Quiméricos Astrais- Desventuras Mágicas(vol.I)

zabulon e o Falecido João da Silva

Zabulon estava entediado. Ele já tinha feito todas as suas travessuras habituais, como soltar pum na igreja, trocar os remédios dos velhinhos, e colocar laxante na comida dos restaurantes. Ele queria algo novo, algo mais divertido e desafiador. Ele pensou em várias ideias, mas nenhuma lhe agradou. Até que ele viu um cartaz anunciando um funeral.

Ele leu o nome do falecido: João da Silva. Ele não conhecia o sujeito, mas isso não importava. Ele só queria se divertir às custas dos outros. Ele decidiu que iria ao funeral e faria alguma coisa para estragar a cerimônia. Ele se teletransportou para o local indicado no cartaz, e chegou bem na hora em que o caixão estava sendo levado para o cemitério.

Ele se misturou entre os parentes e amigos do morto, fingindo ser um primo distante. Ele cumprimentou alguns deles com falsa simpatia, e se aproximou do caixão. Ele viu que o defunto estava com uma expressão serena no rosto, como se estivesse dormindo. Ele achou aquilo muito chato. Ele queria ver o morto com uma cara de terror, de dor, de agonia. Ele teve uma ideia.

Ele esperou até que ninguém estivesse olhando, e usou as suas unhas afiadas para cortar um pedaço da roupa do morto. Ele pegou o tecido e colocou na boca do defunto, empurrando-o para dentro com o dedo. Ele fez isso várias vezes, até que a boca do morto ficasse cheia de pano. Depois, ele usou as suas unhas novamente para costurar os lábios do morto, fechando-os com força. Ele sorriu satisfeito com o seu trabalho. Agora o morto parecia estar sufocando, engasgado com a própria roupa.

Ele se afastou do caixão e foi para o meio da multidão. Ele esperou até que o padre começasse a falar as suas palavras de consolo e esperança. Então, ele usou a sua habilidade de imitar vozes e sussurrou no ouvido do padre:

- Padre, sou eu, João da Silva. Estou vivo! Me tire daqui! Eles me enterraram vivo!

O padre ficou assustado e olhou para os lados, tentando descobrir de onde vinha a voz. Ele não viu ninguém que pudesse ser o autor daquela brincadeira de mau gosto. Ele achou que estava ficando louco, ou que era uma tentação do demônio. Ele tentou ignorar a voz e continuou a sua fala.

- Meus irmãos e irmãs, estamos aqui para nos despedir do nosso querido João da Silva...

- Padre, pelo amor de Deus! Me ajude! Eu estou sentindo dor! Eles me encheram de algodão! Eu não consigo respirar!

A voz voltou a falar no ouvido do padre, agora mais alta e desesperada. O padre sentiu um calafrio na espinha e olhou para o caixão. Ele viu que o rosto do morto estava diferente, como se estivesse sofrendo. Ele ficou em dúvida se era uma ilusão ou uma realidade.

- Padre, por favor! Abra o caixão! Me salve! Eu não quero morrer!

A voz gritou no ouvido do padre, fazendo-o perder a compostura. Ele largou o microfone e correu até o caixão. Ele tentou abri-lo com as mãos, mas estava trancado. Ele pediu ajuda aos outros presentes, mas ninguém entendeu o que estava acontecendo.

- O que é isso, padre? O senhor está bem?

- Abra o caixão! Rápido! O João está vivo!

- Como assim? O João está morto!

- Não está não! Eu ouvi a voz dele! Ele está sofrendo!

- O senhor está delirando! Isso é impossível!

- Não é não! Venham ver! Ele está com a boca costurada!

O padre apontou para o rosto do morto, que agora estava todo deformado. As pessoas ficaram horrorizadas com a cena e começaram a gritar e a chorar. Algumas desmaiaram, outras vomitaram, outras saíram correndo. O caos se instalou no funeral.

Zabulon assistiu a tudo com um sorriso malicioso no rosto. Ele se divertiu muito com a reação das pessoas, que ficaram em pânico e desespero. Ele achou que tinha feito a sua melhor travessura até então. Ele se teletransportou para longe, antes que alguém pudesse perceber a sua presença. Ele foi procurar outra vítima para as suas brincadeiras.

Fim.