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Capítulo 26

Haiukan

Ilha de Lanling

No mesmo dia

Depois de me informar com alguns empregados, fingindo ser um conhecido, me aproximo da mulher que aproveita o sol em sua praia particular.

Ainda não consigo ver seu rosto, mas como se pressentindo minha presença, ela ergue um pouco o corpo, os cotovelos apoiados na toalha.

Para alguém tão rica, Madame Meng Shi,mãe de Yao, não cuida bem da própria segurança. Mesmo em uma ilha, poderia ser um alvo fácil se estivessem à sua procura.

Parece uma piada de mau gosto.

Eu estou à procura dela, porque ainda falta um pedaço do passado de Yao que não consegui entender.

— Posso ajudar em alguma coisa? — Ela pergunta em um inglês carregado. Não falou em nosso  idioma natal, certamente acreditando que sou um turista americano.

Sabe aquele tipo de antipatia instantânea que sentimos por um desconhecido? É o que acontece comigo no momento.

O fato dela ser tão parecida com Yao não me espanta. Já havia visto várias fotos da criatura que carrega o rótulo de mãe do meu ômega.

Eles são quase idênticos.

A semelhança, no entanto, termina aí. Sua resposta à minha aproximação me enoja.

Ela está casada com outro homem no momento, mas mesmo assim, me olha como se com um estalar de dedos meu, fosse se livrar do biquíni em tempo recorde.

Depois da conversa com Zanjin não estou com a menor vontade de pegar leve.

— Onde está seu filho, você sabe? — Pergunto em chinês e ela me olha espantada.

A convivência com Odin durante dez anos, , está sendo muito útil no momento. Consigo parecer mais frio que um iceberg.

Antes de me responder, sua postura muda. O rosto se transmuta em uma carranca.

— Quem é você? — Repete a mesma pergunta que Zanjin fez há alguns minutos.

— Alguém que se preocupa com Meng Yao.

— Yao foi embora há alguns anos. Nunca deu notícias.

A mulher volta a se deitar com uma postura de pouco caso e aquilo faz meu sangue ferver.

— E nunca se preocupou em ir atrás? — Indago com um tom enganosamente calmo.

— Claro que sim, mas ele não nos deixou qualquer pista. Meu ex-marido fez o possível para achá-lo. Alguns meses depois, quando ele me contou a verdade, percebi que Yao não queria ser encontrado. Provavelmente com vergonha do que fez.

Me pergunto como alguém assim pode ter sido abençoada com a oportunidade de ser mãe.

Obviamente não dá a mínima para o que aconteceu ao filho.

— Deixe-me ver se compreendi. Seu ex-marido, um homem com quem você estava casada há pouquíssimo tempo, lhe conta algo e, sem titubear, sem sequer ouvir o outro lado da história, você desiste de seu filho?

— O que você queria que eu fizesse? Mantivesse um traidor dentro de casa? Levou tempo, mas Mao abriu o jogo. Yao tentou dormir com ele na noite do aniversário dele de dezesseis anos.

Quando ele se recusou e ameaçou me contar, ele fugiu.

— E você como a ótima mãe que é, nunca sentiu vontade de conferir se seu filho estava bem? Se precisava de algo?

𝕺 𝖒𝖆𝖋𝖎𝖔𝖘𝖔 𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖔𝖇𝖘𝖊𝖘𝖘ã𝖔Onde histórias criam vida. Descubra agora