Lucas Santiago.
— Já tem a lista de quem precisa ser cobrado? — perguntei a LL enquanto acendia um cigarro.
— Aqui está, patrão. — Ele me entregou um caderninho.
Ao ler os nomes e as dívidas, meu olhar parou em um específico.
Eric de Souza, 30 mil, Rua três.
— Que merda é isso, cara? Como ele deve 30 mil? Já disse que, quando chegasse a cinco, não era para vender sem ter pago. — Mostrei para ele, e ele me encarou.
— Não sei, cara, não sou eu que cuido dessa parte.
— Porra. — Passei a mão no rosto. — Dividam com o Gb e cobrem todo mundo, deixem o Eric que eu resolvo.
Luan concordou e saiu da minha sala. Sentei-me, dando uma tragada no meu cigarro e respirando fundo.
Às vezes, nem a maconha consegue me acalmar.
Já avisei mil vezes para não vender maconha fiado se já deviam cinco mil.
Vou ter prejuízo; óbvio que o cara não vai pagar. Quem tem trinta mil na conta mora num morro?
Resolvo na base do tiro mesmo, foda-se; quem compra já sabe como funciona, pô.
Deixo o caso do Eric para amanhã e vou para casa. Já me estressei o suficiente hoje.
Em casa, encontro Agatha sorridente no sofá, mas seu sorriso desaparece ao notar minha presença.
— Se liga, Agatha. — Fuzilei ela, e Agatha mostrou a língua, subindo para o quarto.
Subi para o meu quarto e fui direto para o banheiro tomar um banho.
Hoje tem um pagode na quadra, mas confesso que não estou com ânimo para sair; estou cansado.
Terminei o banho, vesti uma bermuda preta, uma blusa branca da Lacoste no ombro, minhas correntes, anéis e, por fim, meu boné da Lacoste.
Pai é bonitão, fi, esquece. — Pensei, encarando-me no espelho.
Coloquei meu radinho, o fuzil na cintura e minhas Kenner, saindo do quarto.
Fui ao quarto de Agatha, abri a porta sem bater, encontrando-a olhando para roupas na cama.
— Vai ao pagode? — Ela olhou para mim e concordou com a cabeça. — Passo para te buscar às 21h; se não estiver pronta, vai a pé. — Ela revirou os olhos e concordou novamente.
Saí do quarto dela, deixando a porta aberta só para irritá-la; ouvi xingamentos e uma porta batendo no corredor.
Saí de casa e decidi passar na Dona Márcia para almoçar; a comida lá é ótima, e estou faminto.
No caminho, encontrei LL e JV, que logo se convidaram para almoçar comigo.
Maria Júlia.
A aula terminou, e fui direto para o bar. Cumprimentei Dona Márcia ao chegar e fui me trocar. Trabalhava como atendente, mas às vezes ficava no caixa.
Encostada na bancada, vi Chefin, LL e JV entrando; eles se sentaram, e respirei fundo antes de atendê-los.
— Boa tarde, como posso ajudar? — Perguntei educadamente.
— Um litrão e aquela comida boa da Dona Márcia. — Anotei, concordando, e sorri antes de sair quase correndo.
Entreguei o pedido na mesa deles e atendi outros clientes.
O resto do dia foi assim, atendendo mesas e olhando para o nada. Agora, terminando de limpar as mesas, tirei meu avental e fui me trocar. Cruzei com Dona Márcia.
— Já estou indo, Dona Márcia.
— Certo, minha filha, se cuida.
— Pode deixar! — Beijei-a.
Saí do bar com minha bolsa nas costas e fui a pé para casa. Já passavam das 20h, e a rua estava movimentada.
Cheguei em casa, abri a porta e encontrei meu irmão de olhos vermelhos no sofá. Tentei sair despercebida, mas foi em vão.
— Onde pensa que vai, Maria Júlia?
— Eu… eu estava indo para o meu quarto — gaguejei.
Por que não consigo enfrentá-lo?
— Você vai pagar a minha dívida com o Chefin, entendeu?
— Mas... O dinheiro que ganho mal dá para o aluguel e comida.
— Não perguntei, você vai pagar, não importa como.
— Eu não vou pagar nada; a dívida é sua, não minha. — Minha bochecha ardeu, e os olhos encheram d'água.
— Olhe como fala comigo, ou bato de novo. — Engoli em seco. — Você vai pagar, certo? — Ele passou a mão por mim.
— Vou. — Falei em um sussurro, segurando as lágrimas.
— Ótimo! — Afastou-se e saiu de casa.
Corri para o meu quarto, trancando a porta, e sentei na cama, chorando.
Por que isso está acontecendo comigo? Eu nunca fiz mal a ninguém.
Entre lágrimas, acabei dormindo.
• aperta na estrelinha •
Lucas Santiago, Chefin
28 anos.
YOU ARE READING
Vendida ao Traficante
FanfictionUma história sobre o amor, ou dor! Iníciciada: 28/08/22 Finalizada: 10/12/22