Onde a imagem que todos têm de Bill Cipher é a de que ele é um demônio terrível e ameaçador, porém, Dipper Pines, com a interferência de sua irmã e Will Cipher, se vê completamente obsecado pelos mistérios que aquele de olhos amarelos escondia dele...
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Dipper
Ainda me pergunto como tudo isso aconteceu, mas, com toda certeza, a resposta não virá agora.
Quando a destroca foi feita, eu me senti novamente dentro daquele outro lado, entre os dois mundos dentro do que julgo ser meu subconsciente, mas eu não estava tão bem como das outras vezes, eu me sentia despedaçado, como se houvesse perdido parte de minha alma ou do meu Eu.
Mas o pior de tudo, foi quando voltei para meu corpo. Além de exausto, dolorido e sujo, meu braço direito estava completamente desfigurado e com uma fratura imensa aberta. O sangramento, por algum milagre, estava parado por hora, mas eu não conseguia mover um músculo daquela região sem sentir tudo arder e doer como se lá estivesse o próprio inferno.
Me preocuparia com meu estado, se o que estivesse à minha frente não fosse muito mais alarmante.
Quando me sentei, com dor, sobre o que parecia o círculo de algum ritual — me lembro vagamente das coisas, minha memória está vindo aos poucos — logo à minha frente estava Bill.
De início, ele parecia estar tendo algum tipo de convulsão, porém assim que começou a rir e a me olhar com os olhos totalmente diferentes de seu normal, não dava mais para ter dúvidas de que ele iria me atacar a qualquer instante.
Senti vontade de correr, mas me lembrei que a porta estava trancada e eu teria que passar por ele para saltar a janela (última das opções) — e, também, simplesmente, não consigo nem mesmo me levantar, minhas pernas estava dormentes, como se quisessem que eu ficasse para que o pior aconteça.
Traduzindo: estou ferrado.
Eu não consigo fazer nada, nem mesmo gritar, minhas cordas vocais estavam acabadas e a lembrança daquele momento em que comecei a ficar louco ainda me deixava em estado de choque.
Completamente sem ar e me sentindo morto, meu coração disparava na medida que Bill se aproximava. Eu sentia o medo me prender no chão, como se a gravidade de meu corpo houvesse aumentado deixando, então, qualquer movimento três vezes mais pesado e cansativo.
Mas eu não estou com medo dele. Eu estou com medo da coisa dentro dele.
Me pergunto o que seria essa vontade insana e descontrolada de querer matar e estraçalhar alguém que faz ele ficar desse jeito.
Ele sabia disso desde o começo, será que foi por vontade própria que ele deixou que isso acontecesse?
Não, não pode ser isso... Eu não consigo imaginar ele fazendo tudo aquilo desde o começo para me matar no final — fora que nem sou tão valioso assim para ser digno de fazerem um plano desses apenas para me matar.
Entretanto, se eu continuar sem fazer nada, vou acabar morto antes mesmo de descobrir a verdade.
Bill engatinhava sorrateiramente em minha direção, deixando um rastro de sangue com seus joelhos, mas nada que estivesse o impedindo de vir até mim. Eu deslizei para trás, com a ajuda de meu braço bom, rezando para que a parede atrás de mim estivesse mais longe do que imaginava, mas acabei chegando ao beco sem saída mais rápido do que esperava e, por fim, ele me encurralou entre o canto do quarto e a escrivaninha.
