13. A Culpa É Sua

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~Nota do autor~
O capítulo que está prestes a ler pode conter descrições de extrema violência, ofensas verbais, violência física e sexual, e não deve ser lido por pessoas sensíveis.

Terça-feira, 22 de Fevereiro, 2022

09:43

O prato descartável com a fatia de bolo foi colocado ao seu lado, obrigando Nicholas a tirar os olhos da tela do notebook com o poema da matéria do dia seguinte pela metade. A fatia de torta de chocolate brilhava com o toque da luz, com uma grossa camada de doce de coco entreposta em duas fatias grossas de mousse de brigadeiro, no seu topo havia morangos e uma camada generosa de chantilly.

Nicholas subiu um pouco mais a visão para encontrar quem trouxe aquela fatia, e viu Alan esbanjando um largo sorriso de desculpas.

- Sei que não vai trazer o pingente da sua mãe de volta - Ele disse - Mas espero que pelo menos sirva como pedido de desculpas.

Nicholas voltou a escrever o poema no notebook, ignorando completamente a presença do Lundgren. Ele, negando-se ao fracasso, se sentou ao seu lado, colocou a colher descartável entre os dedos e provou o bolo.

- É a melhor torta da cantina - Continuou dizendo - Não duram dez minutos quando as fatias são colocadas à venda, precisei acordar bem cedo e enfrentar uma fila enorme para pega-lá - Em troca do que disse, recebeu o silêncio - Nick, por favor, pelo menos olhe para mim.

Nicholas revirou os olhos, tirando-os novamente da tela, e encarou Alan. Estava o ignorando desde o acontecido no poço, e com razão.

Alan deveria ter-lhe contado que era irmão do Alex. Evitaria tanta coisa. Se tivesse dito, Nicholas nunca teria aceitado ir para aquele clube de hipismo idiota, cavalgado até o poço e perdido a única lembrança que tinha da sua mãe.

Levou a mão até o pescoço, de encontro ao pingente que não estava mais lá, uma mania involuntária que acontecia sempre que pensava em sua mãe.

Foi o último presente que me deu, pensar naquilo deixava-o triste. Prometeu que enquanto eu tivesse o pingente, ela sempre estaria comigo.

Depois do que aconteceu, não era incomum sentir a tristeza dissolvendo no coração até se tornar raiva. E naquele momento, Nicholas sentia muita raiva.

De si mesmo principalmente.

Como eu pude ser tão burro? Estava claro a semelhança dos dois. O mesmo cabelo, os mesmos olhos e o mesmo maldito sorriso sádico no rosto.

Engoliu em seco, respirou fundo e voltou ao trabalho no notebook. Alan permaneceu sentado ali por mais alguns minutos, quase todos os dias fazia aquilo, na esperança de um perdão.

- Eu não sou um cuzão igual o meu irmão - Ele disse aquilo respirando fundo - Espero que algum dia me perdoe por ter escondido isso. Não vou desistir de ser seu amigo - Se levantou e sentou na sua cadeira do outro lado da sala de jornalismo.

Nicholas pegou a fatia do bolo e a jogou no lixo. Na hora aquilo pareceu tão certo, mas momentos depois, quando voltou a pensar naquilo, sentiu-se extremamente culpado, principalmente depois de ter visto a cara de tristeza que Alan lhe deu.

Quarta-feira. 23 de Fevereiro, 2022

08:10

A primeira aula do dia era de química avançada. Nicholas nunca foi bom na matéria, mas era uma das suas aulas preferidas, pois dividia a sala com Felipe.

O Misterioso Caso Duarte [Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora