45. Alex e Daniel

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- Tá certo, então. — ele nos observou por 1 segundo. — Boa noite e veêm se não dormem muito tarde! — então fechou a porta da mesma forma abrupta que apareceu.

Foi bem estranho, mas logo esquecemos do episódio, porque, por simples vontade mesmo, me joguei em cima de Dan e comecei a fazer cócegas nele. Do nada engatamos numa lutinha de cócegas entre risos até que ambos ficamos cansados. Dessa vez, após arfar para recuperar o fôlego, Dan colocou o braço por baixo da minha cabeça, de modo que me aconcheguei perto da sua clavícula.

Ele estava com a pele um pouco pegajosa por causa da lutinha, mas eu não me importei porque também estava e também porque são nesses momentos que sinto que estamos em sintonia. Que somos dois, mas também um só. Esses são os momentos mais verdadeiros, onde o silêncio pode significar mais que uma enciclopédia inteira. Caralho, e não é que tô começando a filosofar mesmo?

Porra, eu amo esse menino demais, queria me aninhar aqui nesse espaço entre seu ombro e pescoço pra sempre. Deve ser por isso que em vez de só respirar como uma pessoa normal, comecei a cheirar sua pele, o que achei melhor que respirar, afinal o seu aroma é único e me dá uma sensação realmente muito boa.

Eu me aproximei mais, até que me nariz escostou na pele do seu pescoço, que é onde sinto o cheiro de Dan com mais intensidade. Ele tremeu um pouco sob essa aproximação e eu percebi que tinha se arrepiado. Acho uma graça com o quanto ele pode ser sensível. Sinto que tenho um grande poder nas mãos.

Continuei com meu nariz tocando sua pele até que minha boca roçasse sobre a dele, num toque bem sutil, quase como um selinho.

Quando nossos olhos se encontraram eu não resisti e o beijei. De verdade.

Quando menos percebi já estava com um joelho por entre sua pernas e atacando seus lábios com vontade. Mas quando minha mão tocou seu peito nu, Dan simplesmente me parou e disse:

- Sei que você tem camisinha, mas eu... não fiz as ações necessárias e... — ele começou a dizer fazendo uma careta.

- Lindo. — beijei sua bochecha. — Não tem problema, sabemos como fazer o outro gozar de outros jeitos.

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Nem Marie nem Andrew vão à escola hoje, mas o garoto me avisou que vai comparecer ao treino de basquete de qualquer modo, apesar de tudo. Bem, acho que não tem problema mentir que estão se sentindo mal para faltar, já que pelo que lembro os dois sempre foram bem certinhos em se tratando de presença escolar.

Eu costumava matar algumas aulas, as mais chatas, e em situações bem pontuais nem chegava a entrar na escola, mas minha frequência escolar é exemplar. Agora está ainda mais, porque não vejo mais motivos plausíveis para faltar, uma vez que meu namorado estuda comigo e sempre está em sala, e também porque é meu último ano. Preciso fazer pelo menos o mínimo de esforço pra ir bem não só em história, meu ponto forte.

Nesse sentido, eu e Dan adentramos mais uma vez os terrenos da High School.

É comum ver o pessoal conversando em grupos antes do sinal tocar, porém as palavras "Marie" e "aborto" continuam ressoando aqui e ali. Vejo Kay um pouco mais longe discutindo com uma menina de cabelo loiro e mechas verde-água, e pela linguagem corporal — não que eu entenda muito — já sei do que se trata o assunto.

- Nossa, e nada muda. Já é o terceiro dia. — Dan comenta, um pouco antes de Dave aparecer.

- Oi meninos, bom dia. — o rosto dele está diferente, eu acho, ou eu nunca tinha percebido que ele sempre teve acne na cara. — Eu nunca mais vi a pequena Marie, ela tá bem? Eu não sei se o aborto foi espontâneo ou proposital, mas eu li que o psicológico de uma adolescente sempre fica afetado depois de uma situação dessas e...

Alex & Daniel [Em andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora