Zabulon e a Morte

1 1 0
                                    

Zabulon estava entediado no inferno. Ele já tinha feito todas as suas travessuras habituais, como colocar pimenta na comida dos demônios, soltar bombinhas nas reuniões de Lúcifer, e trocar as placas dos círculos infernais. Ele queria algo mais desafiador, algo que ninguém jamais tinha feito antes. Ele queria pregar uma peça na morte.

A morte era uma figura temida por todos, até mesmo pelos demônios. Ela era a responsável por ceifar as almas dos vivos e levá-las para o seu destino final. Ela era implacável, imparcial e silenciosa. Ela sempre carregava a sua foice, uma arma afiada e brilhante que cortava o fio da vida com um só golpe. Zabulon achava que a morte era muito séria e precisava de um pouco de diversão.

Ele bolou um plano simples, mas eficaz. Ele iria grudar um chiclete na foice da morte, sem que ela percebesse. Ele imaginou a cena: a morte chegando para levar uma alma, erguendo a sua foice, e descobrindo que havia um chiclete rosa e grudento preso na lâmina. Ela ficaria furiosa, tentando tirar o chiclete, mas só conseguiria espalhar mais. A alma escaparia, e a morte seria motivo de piada para todos. Zabulon riu só de pensar.

Ele pegou um pacote de chicletes que ele tinha roubado de uma loja de conveniência e se teletransportou para o nosso mundo. Ele sabia que a morte estava sempre ocupada, então ele só precisava encontrar um lugar onde ela estivesse trabalhando. Ele pensou em alguns lugares onde as pessoas morriam com frequência: hospitais, guerras, acidentes de trânsito... Ele escolheu o último, pois achava que seria mais fácil se aproximar da morte sem ser notado.

Ele voou pelo céu, procurando por algum sinal de um acidente. Ele logo avistou uma cena caótica: dois carros batidos em uma estrada movimentada, com fumaça, fogo e sangue. Ele viu várias pessoas feridas, algumas já sem vida. Ele também viu a morte, vestida com um manto negro e capuz, caminhando entre os destroços com a sua foice na mão. Ela parecia indiferente ao sofrimento alheio.

Zabulon se aproximou sorrateiramente da morte, tentando não chamar a sua atenção. Ele esperou o momento certo para agir: quando ela estivesse prestes a levar uma alma. Ele viu que ela se dirigiu a um homem que estava preso no volante de um dos carros. Ele estava inconsciente e respirava com dificuldade. A morte tocou o seu peito com a sua mão esquelética e ele parou de respirar.

Zabulon aproveitou a distração da morte e voou rapidamente até a sua foice. Ele tirou um chiclete do pacote e o colocou na lâmina da foice, pressionando bem para grudar. Ele fez tudo isso em questão de segundos, sem fazer barulho ou movimentos bruscos. Ele se afastou da morte e se escondeu atrás de um arbusto para ver o resultado da sua pegadinha.

A morte levantou a sua foice para cortar o fio da vida do homem morto. Ela não notou nada de diferente na sua arma até que fosse tarde demais. Ela desceu a foice com força e ouviu um som estranho: "plac". Ela olhou para a sua foice e viu o chiclete rosa grudado na lâmina. Ela ficou confusa e irritada ao mesmo tempo.

Ela tentou tirar o chiclete da foice, mas só conseguiu piorar a situação. O chiclete se esticou e se enrolou na foice, formando uma massa pegajosa e nojenta. Ela puxou o chiclete com mais força, mas ele não saía. Ela ficou cada vez mais frustrada e impaciente.

Zabulon assistia a tudo com um sorriso malicioso no rosto. Ele achou que a sua pegadinha tinha sido um sucesso. Ele riu baixinho, mas alto o suficiente para que a morte o ouvisse.

- Quem está aí? - perguntou a morte, com uma voz fria e assustadora.

Zabulon não se conteve e soltou uma gargalhada alta e escandalosa. Ele saiu do seu esconderijo e se mostrou para a morte.

- Sou eu, Zabulon, o rei da zoeira, o mestre da sacanagem e o imperador da pilantragem! - ele disse, orgulhoso de si mesmo.

A morte olhou para ele com uma expressão de ódio e desprezo. Ela reconheceu o diabrete que tinha nascido das cinzas de um demônio que ela tinha ceifado há muito tempo. Ela sabia que ele era o responsável pelo chiclete na sua foice.

- Você... Você fez isso? - ela perguntou, incrédula.

- Claro que sim! Foi a melhor pegadinha de todos os tempos! Você viu a sua cara? Foi impagável! - ele disse, rindo ainda mais.

- Seu verme insolente! Você não sabe com quem está mexendo! Você vai pagar caro por isso! - ela disse, furiosa.

Ela tentou atacar Zabulon com a sua foice, mas o chiclete atrapalhou os seus movimentos. Ela não conseguia acertar o diabrete, que voava de um lado para o outro, zombando dela.

- O que foi? Não consegue me pegar? Sua foice está muito pesada? Precisa de uma ajuda? - ele disse, provocando-a.

- Cale a boca! Cale a boca! Cale a boca! - ela gritou, descontrolada.

Ela continuou tentando acertar Zabulon, mas sem sucesso. Ela estava tão concentrada em se vingar dele que não percebeu que estava sendo observada por outras pessoas. Algumas testemunhas do acidente tinham visto a cena e ficaram chocadas com o que viram. Elas viram uma figura encapuzada com uma foice suja de chiclete perseguindo um bebê alado com chifres e cauda. Elas não sabiam o que pensar ou fazer. Elas tiraram fotos e vídeos com os seus celulares e compartilharam nas redes sociais.

Em pouco tempo, a história se espalhou pela internet. As pessoas ficaram intrigadas e curiosas com o que tinham visto. Elas fizeram memes, piadas e teorias sobre a morte e o diabrete. A morte virou motivo de chacota para todos. Ela perdeu toda a sua credibilidade e respeito.

Zabulon conseguiu escapar da morte e voltou para o inferno. Ele ficou sabendo da repercussão da sua pegadinha e ficou muito satisfeito. Ele achou que tinha feito uma boa ação para o mundo, mostrando que até mesmo a morte podia ser ridicularizada. Ele se sentiu o maior troll de todos os tempos.

Ele não sabia, porém, que a morte não iria desistir de se vingar dele. Ela jurou que iria encontrar Zabulon novamente e fazer ele pagar pelo que fez. Ela iria ceifar a sua alma e levá-la para um lugar pior do que o inferno. Ela iria fazer ele sofrer por toda a eternidade.

Fim.

Quiméricos Astrais- Desventuras Mágicas(vol.I)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin