas. Ela ficou segura e intocável.

Ela usou mais um feitiço para escapar das pessoas. Ela criou uma nuvem de fumaça colorida, que cobriu toda a praça. Ela aproveitou a confusão para voar para longe dali. Ela ficou livre e feliz.

Ela voltou para casa voando, aliviada e orgulhosa. Ela tinha escapado daquela situação perigosa. Ela tinha se divertido com aquela aventura.

Ela aprendeu uma lição importante naquele dia: "a vida é uma piada sem graça, mas a morte é uma piada pior ainda".

Fim

Quiméricos Astrais- Desventuras Mágicas(vol.I)Where stories live. Discover now