33. Silvio Bragança

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Segunda-feira, 07 de março, 2022

15:01

O tablet foi posto sobre a mesa e arrastado com o dedo indicador de Eduardo para mais perto de Silvio e seu advogado.

Nele passava um vídeo em loop de mais ou menos três minutos; uma rua escura e vazia, na penumbra dos postes um carro com o farol baixo se aproximava, andou lentamente de uma esquina a outra da rua, fez o retorno e voltou para a frente da casa do Duarte, depois de alguns segundos no portão ele entrou.

O vídeo foi cortado para uma hora mais tarde, nele voltava a mostrar o carro saindo da mansão do mesmo jeito que entrou, farol baixo, deslizando pela rampa do estacionamento lentamente.

Quando viu o vídeo se repetindo mais duas vezes Silvio sorriu.

– Não entendo o porquê disso ser importante para a situação do meu cliente - Disse o advogado enquanto analisava o vídeo mais uma vez – Ele foi chamado aqui pela acusação de tráfico de drogas.

– O delegado Barbosa, responsável pelo caso dele, logo vai atendê-lo - Eduardo Royal recostou na cadeira – Só queremos aproveitar Silvio aqui para esclarecer mais algumas coisas sobre o caso Duarte.

– Mais coisas? - O primeiro-cavalheiro deu um sorriso sarcástico – O que eu tinha respondido não foi o bastante?

– O carro que entra na mansão do Duarte, reconhece-o? - perguntou Royal.

Silvio pareceu pensativo.

– Nunca o vi - disse de uma única vez.

– Engraçado você dizer isso - Royal abriu a pasta e tirou de dentro um papel, estendeu-o na direção de Silvio e do seu advogado.

– Um depoimento - O advogado disse o óbvio – Melina Almeida. Esse nome é familiar?

Silvio esbugalhou os olhos, ajeitou o corpo na cadeira e afrouxou o nó de sua gravata.

– De novo essa garota?

– Ela fez um boletim de ocorrência a alguns dias - murmurou Eliza – Invadiram a sua casa, reviraram os móveis e deixaram janelas e a porta quebrada; isso foi no mesmo dia que sofri uma tentativa de homicídio. Ela acredita que a invasão em seu apartamento pode ser uma ameaça.

– E deixe-me adivinhar: Ela acha que fui eu?

– Não excluímos nenhuma hipótese - Eliza suspirou.

- Também acha que a tentativa de homicídio que sofreu foi minha culpa?

Elizabeth mordiscou os lábios, decidida a não responder.

– Macxuel Santos tem bastante a dizer sobre você - Foi Eduardo quem respondeu – O garoto, assim como o seu tio, participaram do ocorrido. O tio morreu e ele foi levado para uma instituição de acolhimento para jovens infratores. Temos provas de que o tio foi pago para cometer o crime, e o garoto diz que foi você.

– Está baseando as suas provas nas palavras de um menor delinquente? - O advogado disse aquilo em alto e bom som, num tom que mais parecia incredulidade.

– Não podemos excluir nada - Elizabeth respondeu um pouco carrancuda – Não conhece mesmo o carro nas filmagens?

Silvio balançou a cabeça em negação.

- Leia as palavras marcadas do depoimento da senhora Melina - ela disse para o advogado.

– "Ele comprou a Porsche no aniversário da esposa. Cinquenta anos, eu acho. Era linda, azul marinho. Lembro de cada detalhe daquele carro, ele deixou que eu dirigisse enquanto estávamos de férias em Porto de Galinha. Quase bati a máquina num poste umas três vezes, confesso que em uma delas foi por pura inveja. O carro era lindo e eu merecia um também. Ele me beijou e prometeu que me daria um mil vezes melhor e bem mais cara do que o dela. [risos] Sabe o que me deixou mais indignada nisso tudo? É que Marta não suporta dirigir. O carro fica guardado em seu estacionamento desde que ganhou." - O advogado limpou a garganta e tirou os olhos do papel – Tem algum fundamento que prove esse depoimento?

O Misterioso Caso Duarte [Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora