Maria Júlia.
Eu e ele estamos nos encarando desde que ele entrou no banheiro. Até que ele se vira de costa e passa as mãos no cabelo.
— Eu não acredito que você fez isso comigo, Julia. — Falou parecendo magoado.
— Eu fiz o que, maluco?
— Além de você ter ido embora sem se despedir de mim e ter levado a minha filha, você ainda estava grávida. Você me deixou cinco anos sem saber da existência dos meus filhos.
— Eu ia te contar, mas você tava muito ocupado com a Juliana. — Ele me olhou com um olhar confuso.
— Com a Juliana? Do que você tá falando?
— Para de se fazer de desentendido, Lucas. Você me traiu.
— Eu não te trair, cara, mas mesmo se eu tivesse, você não tinha o direito de esconder eles de mim. Eu sou o pai, caralho.
— Você não me traiu? — Ele negou. — Então eu tô vendo coisa? Por que eu fui na boca te contar da gravidez e Juliana tava lá sentando em você. Ela ainda me viu e deu um sorrisinho falso. — Falei e sentir lágrimas descendo pelo meu rosto e eu as sequei rapidamente.
— No dia que você foi embora, eu vi sim, a Juliana, mas eu recusei ela varias vezes. Aí eu pedi um copo de água pra... — Ele parou de falar e eu vi seu rosto se encher de ódio. — Filha da puta...
— Para de mentir pra mim, Lucas! Admite logo que você me traiu.
— Eu não te trair. Naquele dia eu pedi um copo de água pra Juliana já que ela tava perto do frigobar. — Falou se aproximando. — Ela deve ter me drogado. Eu nunca te trairia cara, você é a mulher que eu sempre quis do meu lado.
— Então porque ficou dois dias fora de casa?
— Eu não queria brigar contigo, pô. — Tocou a minha cintura, mas eu me afastei. — Não acredita que a Juliana seria capaz disso?
— Acredito, mas não é fácil acreditar nisso. Além disso, no dia que a gente brigou, se o Luan não tivesse aparecido, você teria me batido.
— Me desculpa, eu acabei passando dos limites. — Se aproximou novamente. — Volta pra mim, nega. Por favor! — Tocou o meu rosto, acariciando.
— Lucas... — Tentei afastar ele, mas falhei.
— Eu te amo tanto, Ju. — Beijou o meu pescoço e depois me cheirou. — Sentir tanto a sua falta, falta do seu cheiro.
— Sentiu tanto a minha falta que tá até com outra. — Soltei uma risada irônica e o empurrei.
— Coloquei ela no seu lugar pra tentar preencher o vazio que você deixou, mas não funcionou. Você é única! — Falou olhando nos meus olhos.
Ele ia se aproximando pra me beijar, mas eu desviei fazendo ele bufar.
— O que eu posso fazer pra te ter de volta? — perguntou.
— Conquiste minha confiança novamente. — Eu ia saindo, mas ele me segurou.
— Me apresenta pra eles.
— Não é a melhor hora pra isso, Lucas.
— Por favor, Julia. É a única coisa que eu tô te pedindo. — Suspirei e assenti.
Sai do banheiro e pude sentir o Lucas andando logo atrás de mim. Fomos até a mesa que os gêmeos estavam e assim que Alice me viu, levantou os bracinhos pra eu pegar ela, e assim fiz.
— Who is this, mom? — Alice perguntou. Sempre que ela estar perto de alguém que ela não conhece, ela fala em inglês.
— Fala em português, Alice. Estamos no Brasil, lembra? — Ela concordou.
— Lucas, esses são Alice e Alan. — Apontei pra eles. — Filhos, esse é o papai.
Eu esperava que eles fossem logo abraçar ele, mas ao contrário do que eu pensava, Alice virou a cara se deitando no meu ombro e Alan voltou a conversar com o meu pai.
Olhei para o Lucas e vi que ele tentava não mostrar que ficou chateado, mas mesmo assim eu percebi.
— Me desculpa. Isso é culpa minha.
— Tudo bem. — Forçou um sorriso e saiu indo até à Aurora.
Isso fez eu me sentir culpada, meu coração se partiu em mil pedacinhos quando eu vi a cara do Lucas.
— O que foi isso, em? — perguntei para os gêmeos. — Não foi essa a educação que eu dei pra vocês.
— Eu não conheço ele, mãe. Esperava que eu fosse abraçar ele? — Alan perguntou. — Ele é apenas o homem que me abandonou. — Disse com lágrimas nos olhos e eu me sentir mais culpada ainda.
• aperta na estrelinha •
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Vendida ao Traficante
FanfictionUma história sobre o amor, ou dor! Iníciciada: 28/08/22 Finalizada: 10/12/22