Quinta Lua (Livro Completo)

(59) - Akân-ëa

"Veja as faces das coisas que se renovam; sinto-me uma lua entrando em sua nova fase, traçando irrefreável seu caminho predestinado ao Firmamento.

Veja as escolhas daqueles que se foram; sinto-me sábia em reconhecer vossas falhas para prever as nossas.

Veja as promessas secretas que um dia foram feitas; sinto-me a ave migrando solitária pelos mares, muito à frente de meu bando."

- Yîarien, Quinta Lua

Mês do Crescimento

Akanea, capital de Á'Glah em construção

A IMAGEM crescente de T'zuah tomava a inspiração dos artistas. Nasciam parábolas adequadas à realidade awbhem e toda a livre vontade que lhes eram dada, e pela qual entregariam a vida para defender. Símbolos tomam formas sobre o que já existe e assim significados se expandiam.

Yîarien lhes revelou sobre um lugar imaterial onde os espíritos convocados repousavam pela eternidade, sendo ela o maior elo com esse plano, resguardando em segurança a natureza da pedra que portava. Lhes perguntaram se era possível navegar até lá, e sua resposta eram as estrelas. Quinta Lua resguardo as verdades plenas de T'zuah, mas o nome da entidade anciã foi espalhada pelo povo como uma lenda. Maravilhados, os escritores contavam em pergaminhos como Á'Glah lutaria por sua herdeira e honraria T'zuah.

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UMA GIGANTE em um minúsculo corpo. O olhar da Herdeira pesava como uma sentença a quem fosse direcionado. Assim, mergulhada nos tempos incertos que antecedem a batalha, reservou-se ao pensar e busca pela compreensão.

Com o cajado firmado no convés e o rosto firme ao mar que se abria ao oeste, notara o comodoro em quietude a poucos metros.

— Nunca um indivíduo fez tanto pela história dos gallênicos em tão pouco tempo. — Ynamus não lhe direcionou o olhar em primeira instância, pois acompanhava atento a movimentação da tripulação no nível superior da Lança Lunar.

— Nem o trono frio e o aço gelado da coroa esfriarão meu coração.

Soldados da Ilha Maior lotavam a Armada das Luas, e a situação não era diferente com a Armada Dourada. Ambas as frotas estabeleceram um ponto de encontro em mar aberto antes das Ilhas Menores e seus dois almirantes discutiam os detalhes cruciais e estratégias.

Metal, madeira, cordas e tecido, era tudo o que via ao seu redor. As trirremes em si eram moldados de elementos simples, mas era a esperança de seus navegadores que tornava os veículos em armas de guerra.

Os ligamentos entre as naus capitânias eram retraídas conforme a comitiva de Varesh retornava para seus postos. A breve reunião militar na cabine de Ákera terminara e o almirante em pessoa deu suas condolências à herdeira antes de se retirar ao próprio barco. O semblante sempre encoberto do discreto comandante escondia sua origem e verdadeira face.

— Raro lhe ver sem a companhia de escribas ultimamente. — Ákera ladeou sua amada com postura rija, evitando qualquer ato caricioso naquele instante. Trajava a armadura de combate completa, mas, como sempre, os cabelos ruivos continuavam expostos sem o elmo.

— Eles já sabem tudo o que eu havia para contar sobre Aitháa e os kaskres. Não que seja tanto conhecimento assim — foi sincera dando de ombros, quebrando a feição formal. — Poderão escrever quantos livros quiserem, porém nenhum deles dirá uma fração do que tu ainda tens para contar-me.