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•VIOLLET•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝

Não sabia em qual momento exato eu tinha conseguido me enfiar em um buraco tão profundo que sequer conseguia vê a luz no fim do túnel, mas eu tinha a certeza que as minhas péssimas tomadas de decisões era culpa de alguma maldição lançada em mim. Não era possível que um ser fosse tão burro a ponto de conseguir se ferrar até mesmo no amor, a coisa mais linda que existia.

Quando era pequena minha visão sobre relacionamentos era a mais pura possível, sempre achei que meus problemas se resolveriam com algum príncipe encantado vindo me salvar. Durante nossa adolescência, um relacionamento se torna quase necessário onde todos querem ter. Mas quando se passa pela fase adulta tudo o que você menos quer é um namoro.

Talvez fosse exagero da minha parte, eu tinha apenas dezoito anos e minha alma já estava com um espírito de setenta, mas eu sabia que nem tudo estava nos eixos. E o que se pode fazer para concertar isso?

Eu poderia afirmar com certeza que a causa das minhas noites mal dormida tinham nomes e sobrenomes e evitar seria a melhor escolha possível. Mas como ignora duas pessoas que você precisa vê todos os dias te dando aula na frente de uma turma inteira? Ninguém pode me culpar por me achar amaldiçoada.

O tempo já estava se fechando e as nuvens cobriam o sol acompanhadas de um brisa gelada, minha pele pedia por mais algumas camadas de roupa. Esperava que não fosse chover, pelo menos não esquento eu estivesse na rua.

Geralmente eu era do tipo que gostava de um pouco de drama na rotina, acompanhada de uma boa música da Taylor Swift, mas no momento eu estava perdida de mais nos meus devaneios de culpa. Se apaixonar pelos professores, têm algo mais burro que isso?

Respirei fundo e apressei meu passo vendo minha casa em minha frente. Estava na hora de esquecer toda aquela discussão com Michael e qualquer coisa que envolvesse os dois, eles não tinham o direito de mandar nos meus pensamentos, pelo menos não em casa.

Abri a porta totalmente aliviada por ter chegado sem nenhum sinal de chuva e tranquei ela assim que coloquei meus pés para dentro. O ambiente ficou rapidamente mais quente.

A essas horas meu pai deveria está trabalhando ou trancado no seu escritório, sempre tive orgulho da dedicação dele com o trabalho e a forma que mesmo tão ocupado ainda dava toda a atenção que eu precisava, mesmo que agora não estivesse conseguindo reconciliar tudo.

Passei pelo corredor e fui em direção as escadas pensando em como planejaria alguma coisa para fazermos juntos. Não podia evita-lo para sempre, não é como se desse para meu pai perceber que eu estava caidinha pelos meus professores apenas com o olhar.

Todos os cômodos estava cobertos por falta de luz natural e um silêncio aconchegante. Perfeito para um bom banho e uma tarde de arrumação, era bom não ter nenhuma atividade da escola.

Respirei fundo e o único movimento que consegui fazer foi subir um degrau antes que uma voz atrás de mim me atrapalhasse. Meu coração gelou.

— Viollet?

— Ai meu Deus! — Coloquei a mão em meu peito tentando acalmar meu coração — Que susto pai!

— Desculpa, querida — Vi seu semblante sério — Você demorou hoje, teve aulas particulares?

— Ah, não, só precisei resolver algumas coisas do grêmio — Tentei não me encolher ao ouvir sobre as aulas — Por que está em casa? Eu ia arrumar minhas malas agora para a viagem da escola, mas posso fazer um jantar para nós dois.

— Acho que vamos ter que deixar para outro dia.

— Por que? Vamos convidar o Gustavo também, assim jantamos todos juntos — Abri um sorriso para ele mas nada chegou ao seus olhos tenebrosos — O senhor está bem? Parece estranho...

A mudança de assunto não foi um completo papo furado, ele tinha uma sombra nos olhos diferente. Será algo relacionado ao trabalho?

— Será que pode me desculpar?

— Do que tá falando? — Eu estava começando a ficar mais preocupada que o normal.

— Viollet...

Antes que ele terminasse de falar uma figura feminina surgiu na parte das escadas. A mulher me olhou com choque nos olhos.

A loira que tinha olhos azuis de bonecas, um corpo magro estilo modelo e roupas confortáveis mas modernas, pareceu diante de um choque de emoções. Confusão se instalou em mim imediatamente.

— Viollet? — Vi as lágrimas se formarem no canto dos seus olhos. Que porcaria estava acontecendo? — Por Deus, como você cresceu...

— Ah... Oi?

A desconhecida veio até mim derrepente e me abraçou de forma inesperada, seu aperto fez meu corpo tensionar de forma diferente. Essa louca era algum tipo de babá da minha infância?

Senti suas lágrimas se acumularem em meu ombro e precisei de um tempo para raciocínar o que acontecia. Ela tinha um cheiro bom e familiar, algo doce mas sem nenhum exagero.

— Papai... — Olhei o homem que parecia tão emocionado quanto a mulher que ainda me agarrava — Está tudo bem?

A loira me soltou e abriu um sorriso junto com suas lágrimas que molhava suas bochechas, ela pegou minhas mãos e me olhou de cima a baixo. Seu rosto não era tão desconhecido assim.

— Você está linda querida, muito linda.

— Me desculpa, mas quem é você? — Aquilo era loucura.

— Viollet, sou eu, sua mãe.

Foi como se tudo a minha volta começasse a girar e derrepente até mesmo o som lá fora se desligou. Precisei que o tempo parasse para poder raciocinar aquelas palavras.

Mãe?

Para Sempre Nós TrêsWhere stories live. Discover now