Aconchego

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O jantar daquela noite havia sido um dos melhores que Sasuke já tivera. Toda vez que aproveitava essa refeição ao lado de sua esposa e de sua filha era especial, era único, mesmo que acontecesse várias vezes do mesmo jeito com alguns toques de diferença.

Agora, ele se encontrava na varanda de sua casa, observando o céu noturno estrelado e apreciando a tranquilidade de Konoha naquele horário. Sua única mão segurava uma pesada xícara parcialmente cheia com chá verde sem açúcar, como ele gostava. Sua mente estava imersa em pensamentos sobre as missões que realizava, especialmente sobre aquela que realizara junto com Sakura na prisão de Redaku.

Quanto mais pensava, mais exausto ficava tanto mentalmente quanto de espírito. Todas essas missões, com exceção da última, o faziam ficar distante de sua família, do seu verdadeiro lar. Jantar com Sarada só o fizera refletir sobre o quanto ele estava perdendo tanto do crescimento dela. Ele queria ser um pai diferente, sempre teve essa ideia desde que Sakura falou para ele que estava grávida, que carregava em seu ventre um filho deles.

Porém, o mundo ninja e suas responsabilidades queriam ser cruéis com ele mais uma vez. Trazendo a ameaça dos Otsutsukis e de vez em quando algum outro problema diferente que só o levava para longe de onde ele queria estar.

Uma pequena, fina e solitária lágrima caiu de seu olho que não era coberto pela franja. Ele queria acompanhar o crescimento de Sarada de perto, estar com ela durante todos os momentos para abraça-la, acolhe-la e aconselha-la. Ele queria admirar Sakura todos os dias de sua vida, sentir seu cheiro, toca-la e absorver o seu calor.

Ele sabia que estava sendo o melhor pai e marido que podia. Só que lhe doía muito quando passava o tempo fora e ao voltar, Sarada estava maior, seu cabelo mais comprido, seu sorriso mais alegre, e ele não acompanhara nenhuma dessas mudanças, sequer conseguia treinar direito a sua filha, uma das coisas que ele mais adoraria viver fazendo.

Ele saiu daqueles devaneios sôfregos quando ouviu a porta de vidro que dava acesso a varanda ser arrastada para o lado e então ser fechada. Não precisava se virar para saber quem era. O aroma dela era o suficiente para saber de sua presença já tão familiar para ele.

— Sarada já pegou no sono. — informou ela, ao parar o lado dele.

Sasuke a observou, para ele, sempre erava uma verdadeira apreciação quando admirava Sakura, sua esposa. A mulher era uma verdadeira obra de arte desde os seus mais mínimos e ínfimos detalhes, que Sasuke tinha decorado em sua mente e não ousava esquecer, era um tesouro para ele pois pensava justamente em Sakura nos momentos mais angustiantes e até nos mais leves de suas missões.

Ela tomou um gole de chá de sua respectiva xícara que tinha em mãos, não se importando que a bebida emanava uma suave quentura.

— É bom estar em casa, sabe? — Sakura deixou sua xícara no batente da varanda. — Mesmo que eu até sinta uma certa falta da agitação das missões, não tem coisa melhor do que estar aqui com você e a Sarada.

— Sim. — disse ele. — É melhor estar aqui com vocês.

E com isso, ele percebeu que Sakura se aproximou um pouco mais até repousar a cabeça em seu ombro delicadamente e assim permanecer por algum tempinho. A leveza daquele momento o tornava singelo e singular. Sasuke conseguia inalar o cheiro adocicado de sua esposa e aproveitar da sua adorada presença, uma coisa que pouco conseguia devido a suas missões.

Então, isso ficava ainda mais especial.

— Sakura.

— Hum? — ela murmurou ao ouvir o marido chama-la.

Ela pretendia se mexer um pouco, porém, ele foi mais rápido em aconchegar a bochecha no topo da cabeça dela, encontrando o descanso de casa nela.

Obrigado. — ele nunca deixaria de dizer aquilo, de agradecer a ela por tudo.

Por ter mostrado a ele o que era o amor. Por eles juntos construírem aquela família que era o bem mais precioso para ele. Por ser o lar dele, que ele encontrou em seus braços e cheiro. Por ser ela. Nunca haveria outra ou outro igual a Sakura na vida dele, ela era sua amiga, sua confidente, sua esposa, sua paixão, o seu amor. Amor. Ele antes acreditava que nunca iria saber o que significava sentir o amor romântico por ninguém e de ser retribuído igualmente, um amor sincero.

Entretanto, perfeita como era, Sakura sempre desafiou as crenças do seu antigo eu. E ali estava ele, com o coração aprisionado pela mais bonita e zelosa sela, preso ao amor que sentia por Sakura e ela por ele.

Sakura sorriu e respirou profundamente. Ela que era muito grata, grata por ter Sasuke em sua vida e por ele a ter permitido entrar e curar o seu coração outrora tão ferido.

Ela ousou se mexer, quebrando aquele contato carinhoso e assim chamando ainda mais a atenção de Sasuke. Sakura ergueu o seu rosto, aproximando-o ainda mais do de Sasuke e ela teve que ficar um pouco na ponta dos pés — mesmo estando de salto — para fazer o que queria em resposta ao agradecimento dele.

E ele a recebeu com ternura, experimentando os lábios macios e quentes de sua amada companheira, iniciando um beijo calmo. Para Sasuke, não havia como explicar o quanto sentia falta daquele toque específico. Pois diversas vezes em sua missão longe dela, ele pensava nos lábios dela, no físico dela, ansiando por um beijo e o acalento do toque específico de Sakura.

Agora ele podia tê-lo e matar aquela ânsia crescente nele. A ânsia por Sakura. Seus lábios tocaram os dela inicialmente com carinho e sua língua buscou a dela e, quando a encontrou, passou a beija-la com todo o ardor. Com um desejo latente dentro dele. Sua única mão deixou a xícara sobre o batente da varanda para poder acolher o rosto de Sakura.

Sasuke. — ela sussurrou o seu nome como uma prece, pedindo clemente por mais.

E Sasuke, como um bom servo de sua deusa, obedeceu a aquele pedido, não demorando em voltar a beija-la com ainda mais intensidade. A mão dele abandonou o rosto de Sakura para encontrar um lar na curva da cintura dela, assim a puxou para ainda mais perto colando os seus corpos e permitindo a ambos sentir o ritmo acelerado e incontrolável de seus corações que batiam ao som do amor que nutriam um por outro e que, a cada toque, a cada pensamento que tinham um sobre o outro, crescia ainda mais. 

The Moon and Cherry Blossom - Sasusaku [One-shots]Onde histórias criam vida. Descubra agora