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Capítulo 4

Zanjin

Em algum lugar da Europa

Na noite seguinte

O  que  devo  fazer?  Acho  que  dois  dias  inteiros  já  se  passaram  porque  percebo  quando amanhece e  depois é noite outra vez.

Vasculhei o quarto. Eles me trouxeram para uma suíte e o banheiro anexo é muito bonito. Para minha infelicidade, há um espelho enorme em cima da bancada, mas desviei os olhos rapidamente.

Tomei banho e peguei uma das roupas que estavam dobradas em cima de uma poltrona. eles parecem novas e ficaram um pouco folgadas em mim, mas ainda assim, isso me mostra que quem me trouxe para cá, pensou em tudo.

Também há uma mini geledeira com refrigerante e alguns biscoitos.

O aposento tem uma janela grande, mas ele está fechada e é pesada também. Tentei abri-la e não cedeu. Estou no segundo andar de uma casa e a paisagem lá fora se parece um pouco com a que ficava em volta do castelo: um campo imenso, sem qualquer construção além dessa.

Fiquei com medo de insistir em forçar a tranca da janela e acabar chamando a atenção dos meus novos captores.

Ando com cautela até a porta do quarto, pensando como conseguirei escapar agora, mas antes de dar meia dúzia de passos, ela se abre e um homem aparece.

Em  um  primeiro  momento,  eu  não  o  encaro.  Ao  invés,  olho  disfarçadamente  para  a  saída, pensando quais seriam as minhas chances se eu corresse.

Mínimas, tenho certeza.

Ele é muito grande. É provável que tenha mais de um metro e noventa. O corpo é musculoso, apesar de não ser embrutecido como os dos homens que viviam no castelo.

Dou um passo para o lado como uma espécie de teste e ele não se move, me acompanhando somente com o olhar, como um predador analisando sua caça.

—  Não  faria  isso  se  fosse  você.  Não  vai  conseguir  —  fala  pela  primeira  vez  e  acho  que nunca ouvi um tom tão isento de emoção.

É como se para ele eu fosse um  nada.

Eu  não  me  importo.  Há  muito  tempo  entendi  que  pouquíssimas  pessoas  ainda  me  enxergam como um ser humano.

Talvez sua indiferença devesse me assustar, mas ao contrário, me traz alívio. Eu prefiro que não prestem atenção em mim a enfrentar os olhares nojentos de desejo como os dos empregados do monstro.

— Quem é você? — Pergunto.

— Por que isso seria importante?

Ergo  o  olhar,  para  que  ele  não  tenha  dúvidas  de  que  se  quiser  me  assustar,  terá  que  fazer
melhor  do  que  aquilo.  Como  ele,  tento  não  demonstrar  emoção,  mas  por  dentro,  tenho  muita  raiva reprimida. Queria gritar e atirar alguma coisa no homem arrogante, mas não sou estúpido ao ponto de desafiar alguém tão mais forte do que eu.

Ele possui um autocontrole enervante.

Os representantes do  gênero alfa geralmente  são fáceis de  ler, principalmente quando estão  sozinhos  com  um ômega  que  tem  metade  de  seu poder de defesa  em  um  aposento  onde  ninguém poderá ouvir seus gritos. Mas eu não preciso de mais do que poucos minutos com esse, para entender que ele é diferente. Desde que entrou no quarto, me analisa sem pressa.

Não  passa  pela  minha  cabeça  que  seja  um  salvador.  Não  acredito  mais  em  conto  de  fadas, então fico somente em dúvida se ele veio me machucar ou me matar.

𝕺 𝖒𝖆𝖋𝖎𝖔𝖘𝖔 𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖔𝖇𝖘𝖊𝖘𝖘ã𝖔Where stories live. Discover now