𝗫𝗩𝗜𝗜 - Á𝗴𝘂𝗮𝘀 𝗣𝗮𝘀𝘀𝗮𝗱𝗮𝘀

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══════ • Há 24 anos • ══════

- Eu lhe lanço uma rajada do meu poder de apoio. - Uma versão criança de Talik falava, gesticulando os dedos em direção à Ayisha.

- Obrigada... - Ayisha, com dez anos, pausava um pouco para respirar. - Por nada!

Ela estava em um buraco grande, mas não muito profundo. Ayisha entrara ali para resgatar um filhote de Listrossauro. A mãe do pequeno herbívoro estava em cima de um terreno com grama, olhando para baixo para enxergar sua cria que ainda se encontrava no tal buraco. Ao lado da mãe, estava Talik, acariciando-a.

Ayisha colocara o filhote em uma espécie de mochila, depositando todo o peso do animal em suas costas. O Listrossauro era naturalmente pequeno e consequentemente, não tão pesado. Um filhote deveria ter entorno de 30 quilogramas. Contudo, para Ayisha era um desafio enorme carregá-lo em suas costas, enquanto escalava uma parede rochosa para chegar à superfície.

Ela apoiava seus pés e mãos nas rochas mais firmes e elevadas. Talik a observava de cima, divertindo-se com a situação. Ajudar dinossauros era uma atividade comum para os Octonheinianos. Porém, o que antes era motivo de descontração, começa a se tornar mais agravante.

Ayisha já estava quase saindo do buraco, quando começa a suar frio e a sentir suas forças se esvaindo.

- Acho melhor eu ir até a fazenda e arranjar uma corda. Você não vai conseguir sair assim! - Talik estava se preparando para correr aceleradamente até a sua casa, quando fora interrompido.

- Não! Eu... - Ayisha pausava outra vez para respirar ofegantemente. - Con... si... - Antes de finalizar o verbo, ela aproveita para subir mais um pouco e então estende sua mão para o alto. - ... go. - Finalizava ela ao ver Talik pegando sua mão para ajudá-la.

Fazendo força, Talik consegue puxar Ayisha para fora do buraco. Ela cai de bruços na grama, deixando que Talik retirasse o filhote de sua mochila improvisada. Ao sentir suas quatro patas tocarem o chão, o inofensivo Listrossauro vai ao encontro de sua mãe, que esfrega o bico na cabeça de sua cria, como um gesto de carinho.

- Prometo que da próxima vez serei eu que farei o serviço sujo. - Talik

- Eu sei. Porque vou te matar se não fizer! - A voz de Ayisha saía abafada, pois sua cara estava afundada na grama.

- Você anda muito preguiçosa. Bora se levantar! Tive uma ideia genial de brincadeira! - Talik esfregava as duas mãos como um gênio maligno pronto para revelar seu plano mais nefasto.

══════ • Há 12 anos • ══════

A cada investida realizada, vários estilhaços de madeira saltavam para longe. Ela golpeava uma árvore, um vidoeiro-branco, acertando-lhe socos consecutivos. Era uma forma agressiva de desestressar.

Ayisha abandona tal atividade, deixando a árvore parcialmente detonada e levando alguns machucados nos dedos. Afastando-se do aglomerado de vidoeiros, ela alcança a fazenda que, naquele momento, era também seu lar.

Na varanda do casarão principal, um homem de cabelos escuros, mas parcialmente grisalho, alimentava um grupo de Composognatos com algumas migalhas. Os dinossaurinhos preferiam insetos ou algo mais saciável, porém se contentavam com quase qualquer coisa, característica que adquiriram ao longo dos milhões de anos.

Primal Kingdom - Um Reino de 65 Milhões de AnosWhere stories live. Discover now