Capítulo 11: Sua humildade é comovente.

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Não faço a menor ideia do que estou fazendo aqui, sentada entre Bernardo e Luiz Felipe, jogando Super Mário com eles e Eduardo. Eu deveria estar estudando cálculo, mas estou avançando no mapa enquanto passo as fases com a ajuda deles. Isso é tão estranho que teria me feito rir se fosse em outro momento.

Mas não importa, porque estou me divertindo ouvindo Eduardo falar palavrões sempre que eu morro ou quando ele e Felipe estão discutindo. Bernardo está entre rir dos dois e prestar atenção em mim, me ajudando sempre que alguma parte difícil aparece. Suas covinhas ficam sempre a mostra, o que me distraem sempre que sinto que está sorrindo pra mim e preciso olha-lo.

Só percebi que estava super tarde quando os três começaram a discutir sobre ser a vez de quem fazer o jantar. Eduardo se esquivou da obrigação, murmurando sobre precisar ir buscar a irmã enquanto passava pela porta. Bernardo e Felipe pareceram erguer uma batalha interna, trocando olhares como se um soubesse o que o outro estava pensando.

—Você me deve uma. —Felipe murmurou por fim, ficando de pé e se encaminhando até a cozinha. —Manu, vai jantar aqui, certo?

—Sim. —Bernardo respondeu por mim, o que me fez lançar um olhar carregado na direção dele, me lembrando a pobre maça que seria minha sobremesa se ele não a tivesse roubado na cara dura. Ele pareceu imaginar o que eu estava pensando, porque abriu um sorrisinho sarcástico. —Não esqueci que você me ignorou mais cedo.

—Tinha muita gente com você pra eu ir dar um oi. —Dei de ombros, soltando o controle quando morri de novo e percebi que estava cansada de jogar.

—Tem fobia de pessoas? —Indagou, me fazendo rir e negar com a cabeça.

—Tenho fobia de certas pessoas em especifico. —O corrigi, antes de erguer as sobrancelhas ao me recostar no sofá e olhar pra ele. —Você fazia parte dessas pessoas antigamente.

—Bom saber que você percebeu o erro que era não ser minha amiga, Manuzinha. —Murmurou, me fazendo morder a bochecha quando o sorriso dele se tornou maior e os olhos brilharam em presunção. —Apesar de eu saber que é impossível alguém não resistir aos meus encantos.

—Sua humildade é comovente. —Afirmei, antes de cutucar o peito dele com a ponta do dedo. —A única coisa encantadora em você são suas covinhas, de resto, você ainda está precisando ganhar muitos pontos comigo.

Ele soltou uma risada, notando o tom de zombaria na minha voz. Ele sabia que eu estava brincando sobre ele precisar ganhar alguns pontos, mesmo que a parte das covinhas fosse totalmente verdade. Até alguém com o coração de pedra se derreteria com elas. Não posso negar que ele tem um dos sorrisos mais bonitos que já vi, a ponto de me deixar de pernas bambas algumas vezes.

—Bom saber que gosta das minhas covinhas. —Afirmou, piscando pra mim como se aquela fosse uma informação realmente importante. —A gente acabou nem estudando hoje.

—Sim, mas foi bom. Eu estava um pouco deprimida e isso me animou bastante. —Comentei, abrindo um sorriso. —Seus amigos são legais. Pelo menos dois deles.

—Por que acha que escolhi eles pra morar junto comigo? —Ergueu as sobrancelhas, tombando a cabeça de lado de uma forma encantadora. —Aliás, posso te fazer um convite?

—Manda. —Falei, mordendo o lábio quando o vi me observando. Ele estava sempre fazendo isso, como se pudesse ver quem era a Manuela de verdade. Como se pudesse ver minha alma. Isso me deixava sem graça e quente ao mesmo tempo.

—Não sei se sabe, mas eu, o Felipe e o Eduardo tocamos algumas vezes em um barzinho aqui perto, toda sexta feira depois do treino de futebol. —Comentou, enquanto eu franzia a testa ao ouvir aquilo. —Você podia aparecer lá amanhã. Pode levar a Júlia também.

—Espera, como assim tocam algumas vezes lá? Vocês tem tipo uma banda? —Indaguei, com a curiosidade falando mais alto.

—Não é bem uma banda. Não levamos isso a sério. É só uma distração com algo que gostamos de fazer as vezes. —Comentou, escorando a cabeça no sofá, enquanto ficava voltado pra mim. —Eu toco violão e guitarra, assim como o Felipe, mas ele canta também. Eduardo toca bateria.

—Então tem mais uma coisa que você sabe fazer bem. —Soltei, sem conseguir evitar de sorrir mais ainda. —Então Bernardo Alves é o Deus da química, o camisa 10 do time e ainda tem talento pra música. Eu não deveria ficar surpresa.

—Sou bom em muitas coisas, Manuela. —O sorriso dele não vacilou quando seus olhos se estreitaram. —Posso mostrar todas elas pra você, se quiser.

Eu corei dos pés a cabeça, tentando não levar aquilo para outro sentido, mesmo que fosse impossível. Mas ele não estava flertando comigo. Ele com certeza não estava flertando comigo.

—Vou convidar meus amigos pra irmos lá. —Prometi, limpando a garganta enquanto meu coração parecia correr a mil por hora no meu peito. —Me manda o horário e o endereço depois. Não costumo ir em barzinhos, mas a Júlia deve conhecer.

—Seus amigos são aqueles dois que trouxeram a Júlia pra casa ontem? —Indagou, torcendo os lábios enquanto sua expressão ficava um pouco séria.

—Sim, a Melissa e o Diogo. Ela é colega de história da Júlia e ele trabalha no mercado do shopping com a gente. —Expliquei, vendo ele umedecer os lábios com a língua, como se quisesse muito fazer uma pergunta, mas estivesse se segurando. —Mais algum amigo seu vai estar lá amanhã?

—Muita gente da universidade vai lá na sexta a noite, então é provável que sim. —Ele deu de ombros, como se aquilo não fosse importante pra ele. —Mas normalmente a gente toca algumas músicas e então se senta em uma mesa pra beber.

—Estou curiosa pra ver seu talento musical, então... —Parei de falar, pulando do sofá quando meu celular começou a tocar. —Espera...

Corri até a mochila para pega-lo, com a ansiedade queimando nas minhas veias quando o peguei. Tenho certeza que a decepção ficou exposta na minha cara quando o nome de Júlia apareceu na tela e não o da minha mãe. Merda, é claro que ela não ligaria. Eu não deveria esperar por isso de qualquer forma.



Continua...

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Where stories live. Discover now