10. O Poço

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~Notas do autor~

O capítulo que está prestes a ler pode conter descrições de estrema violência, ofensas verbais, violência física e sexual, e não deve ser lido por pessoas sensíveis.

Segunda-feira, 14 de Fevereiro, 2022

16:53

Não soube o momento exato que concordou com aquilo, mas quando menos esperava, estava cavalgando bosque adentro.

Começou com trotes medianos, como uma lenta caminhada, para aos poucos voltar a se acostumar com a sensação de ter uma sela entre as pernas, e o movimento do animal. Quando menos esperou, estava batendo com os estribos na barriga do cavalo, forçando Orpheus a aumentar seus passos.

- Você está se animando - Alan disse aquilo sorrindo. Dorothy atravessou seu caminho como um borrão marrom, e tudo o que Nicholas viu foi Alan aos riso, vários passos à frente - Corrida até o lago, se conseguir vencer eu te dou um presente! - Gritou.

Não restou para Nicholas outra opção se não bater mais algumas vezes com o estribo no cavalo. Orpheus relinchou e disparou, o som das patas afundando na terra o relaxou, e o vento no rosto trouxe uma leve sensação de liberdade.

Nicholas gritou de alegria, sentindo-se animado pela primeira vez em muito tempo. Alguns cinco metros à frente, Alan respondeu o seu grito de liberdade com um novo, misturado com uma gargalhada.

Estava a quase três metros do seu adversário quando Alan virou o seu cavalo repentinamente, desaparecendo na mata à sua esquerda. Nicholas puxou a rédea do seu animal, o forçando a diminuir os passos, e de repente se viu engolido pelas árvores, adentrando ainda mais fundo naquela mata, com uma explosão de coragem no estômago.

- Alan? - Gritou quando o cavalo e o menino desapareceram de seus olhos.

As árvores ali se espremiam umas nas outras, sendo quase impossível de dividir o espaço com um cavalo e um cavalheiro montado, e o terreno tornou-se íngreme e perigoso, por isso Nicholas preferiu descer da sela e puxar as rédeas.

- ALAN!

- Aqui! - ele gritou de algum lugar à sua frente.

Havia uma clareira onde Alan se escondia. Encontrou ele também desmontado, dando água a seu cavalo de um córrego que cortava o lugar.

Nicholas aproximou-se vislumbrando o lugar, no meio de tudo uma construção cilíndrica de tijolos batidos, não tendo mais do que um metro.

- Você desapareceu - Nicholas disse.

- Eu sei, foi mal - Alan respondeu aquilo sorrindo, subindo os degraus até aquele poço - Dorothy ficou com sede e eu parei aqui para ela beber água.

Nicholas amarrou Orpheus numa árvore próxima e se aproximou da construção, era larga como um balde, o fundo estava coberto pelo negrume da escuridão, e quando o vento atravessava a boca, o poço respondia com um assobio.

- Não sabia que tinha um poço no meio do mato - Nicholas murmurou.

- Dizem que é mal assombrado - Alan revelou aquilo com um sorriso nos lábios. Nick ergueu uma das sobrancelhas em sua direção - Cem anos atrás, quando a escola era um único prédio, e não haviam muros para cerca-lá, uma onda de desaparecimentos intrigou os alunos e professores do Rival. Um aluno desaparecia toda noite de lua cheia, deixando tudo para trás, ninguém sabia ao certo o que houve com eles
Até que espalharam rumores de que as noites, ouviam os chamados na mata, que seguiam até o poço. Descobriram que os chamados vinham lá do fundo.

O Misterioso Caso Duarte [Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora