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•VIOLLET•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


O amor era um sentimento profundo onde envolvia uma certa complexidade que precisava de tempo para entender, o sentimento que poderia ser colocado em várias maneiras. O amor entre uma mãe e o filho, o amor por algum ídolo, o amor de uma amizade, o amor romântico... Um sentimento complicado do qual precisava ser atento para não transformar em um veneno.

Eu nunca entendi em que momento podíamos perceber que estávamos amando alguém, sempre achei que seria no exato contexto de você olhar nos olhos daquela pessoa e saber que aquele ser era pertencente do seu coração, mas não era bem assim.

Fazia dois dias que tinha deixado a casa dos meus professores com muita relutância, não queria ter que sair daquele lugar que me fazia tão bem, mas Alicce não podia mais encobrir minhas mentiras para o meu pai e ele já desconfiava o suficiente de mim.

O dia brilhava lá fora com um sol grande e calorento, o clima de Long Beach estava cada vez mais difícil de entender. Anos morando nesse lugar e ainda não tinha me adaptado as mudança climáticas repentinas.

Sai do meu quarto com o celular em minhas mãos e mantive minha concentração na tela onde conseguia conversar com meus professores. Era tão estranho participar dessa coisa louca com um casal que nem percebia em que momento me acostumei com esse relacionamento estranho, as coisas simplesmente passaram a se tornar mais naturais.

Andei com pouca atenção pelo corredor e antes que eu conseguisse virar para ir em direção as escadas meu corpo trombou com um tronco firme e finalmente tirei os olhos do aparelho assim que percebi quem era. Observei meu pai com um sorriso que sabia que ele não resistiria e deixaria de brigar comigo.

— Viollet...

— Bom dia, papai — Abracei a figura masculina e vi ele soltar uma risada rouca.

— Esperta como sempre — Ele deixou um beijo no topo de minha testa — Vejo que hoje você vai jantar cedo.

— Pelo jeito sim, quero curtir o dia de amanhã e decidi que vou acordar cedo.

— Você disse isso ontem e acordei meio dia — O homem me olhou como se não colocasse firmeza em minhas palavras.

— Era uma situação muito diferente! — Me expliquei recebendo mais uma sequência de risada.

— Tudo bem, a janta já está na mesa — E foi nesse momento que reparei que suas intenções não era jantar comigo.

— Onde o senhor vai? — Cruzei os braços e o olhei desconfiada.

— Vou jantar com Gustavo, ele preparou algo diferente hoje, se quiser ir comigo não têm problema.

Meu pai era um homem ocupado que sempre estava tentando conciliar a vida profissional e pessoal, os jantares com seu amado em finais de semana era comum e tudo que eu menos precisava era interferir isso e acabar passando por uma situação que me deixaria traumatizada. Não estava em minha lista atrapalhar os momentos íntimos de meu pai.

— Não se preocupe, já falei que quero fazer uma rotina diferente amanhã, mas se cuide e não faça nada que eu faria — Ou seja , não transe com seus professores.

— Tá legal, vou só pegar minha carteira e amanhã estou de volta.

— Te amo!

— Eu também, querida! — Ele passou por mim e foi em direção ao seu quarto. Gostava de vê-lo feliz desse jeito.

Prossegui meu caminho aproveitando para dá uma pausa em minha conversa com meus professores e fui até a cozinha onde fui recebida com um cheiro apetitoso de comida bem feita, podia me acabar com tantos mantimentos assim.

Fui em direção a mesa de jantar e peguei um prato para começar a me servir de tudo o que eu queria. Antes que eu pudesse me sentar para fazer minha refeição passos vieram atrás de mim e derrepente a figura feminina surgiu, meu corpo ficou tenso aos poucos.

Não era só em minha vida romântica que as coisas andavam difíceis, em casa também havia algumas coisas fora de ordem e uma delas era minha mãe que de algum jeito se enfiou aqui. A loira me olhou abrindo um sorriso lindo, as vezes me esquecia de nossa semelhança e sentia que estava em frente a um espelho mais envelhecido.

— Acho que hoje só vai ser nós duas — Sabrina falou assim que o barulho de porta se fechando apareceu. Ela se aproximou — Precisa de ajuda?

— Ah não, obrigada — Não podia dizer que isso era muito ruim. Já tivemos um relacionamento muito mais abalado.

O silêncio ficou por nós durante um tempo bem difícil e assim que ela se sentou a minha frente para comer percebi que seria um jantar longo e difícil.

— Quando você vai voltar de férias, Viollet?

— Vai demorar algumas semanas.

— Eu sei que pode ser um pouco repentino, mas pensei que a gente poderia sair um dia juntas, conversei com seu pai e ele me avisou que não tinha planos de viagem para as férias de meio de ano.

— Têm algum lugar em mente? — Eu me esforçava mesmo para deixar um clima melhor.

— Não sei, ainda tô conhecendo a cidade, mas se quiser recomendar algum passeio eu aceito a sugestão.

— Por que não vamos na festa de aniversário do vovô? Chegou um envelope ontem e meu pai disse que seria aniversário dele em breve, eu gostaria de conhecer um pouco mais da sua família — Assim que as palavras sairam de minha boca me arrependi instantaneamente, ela pareceu se chatear.

Eu tinha medo de falar com a minha mãe, essa era verdade. Não sabia como me comunicar com ela, nunca tive uma presença feminina que fosse dessa significância mas agora as coisas eram diferentes, depois dos concelhos que ouvi de Jane me tornei muito mais disposta a fazer isso da certo, não queria afasta-la de mim.

— Desculpa se falei algo que não devia, eu só pensei que...

— Não, não é nada disso, só é engraçado a situação.

— Pode me contar por quê?

— Se avô me tirou de perto de você simplesmente por não aceitar sua existência e agora manda convites de aniversário como se fossem íntimos, é algo estranho — Tentei não me chocar com tal revelação.

Sabia brevemente o motivo de minha mãe ter ficado longe por tanto tempo, mas nunca ouvi isso de sua boca, parecia um assunto delicado para a loira e eu não podia culpar ela por isso. Sua infância não tinha sido das melhores.

Levei minha mão até a dela e apertei com um pouco de firmeza. Minha mãe ficou surpresa com minha atitude mas mesmo assim vi um pingo de emoção de felicidade em seus olhos que me fez sentir um pouco melhor, sorri para ela.

Um relacionamento estável entre mãe e filha, era isso que eu desejava, ultimamente corria de tudo que envolvesse conflito e dor de cabeça, merecia oferecer um pouco de perdão as pessoas.

— Podemos ir em um parque amanhã, o que acha?

Para Sempre Nós TrêsWhere stories live. Discover now