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ARCO III

AFAGOS

Ainda deitado sobre o tapete da biblioteca, Apuh arrastou a ponta de seu dedão das sobrancelhas até a pontinha gelada do nariz de Lg, contornado a bolinha de seus traços e admirando as leves sardinhas das maças do rosto de seu jovem inconsequente. Lg tinha constelações naturais em sua face e Apuh deslizou o seu dedo por elas como um artista desliza o pincel sobre a tela pintando a noite estrelada.

Apuh respirou fundo, encantando com toda a beleza exuberante de Lg. Mesmo com os olhos cansados, as sobrancelhas levemente enrugadas pela dor de cabeça que ainda o incomodava, Lg conseguia ser ainda mais lindo desde o dia que Apuh o conheceu. O coração do alquimista palpitou em seu peito e Apuh engoliu a saliva que inundava a sua boca.

Ele agradecia todos os dias, relatava em seu diário todas as noites e passava a tarde sempre pensando em como era bom ter Lg ao seu lado. Seu jovem inconsequente amante de café.

Apuh suspirou com o aperto em sua cintura, sentindo os calafrios de seu corpo o subirem a espinha e arrepiarem os seus pelos. A respiração de Lg ricocheteava em sua boca e os seus olhos de ébano se concentravam nos lábios finos da boca do espadachim.

Como coisas tão simples o faziam ir à loucura.

Apuh apreciou aqueles lábios macios, lembrando do beijo na chuva. Eles o abraçavam de um jeito único, acomodavam os seus beijos num bailar digno dos mais altos teatros e sorriam como se fosse as mais puras estrelas.

Dizer que Apuh estava perdidamente apaixonado por Lg era pouco. Dizer que Apuh estava num nirvana de amores por Lg, não era o bastante. E embora as palavras e juras de amor no cair da noite sempre tivessem as quatro letrinhas que aqueciam os corações de ambos os rapazes, amor nunca seria a palavra grande o bastante para dizer o que realmente um sentia para o outro.

Apuh deslizou os seus dedos pela lateral do rosto de Lg e o seu dedão contornou com o mais delicado zelo os lábios do espadachim. Novamente, Apuh sentiu o arrepio na espinha com o aperto em sua cintura e a ponta de seu dedo tremou ao tocar a macie daquela boca.

Os seus olhos escuros observavam com atenção o caminho que o se dedo traçava naqueles doces lábios e sem dizem nenhuma palavra - não era preciso - Apuh se inclinou e subsistiu a ponta de sua falange por sua própria boca.

As gostas de chuva molhavam as janelas fechadas da prefeitura. O vento sobrando a copa das árvores faziam as folhas dançarem na chuva. O raio iluminou os céus de Utopia e o trovão não foi maior que as batidas síncronas dos dois corações.

Apuh beijava Lg, afagando a sua bochecha e apertando os dedos finos com a sua outra mão.

Lg suspirou em meio ao beijo, sentindo a ponta dos seus dedos tremerem e apertou a cintura de Apuh mais uma vez, arrastando o corpo do prefeito até estarem praticamente grudados um no outro. O núcleo em seu peito pulso tal como o seu coração e Lg sentiu todos os seus problemas irem embora com os lábios de Apuh juntos aos seus.

Na biblioteca da prefeitura, eles se amavam. A cada suspiro apaixonado, a cada nova dança se suas línguas, a cada nova batida dos seus corações, a suas almas transcendiam os corpos deitados e se mesclavam num plano superior. Apuh grunhiu quando Lg chupou o seu lábio inferior e Lg sentiu a corrente elétrica subir o seu corpo quando a mão de Apuh deixou o seu rosto e escorregou até a sua coxa.

Sem dizer nada e sem interromper o beijo ali no tapete felpudo, Apuh apertou a coxa de Lg e a puxou até que ela estivesse por cima de seu quadril.

Lg se arrepio e sorriu em meio ao beijo.

Dias de Chuva| LapuhWhere stories live. Discover now