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Capítulo 44

Haiukan

Dias depois

- Um dia inteiro para ficar comigo? O que eu fiz para merecer isso? - Ele brinca, quando abro a porta do carro para que entre.

Seguro um sorriso. Se há algo que sei fazer bem, é planejar.

Yao me disse que quer de volta todos os sonhos que lhe foram roubados e eu não pouparei esforços para realizar cada um.

- Onde nós vamos? - Pergunta, depois de fechar o cinto de segurança.

Ele parece feliz. Depois que regressamos para Atlanta, ainda passou alguns dias inquieto sobre o que aconteceu na Califórnia, mas finalmente parece estar conseguindo relaxar.

De vez em quando ele me pergunta sobre o agente, como se refere a Nie Mingjue, já que eu nunca deixei que ele soubesse seu nome.

Para minha frustração, ainda não posso dar uma resposta definitiva.

Embora já estejamos com tudo esquematizado para tirá-lo do nosso pé de uma vez por todas, por se tratar de um funcionário do FBI, precisamos ser cuidadosos.

- Posso colocar uma música? - Ele pergunta, já esticando a mão para ligar o som do carro.

Depois, sem a menor cerimônia, pega meu segundo celular - um Iphone comum e não aquele que usamos para nos comunicar - e após pressionar um ícone na tela, uma canção começa a tocar.

Às vezes, eu me espanto com algumas atitudes dele. Por causa de tudo o que passou, Yao tem um lado bem maduro, então quase me esqueço que na verdade, ele ainda é um garoto.

- Que música é essa? - Pergunto porque não me lembro de tê-la em meu celular.

- Fui eu quem a baixou?

- O nome é If you love her, do Forest Blakk - diz. - Eu que baixei na sua conta do Spotify. Para um mafioso, sua senha é muito fácil de ser quebrada.

Estamos parados em um sinal e eu me viro para olhá-lo.

- Você invadiu minha conta no Spotify e baixou uma música?

- Músicas, no plural. E também criei uma conta de dependente para mim. Deixe-me dizer que sua playlist subiu vários degraus em termos de qualidade. Tentei ouvir as que você tinha antes e em cinco minutos eu estava cochilando.

Sacudo a cabeça rindo e em pouco tempo, isso se transforma em uma gargalhada. Meu homem me entrega o sorriso mais lindo de volta.

- Não está louco comigo por ter feito isso, então?

- Esperava que eu estivesse?

Ele dá de ombros.

- Não sei. Eu meio que gosto quando ficamos bravos um com o outro e depois fazemos sexo de reconciliação.

- Meu Deus do Céu, lindo. Você não pode me dizer essas coisas em público - gemo, a
lembrança da última vez em que aquilo aconteceu voltando.

Foi em San Diego. Ele decidiu que precisava ir pegar um livro em um shopping. O problema é que se embrenhou em um monte de lojas e os seguranças o perderam de vista por cerca de dez minutos. Eu, obviamente, fiquei louco, mas a maneira como aquela noite terminou fez o susto valer a pena.

O sinal abre e volto a dirigir. Pelo retrovisor vejo o carro dos guarda-costas.

Não queria que eles presenciassem o que está prestes a acontecer, mas por outro lado, sei que aquilo fará parte das nossas vidas para sempre. Pessoas como eu não podem se descuidar da segurança.

𝕺 𝖒𝖆𝖋𝖎𝖔𝖘𝖔 𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖔𝖇𝖘𝖊𝖘𝖘ã𝖔Where stories live. Discover now