Capítulo 59: Reação química perfeita.

1.3K 224 38
                                    

Quando entrei na sala, encontrei todos os meus amigos brincando com Nina, que latia e não sabia atrás de qual deles ela deveria ir atrás. Aquilo me arrancou uma risada sincera, que acabou com todo sentimento ruim que surgiu assim que vi minha mãe. Olhei para Bernardo quando ele se aproximou, passando o braço ao redor da minha cintura.

—Tudo bem? —Indagou, soando preocupado e cauteloso comigo. Balancei a cabeça que sim, escorando minha cabeça no ombro dele, sem parar de olhar para Nina. Bernardo beijou o topo da minha cabeça, me apertando contra ele. —Eu posso leva-la para a casa dos meus pais. Eles tem espaço e iriam adorar ter um cachorro.

—Nada disso, nos vamos ficar com ela. —Érika afirmou, fazendo Eduardo pegar uma almofada e lançar contra ela, acertando a lateral do seu rosto, o que arrancou uma gargalhada de Júlia e Felipe. —Ei, seu babaca idiota!

—Não podemos ficar com ela, Érika. O apartamento já está apertado com nos quatro aqui dentro. —Felipe murmurou, fazendo Érika bufar, enquanto olhava para Nina como se a cachorra já fosse dela e de mais ninguém. —Se os pais do Bernardo não quiserem, os meus com certeza ficam. Eles já tem um cachorro.

—Vou mandar mensagem pra minha mãe. —Bernardo afirmou, antes de se afastar de mim, ao mesmo tempo que puxava o celular.

Me sentei no sofá, abrindo um sorriso quando Nina veio até mim abanando o rabo, lambendo minha mão quando tentei fazer carinho nela. Seus olhos enormes me encaravam com tanta felicidade, enquanto eu pensava que ela não fazia ideia do que havia acabado de acontecer, ao mesmo tempo que tinha sorte demais por não precisar mais viver com os meus pais.

—Você vai ganhar uma casa nova, garota. —Segurei a cabeça dela, rindo com cara lambida que ela dava na minha mão, choramingando de felicidade. —E nunca mais você vai ser rejeitada de novo, é uma promessa.

Por sorte os pais de Bernardo realmente aceitaram ficar com ela e viriam busca-la amanhã. Bernardo me prometeu que ela seria muito bem cuidada, como se sentisse na obrigação de me garantir aquilo. Mas ele não precisava me falar nada, porque eu tinha certeza disso.

[...]

Minha última aula na segunda de manhã era em um dos laboratórios, fazendo alguns testes. Como normalmente acontecia, eu era sempre a última a terminar, porque fazia tudo na maior lentidão do mundo, o que resultava em eu ficando sozinha no laboratório depois que todo mundo terminava.

Estava começando a achar que Bernardo andava cuidando dos meus horários, porque ele entrou no laboratório assim que o professor saiu, me fazendo morder o lábio para não sorrir, com a lembrança dos nossos primeiros beijos ali. Ele estava de jaleco, com um sorrisinho descarado no rosto enquanto fechava a porta e então se aproximava da minha bancada. Era incrível como ele ficava lindo com o uniforme do time e maravilhoso usando aquele jaleco.

—Sabe que meu professor vai voltar logo. —Sussurrei, soltando uma risada nervosa quando ele girou a bancada até me abraçar por trás, afundando o rosto na curva do meu pescoço, o que me causou um arrepio e me fez fechar os olhos. —E isso é uma péssima ideia.

—Eu só queria roubar um beijo da minha namorada e saber se ela aceita minha humilde companhia no almoço. —Ele beijou minha bochecha, observando os produtos químicos que eu estava misturando ali com uma careta. —Está tentando causar uma explosão?

—Estou tentando expulsar você daqui, na verdade. —Falei, arrancando uma risada dele, antes de me virar e o abraçar pelos ombros, sem conseguir esconder o sorriso enorme que se abria nos meus lábios. —Mas eu aceito o convite para o almoço.

Ele se inclinou, roubando o beijo que havia mencionado mais cedo. Como da primeira vez que havíamos nos beijado no laboratório, ele me prensou contra a bancada, fazendo as coisas sobre ela balançarem, enquanto seus lábios provavam o meu com necessidade, fazendo meu coração chegar a boca e uma onda de calor se espalhar por todo meu corpo.

Aquela faísca entre nós sempre causando uma eletricidade quando nossos lábios se chocavam, deixando tudo ainda mais intenso pra mim. Era como se nós dois fôssemos a reação química perfeita, reagindo um ao outro com a mesma intensidade, sempre prontos para causar uma explosão quando unidos.

—Merda, merda, merda! —Exclamei, empurrando Bernardo quando as coisas viraram sobre a bancada derramando todo o líquido ali. Ele soltou uma gargalhada atrás de mim, se divertindo muito com meu desespero de tentar secar tudo antes que os elementos se misturassem e causassem um estrago. —Para de rir e me ajuda, Bernardo. A culpa toda é sua.

—Minha? —Ele começou a secar as coisas, sem parar de rir um único segundo. —Quem estava pendurada no meu pescoço era você, gatinha. Não posso fazer nada se não consigo deixar minha boca longe da sua.

—Nossa, como eu te odeio. —Sibilei, erguendo os frascos que estavam virados, sentindo o corpo de Bernardo atrás do meu quando ele aproximou a boca da minha orelha, me fazendo estremecer dos pés a cabeça ao sentir sua respiração quente na minha pele.

—Você mente muito mal, sabia? —Questionou, me fazendo morder o interior da bochecha para não sorrir, virando a cabeça para encara-lo por cima do ombro, com nossas bocas ficando próximas mais uma vez, o que certamente resultaria em mais beijos. —A sua sorte é que eu te amo, se não ficaria ofendido com isso.

—A sua sorte é que eu te amo, ou já teria realmente te expulsado daqui por me distrair e arruinar meu trabalho. —Retruquei, ganhando um vislumbre daquelas covinhas fofas nas suas bochechas, antes dele se inclinar e me beijar, ignorando o caos sobre a bancada quando me prensou contra ela de novo, arrancando um suspiro de felicidade de mim.

Não sei quanto tempo ficamos ali, até o professor quase pegar a gente. Dessa vez Bernardo não conseguiu se esconder e nós dois tivemos que disfarçar, inventando uma desculpa para o professor, que nos encarou como se fôssemos loucos, antes de escaparmos do laboratório.

Bernardo segurou minha mão no corredor, entrelaçando nossos dedos antes de corrermos para fora do prédio, rindo até nossas bochechas doerem. Meu coração estava quase explodindo de felicidade, porque eu não conseguia imaginar nada melhor do que viver aquilo com ele.


Epílogo...

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Where stories live. Discover now